O trabalho da mulher em serviços florestais
A Associação de Contratistas Florestais AG, ACOFORAG, considerou de grande interesse a realização de uma primeira pesquisa sobre a real participação das mulheres no setor de contratadas florestais. Por meio de uma pesquisa online dirigida a 29 empresas via e-mail e WhatsApp, buscou-se obter uma aproximação das características do trabalho delas em um setor tradicionalmente dominado por homens.
A pesquisa demorou entre 15 a 30 minutos para ser respondida e foi realizada entre 20 de outubro e 1º de dezembro de 2021, obtendo-se uma taxa de resposta de 28,7%, o que está dentro do esperado para pesquisas complexas.
Este artigo é o primeiro de dois que analisará os resultados e a situação da participação da mulher no setor de contratadas florestais, abordando aspectos gerais como o tipo, a localização e o tamanho das empresas onde elas trabalham. Também se comparam esses dados com os de seus colegas masculinos, a fim de identificar se existem diferenças significativas entre os sexos em termos de participação.
Os resultados mostram a participação global de homens e mulheres no setor de contratadas florestais, sendo 96% e 4%, respectivamente. Ou seja, o setor florestal, em geral, é altamente masculinizado; pode-se dizer que, em média, existem 95 trabalhadores por empresa, enquanto há em média 4 trabalhadoras por empresa. Outra informação importante é revelada pelo desvio padrão, que indica uma alta dispersão de trabalhadores: ou seja, podem existir frequentemente empresas com menos de 10 pessoas, assim como aquelas com até 200 pessoas. No caso de organizações com trabalhadoras, é muito mais comum encontrar empresas que têm entre 1 a 7 mulheres, sendo o valor típico (a moda, valor que mais se repete em uma distribuição de dados) de três mulheres por empresa.
Em geral, a maior parte das empresas florestais que participaram do estudo eram de colheita mecanizada (51,7%) e de transporte florestal (20,7%). Empresas de silvicultura (17,2%) e de outros tipos (17,2%) também estiveram amplamente representadas. Ou seja, a maioria das empresas da amostra eram aquelas que realizam operações primárias na floresta, com forte presença de mecanização e pessoal adaptado a maquinários complexos de operar.
Em termos de localização, a maioria das empresas da amostra selecionada (55,2%) pertencia à região de Biobío (Tabela 3), seguida por Ñuble (17,2%) e pelas regiões de La Araucanía (10,3%) e Los Lagos (10,3%). Se considerarmos que, até pouco tempo atrás, a região de Ñuble fazia parte de Biobío, pode-se dizer que 72,4% das empresas tinham sua matriz na antiga região de Biobío.
O Serviço de Impostos Internos (SII) fornece uma classificação útil por vendas anuais para determinar o tamanho da empresa. Assim, a maioria das empresas contratadas florestais (68,9%) da amostra selecionada estava na faixa de média a grande empresa. Apesar do volume de faturamento impressionante, isso não reflete de forma alguma os lucros reais das empresas, nem as perdas sofridas pelo setor devido à insegurança vivida na zona sul nos últimos anos.
Em outro aspecto, a maior parte do pessoal masculino (81,4%) concentra-se na área de operações, enquanto a maioria do pessoal feminino (71,1%) está na área administrativa. Vale destacar que a área de prevenção de riscos e meio ambiente é majoritariamente ocupada por mulheres (4,1%), com uma participação relativa menor (1,5%) dos homens, embora em termos absolutos haja mais homens que mulheres. Como mencionado no início, o setor de contratadas florestais é fortemente masculinizado, havendo no total 2.592 homens (95,5%) contra 121 mulheres (4,5%).
O estudo também mostra o tipo de contrato predominante segundo o sexo do pessoal contratado florestal e reflete que a grande maioria (89,7%) – em ambos os sexos – tem contrato indefinido, sem grandes diferenças práticas no tipo de contrato por sexo. Ou seja, independentemente de ser homem ou mulher, há 90% de probabilidade de ter um contrato de caráter indefinido em uma empresa contratada florestal.
Uma alta proporção (48,3%) das empresas não tem mulheres em cargos diretivos ou de responsabilidade. É importante destacar que 24,1% das empresas do setor de contratadas florestais têm mulheres como gerentes de nível médio e, notavelmente, 37,9% têm mulheres como sócias ou diretoras de sociedades empresariais. Deve-se ter cautela com este último dado, pois o fato de quase 40% das mulheres participarem de uma sociedade não significa que tenham participação real nos conselhos dessas sociedades.
Como conclusão geral da primeira parte deste artigo, pode-se afirmar que, em geral, ainda há uma participação laboral feminina muito baixa – não ultrapassa 5% – no setor de contratadas florestais chileno. Em geral, as empresas florestais onde as mulheres trabalham são de médio a grande porte e, embora haja cada vez mais mulheres em sociedades empresariais, isso não significa que tenham um papel ativo nessas sociedades. Por fim, cabe ressaltar que a maioria (71,1%) das mulheres que trabalha em empresas de serviços florestais ocupa cargos administrativos, ou seja, fora das operações de campo na floresta. Na verdade, apenas 15,7% do pessoal feminino participa da área de operações florestais.
Na segunda parte deste artigo, na próxima edição da revista digital Contratistas Forestales, abordaremos a relação entre rendimentos, faixa etária e sexo dos trabalhadores florestais, para responder à questão de se existe, por exemplo, a conhecida lacuna de gênero no setor de contratadas florestais. Ou se também existe algum tipo de lacuna em termos de idade do pessoal das empresas florestais. Por fim, extrairemos algumas conclusões relevantes derivadas dos resultados desta primeira pesquisa sobre a participação das mulheres no setor de contratadas florestais chileno.