A realidade da cobertura de seguros para caminhões e máquinas florestais
Os atos de violência atribuídos por gangues organizadas no sul do país impactaram fortemente a indústria seguradora, que endureceu as condições para a venda de seguros principalmente na região de La Araucanía, restringindo as coberturas e aumentando os prêmios em apólices que protegem veículos e maquinários pesados.
Na indústria seguradora já se fala em zonas excluídas ou "vermelhas", e ninguém ligado ao setor florestal se surpreende com isso. Segundo o sindicato dos Contratistas Florestais, no primeiro semestre de 2022, foram incendiados e destruídos 231 equipamentos, entre caminhões, skidders, carregadores e torres de extração de madeira, entre outros.
Por isso, existem companhias que já impõem restrições de cobertura nas regiões de La Araucanía e Biobío, uma zona de "exclusão" que se estende para regiões mais ao sul. Essas restrições afetam o seguro de capital de trabalho florestal nessas áreas, embora algumas analisem "caso a caso", dependendo do "blindagem" do equipamento, aplicando limites e franquias mais altos. Geralmente, as apólices mais afetadas são as de incêndio, equipamentos móveis e veículos.
Rodrigo Hernández é gerente e fundador da RHL Seguros, empresa com mais de 25 anos de experiência, a primeira a buscar soluções específicas para a indústria florestal. "Em 2001, um grupo de empresários do ramo me pediu coberturas que o mercado de seguros tinha pouco desenvolvidas. Não estavam disponíveis nas companhias nem eram promovidas, pois eram seguros com baixa demanda, como apólices de responsabilidade civil. Não conheciam o setor florestal e não entendiam que havia evoluído para operações mais mecanizadas. Ainda achavam que era um setor de alto risco, então criei um produto para contratistas florestais, inicialmente com exclusividade de venda, que depois se tornou mais massivo", lembra.
O que o mercado de seguros pode oferecer hoje aos contratistas florestais, 20 anos depois?
Vou falar por nós. Não conheço bem a operação de outras corretoras, mas temos anos de experiência e conexões com organismos internacionais de resseguro especializados em alto risco, o que nos permite oferecer soluções para problemas iminentes do setor florestal. Por exemplo, quem tem dois ou três caminhões segurados ainda tem cobertura contra ataques incendiários, mas isso está acabando.
Acredito que nenhuma seguradora oferece apólices que cubram sinistros por ataques incendiários a frotas ou pequenos números de caminhões no sul, devido ao risco político, que inclui sabotagem, terrorismo, atos maliciosos e tumultos.
O risco político hoje inviabiliza seguros para frotas de caminhões. Poucas seguradoras, as mais experientes, assumem parte do risco se a frota for grande e o prêmio relevante, mas não há cobertura se o equipamento operar do Biobío para o sul. O rio é usado como fronteira para avaliar o risco. A apólize especifica que, se os caminhões operarem em cidades como Collipulli, Curacautín, Lumaco, Capitán Pastene, Contulmo, Tirúa ou Temuco, não há cobertura. As poucas seguradoras que cobrem em todas as áreas pagam apenas 50% do valor em caso de perda.
Isso significa que, se um caminhão de US$120.000 for queimado no primeiro ano, a seguradora paga metade, sem IVA, resultando em cerca de US$50.000, sem considerar o tempo de avaliação do sinistro ou a reposição do equipamento.
Outra característica dos seguros no sul é que a apólize para equipamentos móveis florestais e agrícolas é única, válida de setembro a setembro, para promover associatividade e melhorar condições e tarifas que as seguradoras limitaram há anos.
Uma situação insustentável
Para Hernández, a situação é complexa e preocupante para o Chile, pois os resseguradores internacionais sabem que há desordem em termos de segurança e narcotráfico. "É um trabalho difícil mostrar que buscamos soluções para proteger o patrimônio segurado. Minha preocupação é tornar o seguro florestal sustentável, pois nossa corretora tem expertise em transporte, colheita, estradas e infraestrutura."
Quais são as projeções para esse tipo de seguro?
Nossa carteira tem muitos clientes florestais, então buscamos manter o negócio viável. Por meio de uma subsidiária de tecnologia, desenvolvemos soluções para tornar o setor atrativo para seguradoras, evitando perdas totais. Um sistema de supressão de incêndios intra-cabine, recentemente testado e certificado, pode reduzir perdas e permitir franquias e prêmios mais favoráveis.
Sistema de Supressão de Incêndios da FT Systems A FT Systems desenvolveu um "chuveiro de cabine" que lança água, espuma ou pó seco durante ataques incendiários. "O sistema é eficaz e custa US$1.000, contra US$10.000 no mercado. Quem tiver o kit instalado pode obter franquias menores e taxas mais baixas na renovação da apólize", explica Hernández. Como o principal dano de um incêndio é a paralisação, o sistema minimiza os prejuízos. "Testes mostram que, trocando o assento e alguns componentes, a máquina volta a operar em 10 dias, sem franquia. Isso evita esperar um mês pela reposição, que é limitada", conclui Rodrigo Hernández. |