Ataques, incêndios e roubos: Os números de atentados e o que se espera para 2023
Nesta terça-feira, o terreno Araucana, localizado na estrada entre Los Álamos e Cañete, em Arauco, registrou o primeiro ataque de 2023 contra empresas florestais. Seis indivíduos encapuzados e armados invadiram o local, resultando na queima de um trator florestal e uma caminhonete, além do roubo de quatro motosserras. Isso pôs fim ao recorde de 16 dias sem atentados florestais, que marcava o melhor início de ano desde 2014.
Os números registrados pelo setor
René Muñoz, gerente da Associação de Contratistas Florestais (Acoforag), afirma que, dos 430 atentados registrados pelo sindicato entre 2014 e 2022, o ano passado foi o mais violento, com 106 atentados. Desses, 104 ocorreram na Macrozona Sul, um na região de Ñuble e um na região de O’Higgins.
Além disso, Muñoz afirma que 2022 marcou o mês mais violento em nove anos, com 17 atentados apenas em abril, ou seja, a cada 1,8 dias (em média) uma operação florestal era atacada, um caminhão era queimado em uma via pública ou um ônibus que transportava trabalhadores florestais era alvejado.
Desde 2014, explica o especialista, a curva de atentados tem aumentado de forma constante e sustentada, com cinco atentados naquele ano, até chegar a 2022 com os 106 já mencionados.
O gerente da Acoforag destaca que toda essa violência deixou um rastro significativo de destruição, incluindo impactos importantes como:
• A afetação de 41.000 trabalhadores florestais e suas famílias, o que significa que, em nove anos de conflito, aproximadamente 120.000 pessoas que vivem na Macrozona Sul, ligadas ao setor florestal, foram envolvidas.
• 400 contratistas florestais foram afetados por esses ataques de grupos armados.
• Uma média mensal desde 2014 de quatro atentados, ou seja, a cada 7,5 dias um contratista florestal era atacado, com seu patrimônio e projetos destruídos.
• Entre 2014 e 2022, foram destruídos e queimados 1.540 caminhões e equipamentos florestais (32% caminhões e 68% equipamentos florestais).
Em relação à violência rural, no ano passado, o Ministério Público de Alta Complexidade de La Araucanía trabalhou em 68 casos ligados à categoria "florestal", incluindo ameaças (4), danos (1), disparos injustificados (1), homicídio (1), incêndios (43), roubo ou furto (13) e usurpação (5).
O presidente da Multigremial de La Araucanía, Patricio Santibáñez, afirma que os atentados se concentram principalmente na província de Malleco, em La Araucanía, e na província de Arauco, na região de Biobío. Ele também ressalta que, em 2022, houve o maior número de atentados incendiários contra a Região de Los Ríos.
“A ausência do Estado, a fiscalização insuficiente e a falta de proteção policial permitiram o aumento de grupos radicalizados. Hoje existem seis organizações que reivindicaram ataques a empresas e contratistas florestais: Coordenadora Arauco Malleco, Weikan Auka Mapu, Coordenadora Mapuche Malleco, Resistência Mapuche Lafquenche, Resistência Mapuche Malleco, Liberação Nacional Mapuche”, diz Santibáñez.
Quanto às perdas monetárias, René Muñoz afirma que, em nove anos (2014 a 2022), os números chegam a um total de 174.195 milhões de pesos, apenas por equipamentos destruídos. Segundo a Acoforag, os anos com maiores perdas foram:
• 2020, com uma perda anual de 35.676 milhões.
• 2021, com um total de 41.422 milhões em perdas.
• 2022, que atingiu 39.766 milhões.
Possíveis medidas e projeções para 2023
Muñoz destaca a importância da Lei de Roubo de Madeiras, que tipifica essa ação como crime e aumenta as penas para os infratores, argumentando que essa norma melhorou a eficácia com que o Ministério Público enfrenta esses casos.
Além disso, o gerente da Acoforag afirma que há uma maior condenação social ao clima de violência na região, com o uso de termos como "terrorismo e delinquência". Ele ressalta que houve importantes prisões de terroristas e grupos ilegais envolvidos no roubo de madeira, prevendo um futuro otimista.
“É essencial incorporar novas leis que complementem o trabalho da polícia e do Ministério Público, como a lei de usurpações e a lei de infraestrutura crítica. Com isso, esperamos continuar desarticulando essas bandas terroristas e grupos armados que encontraram na Macrozona Sul seu campo de atuação”, diz Muñoz.
Patricio Santibáñez afirma que, este ano, já são visíveis os efeitos da implementação de medidas eficazes contra a violência. Ele explica que o Estado de Emergência e a Lei do Roubo de Madeira permitiram desmantelar e retirar de circulação as máquinas usadas nesses crimes. Além disso, o presidente da Multigremial de La Araucanía ressalta a importância de iniciar um diálogo entre todos os envolvidos, incluindo prefeitos, governadores, vítimas, mapuches e não mapuches.
"Acreditamos que é crucial avançar na agenda legislativa que aborda esses graves problemas, como a regulamentação da Lei de Roubo de Madeira e projetos de lei sobre usurpações e infraestrutura crítica, considerando os bons resultados já observados com a vigência parcial da lei de roubo de madeira", afirma Andrés Meneses, gerente de estudos da Corporação Chilena da Madeira (Corma).
Marco Zecchetto Rocco, publicado emwww.emol.cl