INDH: Conflito no sul afeta direitos humanos de agricultores e sindicatos
- Por meio de uma declaração pública, a Associação Sindical de Contratistas Florestais afirmou que: "Foram 10 longos anos esperando que o Estado, através de suas instituições, encontrasse uma verdade muito conhecida por nós e que afetava todos os habitantes da Macrozona Sul do país".
O Instituto Nacional de Direitos Humanos afirmou que o conflito de terras e os atos de violência na Macrozona Sul estão afetando garantias fundamentais tanto da população indígena quanto não indígena, e a resposta estatal a esse problema tem sido caracterizada como "insuficiente".
Segundo informou El Mercurio, o Conselho do INDH aprovou por unanimidade o documento "Relatório sobre Violências Percebidas na Macrozona Centro-Sul 2023", que coletou dados estatísticos, da imprensa e entrevistas em campo realizadas durante os meses de julho e agosto de 2023.
O relatório foi enviado na última sexta-feira ao Presidente Gabriel Boric, ao Congresso e ao Ministério Público, e registra que, além de violar os povos indígenas, a "crise vivida na zona provocou uma afetação aos direitos humanos de atores não indígenas".
O texto aponta, detalha o jornal, "a afetação dos direitos humanos vivida por sindicatos e agricultores, entre outros atores não indígenas", em um contexto de "violências complexas, dinâmicas e persistentes".
"A RESPOSTA DO ESTADO CONTINUA SENDO INSUFICIENTE"
O INDH lembra que "é uma obrigação do Estado fornecer condições de segurança a todos os habitantes do território, já que a afetação a esse direito altera o livre exercício de outros direitos humanos, como, por exemplo, a educação, a liberdade religiosa, a livre circulação e residência, propriedade, entre outros".
"Nesta zona do país, experimentam-se múltiplas expressões de violência, (como) a violação do direito à liberdade religiosa devido aos ataques contra locais sagrados indígenas e igrejas cristãs", exemplifica.
O documento também ecoa os "relatos divergentes sobre a propriedade das terras em disputa, que derivam em acusações de usurpação", e as "múltiplas violações de direitos entre particulares, onde a resposta do Estado continua sendo insuficiente".
Em resumo, o cenário nessas regiões do Chile é de "múltiplas violações de direitos a diversos grupos sociais e étnicos da zona", conclui.
SENADORA ARAVENA: O ESTADO TORNOU INVISÍVEIS AS VÍTIMAS
O documento do INDH foi valorizado pela senadora republicana Carmen Gloria Aravena, que representa na Câmara Alta a Região de La Araucanía.
"Acho que há dois aspectos de grande relevância abordados neste relatório: um deles é que se reconhece a situação de violação dos direitos humanos das vítimas não mapuches que, há 27 anos, são afetadas pela atuação de organizações radicais que operam na Macrozona Sul", expressou.
Segundo a parlamentar, "durante anos, o Estado tornou invisíveis milhares de pessoas —incluindo membros do povo mapuche—, que sofreram com a violência e insegurança instaladas principalmente em Biobío, La Araucanía e Los Ríos".
"Não se deve distinguir se as vítimas são ou não de origem mapuche, já que a violência imposta por esses grupos as afeta da mesma forma e é transversal. Aqui, são necessárias medidas e um trabalho multidimensional, que é o que estamos abordando na Comissão para a Paz e o Entendimento", acrescentou Aravena, que integra a referida instância convocada pelo Governo, que começou a trabalhar em junho.
CONTRATISTAS FLORESTAIS: "VERDADE IRRESPONSÁVELMENTE ESCONDIDA POR TANTO TEMPO"
Também reagiu ao relatório do INDH, por meio de uma declaração pública, a Associação Sindical de Contratistas Florestais: "Foram 10 longos anos esperando que o Estado, através de suas instituições, encontrasse uma verdade muito conhecida por nós e que afetava todos os habitantes da Macrozona Sul do país".
Segundo a organização, "são 46.000 trabalhadores florestais e 460 contratistas florestais afetados por essa verdade irresponsavelmente escondida e usada politicamente por tanto tempo".
"Valorizamos a conclusão oferecida por este relatório, que vem a remediar moralmente, em alguma medida, tantas perdas, tanto sofrimento e tanta dor", afirma o documento.
"Esperamos que, com esta informação, o Estado entenda de uma vez por todas que não se constrói um país com parte de seu território mergulhado em uma lógica violenta e terrorista, mas sim que é seu dever garantir e fornecer as condições de segurança para que todos os seus habitantes possam trabalhar, empreender e transitar livremente", finaliza a Associação.
Fonte.www.cooperativa.cl