Gremio florestal: Com a condenação do filho de Llaitul, a eficácia judicial subiu para 0,85%
- Contratistas destacaram que é uma "boa notícia", mas lembraram que 99% dos ataques ocorridos na última década ficaram impunes.
A Associação Gremial de Contratistas Florestais comemorou, ainda que com uma crítica aberta à ineficácia do sistema judicial, acondenação a 15 anos de prisão recebida nesta quinta-feira por quatro integrantes da Coordenadora Arauco Malleco, incluindo um filho de Héctor Llaitul.
O Tribunal Oral em Matéria Penal de Los Ángeles sentenciou Ernesto Llaitul, Esteban Henríquez, Ricardo Delgado e Roberto Villouta a 10 anos de prisão como autores de dois homicídios frustrados, a quatro anos e seis meses pelo incêndio consumado de um caminhão e a 300 dias adicionais por incêndio tentado de outra máquina; atentados cometidos em setembro de 2021 no setor Paraguai da referida comuna.
"É uma boa notícia que se consiga condenar este grupo de delinquentes e terroristas que atentaram contra uma operação florestal na comuna de Los Ángeles, mas se olharmos para os números gerais, há (apenas) quatro atentados de 468 ocorridos em 10 anos em que há condenação, o que nos dá um resultado de 0,85 por cento de eficácia das promotorias", disse René Muñoz, gerente da Associação.
Essa ineficácia judicial "não é uma boa notícia e alguém tem que se aplicar (nas investigações), porque com este tipo de avanço, a verdade é que muitos dos crimes cometidos contra os contratantes e os trabalhadores florestais ficaram impunes", afirmou o dirigente.
Através de sua conta no Twitter, a Confederação Nacional de Donos de Caminhões enviou uma mensagem de "alerta" a seus associados -especialmente do sul-, já que a condenação em questão poderia gerar uma reação de "ataque de grupos violentos".
GOVERNO: "UM AVANÇO NA LINHA DO QUE QUEREMOS ALCANÇAR"
Do Governo, a delegada presidencial regional no Biobío, Daniela Dresdner, valorizou o resultado do processo, que -assegurou- "vai na linha" do que o Executivo espera que ocorra frente a este tipo de casos.
"Estamos muito de acordo e agradecidos por este processo ter passado por todas as etapas que tinha que passar e ter chegado a uma condenação que vai na linha do que temos trabalhado para oferecer segurança à cidadania", disse Dresdner.
"Não podemos permitir que haja impunidade com estes crimes, que são tão graves e que geraram tanto medo em nossa cidadania, provocando, além disso, uma desconexão com estas províncias. Portanto, isto é um avanço na linha do que queremos alcançar para que as pessoas que cometem crimes cumpram todas as penas que têm que cumprir e também para evitar que estas pessoas continuem cometendo estes crimes. Isto é o que aqui se demonstrou e é o que está sendo avançado", indicou a representante.
"A JUSTIÇA TARDA, MAS CHEGA"
O governador regional do Biobío, Rodrigo Díaz, também valorizou a sentença, que -afirmou- pune "pessoas que causaram muito dano por muito tempo".
O atentado deste caso "ocorreu no ano 2021, hoje estamos no ano 2023 e se cumpre o ditado: a justiça tarda, mas chega", comentou Díaz.
"Sem prejuízo de que possa haver outras instâncias de apelação, estamos convencidos de que a decisão do tribunal respaldou uma investigação muito séria feita pelo Ministério Público e que, como resultado, conseguiu-se uma condenação efetiva. Não é admissível ter vias violentas para obter um resultado supostamente legítimo", concluiu o ex-intendente.
Marcela Cartagena, promotora regional do Biobío, lembrou, por sua vez, as dificuldades envolvidas na investigação: "Nenhuma das vítimas destes crimes era capaz de reconhecer os autores do fato, que -como era e sempre foi seu costume- agiram encapuzados, com os rostos cobertos".
"Para obter provas de convicção, tivemos que utilizar diferentes mecanismos de investigação, distintas formas de vincular a prova e apresentá-la ao acusar, e finalmente estabeleceram-se bases sólidas para perseguir", explicou.
"OS MAIORES TERRORISTAS DO CHILE"
O deputado RN Miguel Mellado considerou, por sua vez, "extraordinária a sentença de 15 anos dada aos terroristas da CAM Ernesto Llaitul e seus cúmplices".
"Esta gente, a família Llaitul, os maiores terroristas do Chile, estão sendo presos, e isso é o que deve acontecer também com o principal líder, Héctor Llaitul, que vai se preparar o julgamento contra ele", disse o parlamentar, e indicou que com esta sentença "a gente vai ficar um pouco mais tranquila, porque o Estado de Direito volta à Macrozona Sul".
A senadora do Partido Republicano Carmen Gloria Aravena avaliou que "é um sinal positivo para o país que nesta causa se faça justiça e se condene com prisão efetiva de 15 anos aos autores".
"No Chile não pode continuar havendo impunidade para os criminosos, incluindo os integrantes das organizações radicais que operam na Macrozona Sul. (Esta condenação) é um avanço na necessária desarticulação destas organizações, se é que realmente se quer frear a violência que estes grupos impõem nesta parte do país... Este tem sido um esforço conjunto das polícias, do Ministério Público e dos tribunais, e deve-se continuar pelo mesmo caminho", concluiu a legisladora.
Fonte:www.cooperativa.cl