Nova temporada de incêndios se aproxima: estamos melhor preparados?
A temporada 2022-2023 deixou um lamentável recorde de 430 mil hectares queimados, resultado de quase 6 mil incêndios florestais no Chile. Após esses eventos devastadores, surge a pergunta: estaremos melhor preparados para a próxima temporada?
Embora os recursos públicos e privados destinados ao combate ao fogo tenham aumentado, especialistas como Ramón Figueroa, presidente do Departamento de Proteção de Florestas da Corma AG, alertam que ainda estamos longe das capacidades ótimas necessárias, considerando a crescente ameaça.
Alguns aspectos animadores
A temporada 2023-2024 é prevista inicialmente com uma menor ocorrência de incêndios, graças a precipitações relativamente normais, explicadas pelo fenômeno El Niño.
Além disso, espera-se contar com mais brigadas florestais trabalhando à noite, o que é crucial, já que cerca de 30% dos sinistros ocorrem durante a madrugada.
Outra novidade positiva é a instalação de mesas de trabalho entre autoridades públicas e empresas privadas para coordenar alertas precoces e respostas mais contundentes em períodos de alto risco.
Prevenção e comunidade: tarefas pendentes
Apesar desses sinais animadores, ainda há muito a avançar. Em parte porque no Chile continuará havendo pessoas que usam o fogo de forma negligente ou intencional: a grande maioria dos incêndios tem origem humana.
E nesse sentido, o grande déficit está na prevenção. Não se observam campanhas de comunicação massivas para educar a população, especialmente os mais jovens, sobre o gravíssimo dano causado pelos incêndios florestais. Essas campanhas não podem ocorrer apenas quando o verão se aproxima, mas devem ser permanentes.
Outra esperança está depositada na rede de prevenção comunitária de incêndios florestais, que atualmente conta com 450 comitês locais. Espera-se sua institucionalização para trabalhar de forma coordenada com apoio público e privado durante todo o ano, alertando e combatendo o fogo precocemente em seus territórios.
Aprendendo com os erros
O Chile parece estar avançando, mas não o suficiente. E é que no mundo não existem casos de sucesso absoluto. Como alerta Ramón Figueroa, por mais modernos e caros que sejam os meios tecnológicos, a fúria da natureza costuma ser incontrolável em situações extremas.
As chaves parecem estar – mais do que em métodos sofisticados de extinção – na prevenção social, no manejo de nossas florestas e formas de uso do solo, assim como em políticas e instituições que façam cumprir a lei de forma exemplar quando incêndios são provocados. Somente assim conseguiremos temporadas menos catastróficas.
Convidamos você a assistir ao episódio completo de "Conversando com Acoforag", onde o especialista Ramón Figueroa aprofunda esses desafíos, disponível no canal do YouTube da Acoforagou para ouvir como podcast no Spotify. É uma conversa interessante para ter mais contexto sobre a realidade dos incêndios florestais no Chile e o caminho que ainda temos a percorrer em termos de prevenção e combate.