Um ano perdido para as PMEs do setor madeireiro
- De acordo com a Rede Futuro Madeira, o ano de 2023 termina com um balanço muito negativo para o setor florestal chileno, especialmente para os pequenos proprietários florestais e as PMEs madeireiras.
No início do ano, vivemos os devastadores incêndios florestais, muitos deles intencionais, que deixaram 26 pessoas mortas, 2.406 casas destruídas e arrasaram mais de 400 mil hectares de vegetação entre as regiões Metropolitana e Los Ríos (CONAF, 2023). Dessa área, mais de 50 mil hectares correspondem a plantações produtivas de pinho e eucalipto de pequenos proprietários.
Essa situação ocorreu em um cenário econômico especialmente complexo, tanto no Chile quanto no exterior, com altas taxas de juros, queda abrupta da demanda, desaceleração da construção e a consequente queda no preço dos materiais, levando dezenas de serrarias e indústrias de transformação de madeira a pararem suas operações ou até mesmo a falirem, gerando demissões de centenas de trabalhadores do setor madeireiro, desde o Maule até Los Lagos.
Em meio a esse cenário sombrio, as PMEs florestais esperavam empatia, senso de urgência e responsabilidade por parte do governo, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, o Executivo desperdiçou a oportunidade com três projetos de lei que poderiam ter sido um grande apoio para o setor, mas, em vez disso, vimos um esforço desarticulado, com uma hostilidade ideológica em relação ao setor florestal e sem dar prioridade às necessidades dos pequenos e médios proprietários, perdendo um ano inteiro para enfrentar a situação crítica das PMEs florestais. Um exemplo disso é o projeto de lei sobre incêndios que entrou em tramitação no Congresso em outubro, que omite a prevenção da ocorrência de incêndios e o combate à intencionalidade, além de confundir vítimas com algozes, onerando os pequenos proprietários florestais que perderam área produtiva como se fossem responsáveis pelos incêndios intencionais.
Durante 2023, o governo nos convocou para diversas mesas de trabalho que tiveram um ritmo desesperadoramente lento, pouco executivo, com dinâmicas unilaterais e mensagens retóricas nas quais reconheciam a importância do setor e da madeira, mas sem uma correspondência real em suas decisões. Essa inação pode trazer diversas consequências, como a perda de empresas e empregos em muitas localidades florestais do centro e sul do país, a degradação de solos afetados por incêndios, o descumprimento dos compromissos internacionais de redução de emissões até 2030, assim como a neutralidade de carbono até 2050, e deixará como legado deste governo uma maior concentração econômica no setor.
A demanda por bens produzidos de forma sustentável a partir de florestas nativas e plantadas, como madeira serrada, painéis, papel e bioenergia, é e continuará sendo uma necessidade para o Chile e o mundo, mas nosso país está perdendo dramaticamente essa oportunidade. Por isso, esperamos que, em 2024, o governo do Chile ouça mais, avance com urgência e sem viés em direção a mecanismos de fomento adequados às necessidades dos usuários, permitindo que voltemos a plantar e façamos do nosso país um exemplo mundial de bioeconomia sustentável, com pequenos e médios produtores de madeira valorizados e apoiados.
Rede Futuro Madeira