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Chile sob fogo: segundo estudo, 48% dos incêndios florestais de fevereiro foram intencionais

Chile sob fogo: segundo estudo, 48% dos incêndios florestais de fevereiro foram intencionais

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Os primeiros dias de fevereiro foram marcados pelos incêndios florestais na região sul do país. O país parou e o governo mobilizou todas as suas forças para combater a catástrofe.

Mas já se passaram três meses desde o início dos incêndios, em 1º de fevereiro, e nem o Executivo nem a Conaf divulgaram os números e as investigações relacionadas ao ocorrido.

Por isso, o escritório de urbanismo Atisba analisou o que aconteceu no sul do Chile, com base em dados oficiais da Conaf, obtidos na plataforma do Sistema de Informação Digital e Controle de Desastres (SIDCO). Na análise — que levou quase 3 meses para ser concluída —, destaca-se o alto percentual de incêndios que foram provocados intencionalmente.

O relatório explica que "48% do fogo foi gerado intencionalmente, e esse percentual ultrapassa 60% em 25 comunas". Também detalha as diferentes zonas onde a intencionalidade é mais alta e afirma que "há uma relação com o terrorismo da Macrozona Sul, já que as comunas com os índices mais altos de intencionalidade coincidem com os setores mais afetados".


O diretor executivo da Atisbo, Iván Poduje, explicou à Rádio Bío Bío que "começamos a ver que os incêndios coincidiam com os setores onde temos registros de atentados" e que "acessamos o SIDCO da Conaf com uma senha e baixamos todos os bancos de dados".

O arquiteto acrescentou que o que fizeram foi entrar "no sistema e baixar todas as informações por comuna. Eles agrupam os incêndios por origem: os acidentais, os naturais (que são muito poucos) e os intencionais".

Com base nisso, localizaram "por comuna os incêndios que foram intencionais e aplicamos esse percentual sobre a área queimada, calculando qual foi o percentual de área destruída por incêndios intencionais".

Graças a isso, concluíram que "25 comunas têm mais de 60% de intencionalidade, que muitas dessas comunas têm ataques prévios na Macrozona Sul e também detectamos que houve ataques que foram contidos a tempo em San Pedro de la Paz e em Coronel".

OS TRÊS PRIMEIROS DIAS

Segundo o relatório de 56 páginas, os incêndios deste ano são o segundo maior sinistro registrado pela Conaf. O de 2017 foi o primeiro, mas a simultaneidade foi maior em 2023, o que se explica pela intencionalidade.


"A intencionalidade também explica o número de incêndios simultâneos. Entre 1º e 3 de fevereiro, foram ativados 22 sinistros que queimaram 223.210 hectares, equivalentes a 68% do total. Em 2017, nos primeiros três dias, queimou-se apenas 4%".

Foram 222 incêndios nesses três dias, e 8 "considerados 'Mega Incêndios', que superam 10.000 hectares e foram — de longe — os mais destrutivos".


PRIMEIROS FOCOS
Sobre o primeiro foco em Chillán, "não há registro de incêndios intencionais, então podemos concluir que a origem do primeiro foco foi acidental ou por negligência, agravada pelo fator climático".

Segundo a análise da Atisbo, "o problema é que essa contingência parece ter sido aproveitada para iniciar fogo em outros setores, onde há alta intencionalidade". Exemplificam com o incêndio em Coelemu, comuna que "registra um índice de intencionalidade de 75% e está a 55 quilômetros de Chillán, o que descarta qualquer possibilidade de propagação por brasas" e que, além disso, foi ativado quando "a emergência na capital de Ñuble já tinha 2 horas de desenvolvimento, com alta cobertura da mídia".

SIMULTANEIDADE
Outro ponto analisado foram os focos simultâneos de incêndios. "No dia 2 de fevereiro, os incêndios aumentaram consideravelmente de tamanho e terminaram queimando 100 mil hectares, contra as 8.750 destruídas no primeiro dia".

O relatório explica que, às 15h do dia 2 de fevereiro, já havia clareza sobre a gravidade, mas os focos estavam identificados: Chillán, Tomé e Concepción. Mas "essa situação mudaria à noite, com um deslocamento do fogo para as comunas afetadas por atentados terroristas da 'Macrozona Sul'". E que "o incêndio mudou de escala e avançou 170 quilômetros ao sul em diversos focos que surgiram na tarde de 2 de fevereiro de 2023".

Depois, surgiram dois incêndios "em plena zona vermelha da Macrozona Sul. Às 22h26, inicia-se o 816 'Las Acacias' em Mulchén, comuna que registra 68% de intencionalidade, e quarenta minutos depois, o incêndio 637 'La Liebre' em Lumaco, com 48% de intencionalidade".

O relatório continua com o ocorrido às 16h45 da quinta-feira, 2 de fevereiro, quando "aconteceria o fato mais lamentável desta tragédia. Em alguns pastos próximos à estrada rural Q-294, inicia-se o incêndio 801 Santa Ana, que seria o maior e mais destrutivo".

INTENCIONALIDADE
A conclusão final do relatório é que, se as condições climáticas se repetirem e "um acidente gerar outra cadeia de incêndios, essa situação pode ser aproveitada pelos mesmos grupos que saíram a queimar campos com a intenção de destruir ou aterrorizar a população".

Poduje explicou da seguinte forma: "Concluímos que primeiro há um deslocamento do conflito para o sul e para Concepción". Mas ressalta que "isso é uma hipótese, porque não temos certeza, mas tem fundamento, pois nos incêndios de 2017, a intencionalidade aumenta de norte a sul, e Concepción tem um percentual alto. Já tínhamos incêndios intencionais nas proximidades de Concepción".

Acrescentou que "o que pensamos — não temos mais que uma hipótese — é que, quando ocorre o incêndio em Chillán, que tudo indica ser acidental, os incêndios intencionais são incentivados. Há uma intenção de queimar florestas na província de Arauco, esse é o incêndio que afetou Santa Ana, Santa Juana etc. Uma tentativa de deslocar o conflito aproveitando o fogo".

E tudo isso se baseia em diferentes dados apresentados no relatório, que mostram as variações por comuna. "A intencionalidade de 48% em média sobe para 51% na região de Bío Bío e para 55% na Araucanía, e cai para 10% e 18% no Maule e Los Ríos. Esse padrão — que tem relação direta com a área queimada (quanto maior a intencionalidade, maior a destruição) — se explica pelo deslocamento do fogo de Chillán para a Macrozona Sul, onde existe uma 'cultura do fogo' derivada de ataques incendiários".

E enfatiza que, das 25 comunas com índice superior a 60%, "71% têm atentados terroristas associados ao conflito da Macrozona Sul".

Ao perguntar a Poduje sobre os 29% onde não há atentados terroristas, ele indicou que "ocorre, creio eu, o fato de que um evento que se produz em Chillán começa a se ativar em vários segundos por zonas distintas, gerando um contexto como o estouro, que é propício para ativar outros ataques".

Um exemplo disso são os incêndios que cercam o Grande Concepción, que "não coincidem com as comunas mais afetadas pelo terrorismo, que chega até a Província de Arauco. No entanto, a intencionalidade não é algo novo na capital do Bío Bío, pois o mesmo ocorreu no grande incêndio florestal de 2017. Em relação ao incêndio de 2017, em 2023 aumentam seu índice de intencionalidade Florida, Hualqui, que cercam o Grande Concepción, e também Los Ángeles, que passa de 35% (2017) para 61% (2022)", explica o texto.

ATUAÇÃO DO ESTADO
"Custa entender por que o Estado do Chile não publicou nem explicou os altos índices de intencionalidade nem anunciou medidas para reforçar as cidades expostas ao fogo", é uma das frases destacadas no relatório.

Na mesma linha, Poduje não se surpreende com a inatividade do Estado e da Conaf, pois os números "são muito alarmantes. E, na época, a ministra Tohá falou em 25% de intencionalidade. Agora estamos falando de 900 mil pessoas vivendo em comunas com 60% de intencionalidade".

Fonte:www.biobiochile.cl

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