Mais de 389 atos de violência na Macrozona Sul foram registrados nos últimos 14 meses pela Multigremial de La Araucanía. Horas antes da prestação de contas do governo, a organização apresentou um novo relatório que expõe a complexa situação de segurança na região sul do país, onde os atentados incendiários contra maquinários aumentaram mais de 50% este ano, assim como a média mensal desses incidentes.
O relatório da Multigremial de La Araucanía, ao qual La Tercera PM teve acesso, mostra que, em média, ocorrem 27 atentados de qualquer tipo por mês na macrozona. Isso indica que, nas regiões de Biobío, La Araucanía, Los Ríos e Los Lagos, ocorre aproximadamente um ato de violência rural por dia.
Um dos eventos que mais preocupa a organização é que, em maio, os atos de maior violência aumentaram 28%. Ou seja, crimes como ataques incendiários ou armados mantêm-se em níveis similares aos dos últimos três anos, segundo a análise da entidade. Os dados, de acordo com o texto, "contradizem o discurso da ministra do Interior, Carolina Tohá, e levantam questionamentos sobre a percepção e gestão governamental da situação".
Isso reflete que, no último mês, ocorreram uma série de incidentes policiais na Macrozona Sul, especificamente na Região de La Araucanía. Nesse local, inclusive,chegaram a ser registrados seteataques violentos em um único dia. Isso levou o governo a decretar "alerta vermelha" na região devido à onda de violência.
O presidente da associação, Patricio Santibáñez, afirma que esse aumento "desafia a percepção oficial sobre a segurança na região e gera preocupações quanto à gestão governamental da situação". Por isso, o grupo exige uma série de medidas que as autoridades deveriam adotar, especialmente considerando que o presidente Gabriel Boric fará sua prestação de contas nesta quinta-feira.
Desde o início do ano, segundo a análise, 224 propriedades foram afetadas por algum tipo de violência rural, totalizando 350 durante o governo Boric. O número também representa um aumento em relação aos 218 casos do ano passado e aos 208 de 2021. Isso reflete o significativo aumento de 58% nos ataques incendiários a maquinários e equipamentos, superando até mesmo os veículos como os mais atingidos este ano. Já as queimas de construções caíram 37%.
Embora o relatório revele uma redução de 19% nos crimes de maior impacto social até este mês, alerta para mudanças nos tipos de delitos e, principalmente, nos locais onde ocorrem.
A análise mostra que o número de ataques na Região de Biobío é bem menor que em registros anteriores, passando de 63 crimes de maior impacto social em 2022 para 27 no mesmo período deste ano. No entanto, há um aumento considerável e constante em La Araucanía, Los Ríos e Los Lagos.
Por exemplo, na região com capital em Temuco, ocorreram 81 crimes de maior impacto social em 2021. No mesmo período, um ano depois, subiram para 86, e em 2023 já chegam a 88. A entidade afirma que essa disparidade "é intrigante e levanta a questão de por que há diferença nas tendências entre as regiões. É importante analisar e compreender os fatores que influenciam esse fenômeno".
Há também um aumento ao longo do tempo. Segundo o relatório, em 2022, sob estado de exceção, ocorriam em média 20 incidentes. Este ano, no mesmo período, o número subiu para 25.
O presidente da Multigremial destaca que "além dos números específicos, é importante ressaltar que o relevante é reconhecer que os grupos terroristas mantêm sua capacidade de gerar violência, que não foi contida eficazmente. Essa constância em seu poder de cometer atos violentos enfatiza a necessidade de estratégias mais eficazes para enfrentar a situação e garantir a segurança da população".
O relatório conclui que "embora o estado de emergência seja uma ferramenta útil e indispensável, é necessário melhorar seu funcionamento, incluindo acompanhamento de procedimentos policiais, maiores atribuições, mais efetivos, redução da rotatividade de pessoal e especialização".
Por isso, defendem a aplicação de um "plano de contenção" para "desenvolver estratégias eficazes contra ações de grupos terroristas". Além disso, afirmam que o governo não tem uma "estratégia clara para enfrentar o terrorismo, que deveria incluir aspectos operacionais, preventivos e legislativos. Não há avanços ou urgência na Lei Antiterrorista e de Inteligência. Mais ainda, observamos com preocupação que o governo adota uma postura contraditória em temas-chave como a Lei de Usurpações, favorecendo demandas de grupos violentos e permitindo sua atuação impune".
Fonte:www.latercera.com