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Mapuches contra mapuches: a ameaça de morte de violentistas contra trabalhadores de atividades florestais

Mapuches contra mapuches: a ameaça de morte de violentistas contra trabalhadores de atividades florestais

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Há vários anos, empresas do setor florestal nas regiões de La Araucanía e Biobío implementam ações para incorporar as comunidades nessa atividade produtiva. No entanto, para os grupos radicalizados, que pessoas de origem mapuche optem por participar desses programas constitui uma "traição".

Foi assim que nesta semana apareceu um "aviso" nas redes sociais contra "yanaconas e grupos winkas" no Golfo de Arauco. Os primeiros são aquelas pessoas de origem mapuche que os violentistas acusam de estarem aliados às empresas florestais. Já o termo winka é usado para se referir aos chilenos que não pertencem ao povo mapuche.

É assim queem um comunicado datado de 4 de junho,"os distintos lof em resistência de Arauco" afirmam: "Exigimos que a Forestal Arauco se abstenha de entrar no território e advertimos a qualquer contratante ou pessoa envolvida nas chamadas 'atividades mistas' que é um inimigo e seus atos significam um ataque direto contra a nação mapuche".

Para depois ameaçar: "Feita a advertência, a partir deste momento qualquer perda material ou pessoas feridas, lesionadas ou até mesmo mortes que possam resultar deste conflito serão responsabilidade exclusiva da Forestal Arauco e sua estratégia 'atividades mistas'".

E o comunicado termina com os slogans: "não mais policiais em território recuperado", "fora empresas florestais do território mapuche" e pedindo a liberdade daqueles que chamam de "presos políticos mapuche".

A morte de Segundo Catril

A ameaça não é trivial. Há um ano, o trabalhador mapuche Segundo Catril Neculqueo foi assassinado.

Ele faleceu em 24 de maio de 2022 após ser baleado na cabeça quando o transporte em que se deslocava para o trabalho sofreu uma emboscada em Relún, comuna de Lumaco em La Araucanía, na rota que liga Capitán Pastene a Tirúa. O fato ocorreu por volta das 9h.

 

Catril não estava sozinho no veículo – mais de 20 trabalhadores foram alvo de tiros e, além dele, outros dois ficaram feridos.

Os afetados trabalhavam para a Santo Reinao SpA, empresa contratada que prestava serviços para a Forestal Mininco, subsidiária da Compañía Manufacturera de Papeles y Cartones (CMPC), e se dirigiam para reflorestar árvores nativas.

O próprio empresário localSanto Reinaotambém sofreu emboscadas, acusado pelos violentistas de ser um "yanacona".

O promotor regional de La Araucanía,Roberto Garrido,confirmou na época que no ataque contra os trabalhadores foram usadas espingardas e "armamento de guerra".

Nenhuma das organizações radicalizadas que atuam na Macrozona Sul reivindicou o ataque, e até hoje o fato não foi esclarecido, desconhecendo-se os responsáveis.

No entanto, o crime ocorreu em uma das zonas críticas por estar nos limites com a comuna de Arauco, o que permite que pelos caminhos internos se chegue à área de Lleu Lleu e Tirúa, onde atuam as ORT ou organizações de recuperação territorial que surgiram da CAM.

Trata-se, segundo moradores, da via mais rápida entre a VIII e a IX Região, e que para os violentos representa uma granderota de fugagraças ao controle territorial que exercem em setores como Antiquina, Peleco e Contulmo.

A razão da ameaça

Humberto Toro, Delegado Presidencial Provincial de Arauco, explica ao El Líbero que a origem deste comunicado pode estar no fato de que atualmente estão em conversas com comunidades do cone sul da província que demonstraram interesse em iniciar processos de trabalho em parceria com empresas florestais, assim como pequenos transportadores que também querem prestar serviços a essas empresas.

No caso dos primeiros, Toro afirma que alguns querem trabalhar em suas próprias propriedades "principalmente para realizar processos de venda direta a quem necessita dessa madeira e, assim, evitar o que, segundo eles, gera às vezes confusão em termos de que, ao retirar sua madeira, possa se pensar que estão roubando madeira".

Por outro lado, indica que "há outras organizações que afirmam estar disponíveis para este trabalho colaborativo com as empresas florestais, de modo que se abra a possibilidade de as empresas também as contratarem para serviços internos e que bem poderiam ser esses caminhões locais que transportariam justamente a madeira que estariam vendendo comunidades que hoje têm floresta... É uma maneira de tornar transparente esse processo e evitar o que ocorreu na Província de Arauco, onde temos enfrentado frontalmente o roubo de madeira".

Portanto, a opinião do delegado presidencial é que o comunicado pode vir de "grupos um pouco mais isolados, desconectados justamente das comunidades desse cone sul".

Toro acrescenta que "quando falo de comunidades do cone sul, estou me referindo a comunidades que têm sido fortes, muito bem organizadas na Província de Arauco e que em algum momento foram catalogadas como comunidades complexas. Mas, como digo, hoje estão em uma lógica de iniciar um processo de relações diretas com o comprador para evitar justamente, segundo eles, a imagem de que há roubo de madeira por parte deles".

Liberar o território para atividades ilícitas

Fontes ligadas ao setor florestal explicam, sob condição de anonimato, que as empresas florestais e proprietários de terrenos florestais oferecem trabalho a comunidades locais mapuches e não mapuches.

Acrescentam que as ORT – organizações de resistência territorial – e as quadrilhas associadas ao roubo de madeira intimidam as pessoas que vivem e trabalham na área onde desejam roubar, "ameaçam-nas, publicam declarações nas redes sociais e usam a violência para manter o território livre para suas atividades ilícitas e impunes. Além disso, chamam-nas de yanaconas, ou seja, traidores da causa mapuche, mesmo sendo pessoas que vivem e trabalham como qualquer chileno".

O comunicado divulgado esta semana se devia ao fato de que seriam realizados trabalhos em uma propriedade chamada "Chacay", localizada na comuna de Cañete.

A Forestal Arauco apresentou diversas queixas por roubo de madeira nesse terreno em 2021 e 2022. Segundo as denúncias, na propriedade mantinha-se uma colheita ilegal da floresta existente e extração permanente de madeira.

"O corte e a frequência dos fatos e forma de execução nos permitem concluir que respondem a uma atividade econômica – de caráter ilícito – mantida ao longo do tempo, em que os indivíduos de forma organizada e premeditada extraem madeira para depois vendê-la, descartando a possibilidade de que os fatos descritos no corpo desta apresentação sejam eventos isolados e desconexos", diz a queixa apresentada em outubro de 2021 no Tribunal de Garantia de Cañete.

Situação que se manteve até este 2023, quando, segundo fontes consultadas pelo El Líbero, conseguiu-se a intervenção dos Carabineiros, com apoio da Marinha, no contexto do estado de exceção vigente na região.

Empresários do ilícito

Toro classifica os grupos dedicados ao roubo de madeira como "empresários do ilícito", que "sempre buscaram legitimar seu ilícito em nome da causa mapuche".

"Não representam nem a causa mapuche, nem seus ideais, nem suas organizações. E, portanto, também poderiam ser esses grupos ligados principalmente a esse tipo de empresários do ilícito, que se enriqueceram à custa da pobreza da província de Arauco, mas que nada têm a ver com a causa mapuche nem com as comunidades mapuches", diz Toro sobre quem poderia estar por trás da ameaça publicada nas redes.

Para o delegado, "o que esses grupos percebem é que o negócio ilícito está começando a se esgotar e, por isso, fazem essas ameaças". Isso, explica, devido à perseguição do crime organizado ligado ao roubo de madeira, às investigações realizadas pelo Ministério Público e ao ver que as comunidades voltaram a se reunir em mesas territoriais "e estão resolvendo suas demandas em termos de água, estradas, fomento à produção, etc. E, por outro lado, também se abre uma porta para gerar venda lícita por meio de acordos com empresas florestais e transportadoras".

Um comunicado "perigoso"

No final, para especialistas no assunto, essas ameaças ocorrem porque esses grupos violentos se opõem a qualquer forma de desenvolvimento.

Para René Muñoz, gerente da Associação de Contratistas Florestais AG., a ameaça publicada nas redes sociais é "da mais alta complexidade e preocupação, porque no final está se ameaçando aquelas pessoas que desenvolvem uma atividade florestal na Província de Arauco, e isso nos parece perigoso".

Acrescenta que "aqui há um aviso público, atribuído a este grupo terrorista. Então, acreditamos que deve ser tratado com cuidado, mas esperamos que seja apenas uma ameaça e não se concretize, porque primeiro atenta contra a liberdade de trabalho que constitucionalmente todos os chilenos têm neste país, e também atenta contra a liberdade das pessoas na província, o que eu diria ser o mais perigoso. Aqui, também um chamado às autoridades para que tomem este comunicado e o analisem em sua justa medida".

Quanto ao trabalho conjunto entre empresas florestais e comunidades, o gerente da Acoforag ressalta que "é uma medida que está em total concordância com o que as empresas buscam: levar desenvolvimento e bem-estar às comunidades. É preciso entender que quase 60% da superfície da Província de Arauco é de aptidão florestal; portanto, chegar às comunidades me parece uma boa medida porque, no final, gera recursos para essas comunidades. Ao que parece, o que este grupo quer é manter as pessoas na pobreza, e isso não é lógico... Aproximar-se das comunidades e fazê-las participar disso é absolutamente razoável, o que não é razoável é que aqui se castiguem as pessoas que querem sair da pobreza com base em uma ameaça pública".

Fonte:www.ellibero.cl

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