Acoforag: "novo modelo do Governo para o setor florestal exclui opções mais rentáveis"
O gerente da Associação de Contratantes Florestais A.G., René Muñoz, considerou que o novo modelo de silvicultura sustentável, por meio de espécies nativas, promovido pelo Governo, não permitiria aos proprietários ter a liberdade de escolher as espécies para compatibilizar a rentabilidade econômica da atividade com a mudança do modelo para um mais amigável com o meio ambiente.
Em entrevista ao jornal La Tribuna, Muñoz disse concordar com o proposto em relação a um novo modelo de agrofloresta e restaurações: "O que reclamamos é a lentidão com que o Estado está tratando o tema florestal".
"Desde 2012 não há uma lei relacionada ao setor florestal, o que fez com que o setor deixasse de ser atraente para novos investimentos ou novas plantações, porque não há subsídio", explicou o líder.
Em sua opinião, "é dever do Estado subsidiar e fomentar a florestação e reflorestação daqueles terrenos que estão erodidos, assim como de todos os proprietários que perderam seus bosques devido aos incêndios florestais".
SEGURANÇA FLORESTAL
"É preciso considerar que a reflorestação tem que ficar a critério do proprietário. A liberdade de escolha de espécies florestais é o que deve prevalecer, e não a vemos. Obriga-se que seja com espécies nativas", criticou o gerente da Acoforag A.G.
Muñoz indicou que "como proprietários, pode-se ter princípios de conservação ou preservação do meio ambiente, o que é válido. O que vemos é que não há alternativas, e o Estado tem se focado em uma restauração com espécies nativas". "Não se podem excluir ações de um proprietário nos termos que preferirem", aprofundou.
O líder exortou o Estado do Chile a "gerar políticas públicas que protejam os recursos. Não pode se amparar nos privados, que hoje entregam 50% do controle dos incêndios florestais. Pediríamos que o Estado se preocupasse em que haja investigações que cheguem a algum resultado em algum momento".
Nesse contexto, reclamou que "são muito poucas as pessoas que cumprem pena por incêndios intencionais. As investigações falam de 2.000 pessoas investigadas e 4 delas são formalizadas, sem saber quem está cumprindo pena".
"O Estado deve se preocupar com isso também, não apenas em fomentar as plantações nativas ou exóticas, mas também em controlar o recurso, porque é o principal dono e o principal responsável pelo que está ocorrendo hoje no país", detalhou René Muñoz.
BENEFÍCIO AMBIENTAL, SOCIAL E ECONÔMICO
Além disso, o líder da Associação de Contratantes Florestais A.G. referiu-se à viabilidade de que o novo modelo florestal cumpra as condições econômicas para manter o setor como exportador de matérias-primas em nível local e global.
"Se se quer plantar determinada espécie, vai depender do que se deseja para o futuro. Se queremos ser um país florestal, temos que plantar espécies de rápido crescimento, porque são as que em 20 ou 25 anos estão em idade de comercialização".
"As espécies nativas têm um crescimento mais lento e só aos 60 ou 70 anos pode-se ter um retorno, então é preciso chegar a um acordo", explicou.
"Devem-se compatibilizar as partes econômica, social e ambiental", acrescentou, detalhando os fatores que, em sua opinião, deveriam ser considerados ao propor uma política pública para a reflorestação das hectares de bosques queimados neste verão.
"A tarefa do Estado é esta. Não se podem gerar leis que não vão no sentido do que se requer", reiterou René Muñoz em sua análise da política florestal anunciada pelo Ministério da Agricultura.
O gerente da Acoforag A.G. destacou que "35% da superfície do país tem aptidão florestal, então temos um horizonte que deve ser aproveitado. Hoje há 2 milhões de hectares de plantações exóticas e entre 4 e 5 milhões de hectares de bosque nativo que poderiam ser comercializados, então é preciso buscar os mercados, que podem ser encontrados".
Apesar disso, o porta-voz observou que "são necessárias condições para que os investidores, os proprietários e os pequenos proprietários façam o investimento requerido. Sem ajuda do Estado e uma lei que subsidie isso, não se conseguirá".
Fonte:www.latribuna.cl