Eloiza Rojas, a mulher que ousou empreender no setor florestal
As florestas, assim como muitos outros setores, estão expostas a inúmeras ações que prejudicam o crescimento ou o desenvolvimento das espécies, especialmente as árvores.
As pragas atrasam o crescimento e a produtividade das árvores e, por isso, é preciso estar atento para combatê-las a tempo. Nesse aspecto, Eloiza Rojas, natural de Curanilahue, na província de Arauco, Região de Biobío, decidiu criar sua própria empresa que produz biocontroladores, mas de forma natural.
Estudou no único liceu politécnico da comuna, de onde se formou em 1991 com o título de Técnica Florestal. Depois, realizou vários cursos para se aperfeiçoar e adquirir novos conhecimentos, conhecer novas técnicas e modelos de trabalho, por conta própria, já que naquela época trabalhava e estudava.
Quando a maternidade chegou à sua vida, teve que interromper os estudos e dedicou-se ao cuidado dos filhos, sendo também chefe de família. "Sempre tive esse desejo de avançar, aprender e me desenvolver. Foi assim que, alguns anos depois, entrei para trabalhar em uma empresa dedicada ao controle de pragas florestais, onde consegui desenvolver meus conhecimentos e fiz parte da comitiva que viajou para a Austrália para a coleta de biocontroladores, que são nativos daquele continente", recordou.
Foi justamente essa viagem que ampliou sua visão e, ao voltar para o Chile, tomou a decisão de se tornar independente e criou, com muito esforço, sua empresa Terrafina.
No início, começou um caminho com seu empreendimento realizando pequenos trabalhos, aplicando os conhecimentos que adquiriu na Austrália e sempre tentando se diferenciar no mercado. "Com essas tarefas, comecei a fazer coisas em pequena escala e depois fui crescendo conforme os contatos e a qualidade do meu trabalho. Foi assim que consegui me consolidar no ramo florestal, tendo o mérito de ser uma das poucas mulheres nesse campo", destacou.
Atualmente, possui uma produção que permite entregar material de acordo com as condições climáticas para combater pragas florestais, como os famosos gorgulhos, que fazem parte de uma família chamada 'coleópteros herbívoros', a mais importante e diversa da superfamília Curculionoidea. Tecnicamente, os gorgulhos são conhecidos como curculionídeos e fazem parte de uma das maiores famílias de animais, com 5.489 gêneros e 86.100 espécies no mundo.
Eloiza explicou que essa praga vem da Austrália e, junto com ela, vem o seu controlador. "Meu trabalho é ficar atenta para evitar que o ovo se torne larva. No fundo, interrompo o ciclo com meu controlador biológico. No fundo, é uma praga que se controla, não se elimina. Ela sempre está lá, se move de qualquer forma. Por exemplo, pode se prender à roupa das pessoas quando caminham por uma floresta. O vento e as explorações também são fatores que ajudam na sua propagação", disse.
Reconheceu que sua jornada foi longa, mas as conquistas chegaram com o tempo, e hoje a Terrafina é uma empresa consolidada e reconhecida por seus pares, principalmente homens nesse meio. Inclusive, foi reconhecida como uma mulher destacada no setor florestal por eles, o que a encheu de orgulho, pois valorizaram seu trabalho.
Coisas diferentes
"Uma coisa é ser empregada e outra é montar uma pequena empresa, que é algo totalmente diferente, principalmente porque uma coisa é ter e outra é manter. Por isso, é preciso ter coração. Comecei com licitações, alguns pequenos proprietários como clientes, às vezes fazendo coisas de graça para que vissem que minha ideia funcionava, mas hoje tenho mais empresas que acreditam em mim, até mesmo a Conaf", afirmou.
No início, começou sozinha, e hoje seu empreendimento conta com 12 trabalhadores, que são o pilar para os novos desafios, destacando que tanto homens quanto mulheres podem, na mesma medida, realizar as tarefas de coleta que minha empresa exige, sendo suas capacidades e compromisso o que me permite me diferenciar no mercado.
A Terrafina hoje está avançando, tornou-se sócia da Corporação Nacional da Madeira (Corma), e isso é uma grande conquista e um orgulho, pois isso abre meu mundo para novas etapas.