Empreendedoras resgatam e dão nova vida a móveis de madeira
O design e a preocupação com a decoração têm ganhado espaço. No entanto, muitos dos móveis são vendidos no varejo e são em escala, ou seja, se repetem e as opções vão se limitando.
Por isso, a busca pela originalidade, somada à reutilização, surge como uma opção mais que interessante. É isso que fazem as empreendedoras Consuelo Almendras Almendras, de Los Ángeles, e Cristina Rojas Bolomey, de San Pedro de la Paz.
Consuelo há 8 anos iniciou seu empreendimento “Eco Terrazas”, um negócio dedicado à marcenaria ecológica, onde reutiliza madeiras e materiais de demolição para transformá-los em belos móveis e artigos de decoração. Também realiza restauração de móveis antigos, recuperando-os e devolvendo-lhes um lugar de destaque nos lares de seus clientes.
Por sua vez, Cristina há 12 anos iniciou seu empreendimento “Taller La Guadalupe”, um negócio dedicado à restauração e remodelação de móveis e à fabricação de produtos de decoração, onde reutiliza e restaura diferentes materiais.
Ambas receberam o apoio do FOSIS com capacitações e financiamento, o que lhes permitiu fortalecer seus empreendimentos e fazê-los crescer.
Consuelo contou que “minha mãe trabalhava como administradora responsável por um depósito de madeira, tanto de pinho quanto nativa, então desde pequena me acostumei a ver esse material, a brincar nos castelos e a reutilizá-lo em nossa casa. Assim, minha ligação com a madeira me lembra os melhores momentos da minha infância, desde então eu a amo e via a mágica de como ela chegava e depois se transformava em um móvel”.
Ela se dedica tanto a fabricar quanto a restaurar e reciclar. Seleciona a madeira verificando se é reutilizável, por exemplo, a partir de paletes ou lugares onde vão demolir. Também compra, se o cliente desejar, ou se eles tiverem madeira antiga que sobrou de alguma construção.
Enquanto Cristina lembrou que o vínculo com a madeira nasce no momento em que viu lojas que vendiam móveis muito bonitos. “Similares antigos, pintados com técnicas que eu poderia fazer. Decapados ou com pátinas interessantes, mas esses não eram de madeira natural, e sim de madeira prensada ou aglomerada, que duram pouco e em muitos dá para ver que não são antigos, parecem falsos”, destacou.
Portanto, a tarefa que realiza com esses móveis é fabricar, restaurar e reciclar. Principalmente o segundo, pois levam os móveis para ela, que os conserta, pinta, troca os puxadores, remove o verniz e lhes dá uma nova vida, seja envernizando novamente, apenas selando como se usa agora com um brilho muito suave ou pintando, dando um toque antigo, mas renovado.
“Também fabrico coisas, não muito grandes, mas prateleiras, coisas a partir de outros móveis antigos. Por exemplo, os móveis normandos que têm aquela florzinha esculpida e eu construo uma prateleira a partir desse quadro. Às vezes me dizem: ‘vou jogar este móvel fora, te serve?’ Eu fico feliz. Pego, conserto ou remodelo e depois vendo. Outras vezes me levam o móvel e dizem: ‘este sofá tem as pernas muito longas’, então eu as corto e esses mesmos pedaços de madeira nativa, por exemplo, uso para outra coisa”, relatou.
Patricio Fierro Garcés, diretor regional do Fosis Biobío, afirmou que, como serviço público dedicado a apoiar pessoas para que melhorem sua qualidade de vida por meio do empreendedorismo, “considero de suma importância abordar a relevância que as mulheres empreendedoras têm no resgate da madeira como um material que lhes permite gerar renda para seus lares e, ao mesmo tempo, apoiar a economia circular”.
Tanto no ramo madeireiro quanto na fabricação de móveis, historicamente observou-se uma marcante presença masculina, porém, nos últimos anos, temos testemunhado uma mudança significativa nesse cenário. Cada vez mais mulheres estão ingressando no setor, trazendo novas perspectivas, ideias inovadoras e uma abordagem sustentável para o uso da madeira.