FSC: uma história, um futuro
Na recente Assembleia Geral de membros do Forest Stewardship Council no Chile (FSC Chile), tendo em mente nossa missão, sempre atual e voltada para o futuro, que é promover o manejo florestal responsável das florestas no mundo e no Chile, quisemos reconectar com o propósito original e a história da nossa organização e renovar nosso compromisso com o FSC.
Convidamos Timothy Synnott, que foi o primeiro diretor geral do FSC em 1993. Tim nos contou que há muitas declarações sobre as origens do FSC, sua criação, alcances e objetivos, começando por destacar que, desde seus primórdios, “o FSC é um campo de batalha”. Nessa arena, uma diversidade de atores discute e compartilha diferentes visões, percepções e interesses, com o desafio, até hoje, de chegar a acordos e convergir em consensos que, uma vez alcançados, são mantidos e cumpridos sob o guarda-chuva da certificação.
Algumas das pessoas envolvidas originalmente estavam motivadas principalmente pelos problemas tropicais, enquanto outras pelos problemas das zonas temperadas e boreais, e outras ainda pelo fato de que o comércio de madeira era totalmente global. Nos primeiros anos, havia também a percepção generalizada de que o FSC focaria ou deveria focar sua atenção principalmente, ou até exclusivamente, em florestas de pequena escala ou manejadas por comunidades, deixando de lado as plantações em larga escala.
Continuam circulando percepções muito diversas, como “a intenção original da certificação era valorizar os ecossistemas” e “O mandato original do FSC era deter o desmatamento tropical”. Essas foram, sem dúvida, as intenções de alguns participantes muito ativos, como aponta Tim, mas os objetivos que uniram todos os participantes foram os que surgiram nos Estatutos e Princípios e Critérios do FSC, resumidos em promover o bom manejo florestal em todo o mundo. Em 1992/3, quando a organização embrionária começou a se chamar FSC, já havia definido claramente seu objetivo para todos os tipos de florestas em todas as regiões. E, no contexto das discussões mais amplas, também se destaca no final: “Em poucas palavras, o objetivo da certificação florestal é demonstrar ao comprador de produtos madeireiros que a madeira vem de uma floresta bem manejada” (1).
É nesse contexto que renovamos nosso compromisso com o que o FSC promove, o “Forest Stewardship”, tão difícil de traduzir em uma palavra, mas que, na prática, se refere aos padrões de manejo florestal que o FSC fornece, permitindo o abastecimento responsável, verificando as cadeias de custódia, para que os mercados possam trabalhar com as florestas de forma responsável; a conservação, trabalhando com organizações-chave para manter e fortalecer o valor das florestas; e a restauração, reunindo diversas partes interessadas para acelerar a recuperação das florestas.
A certificação é uma das formas pelas quais colocamos em prática as normas da silvicultura sustentável. É em parcerias com um ecossistema mais amplo de partes interessadas que também buscamos contribuir para a conservação e restauração das florestas. E tudo isso com o desafio de não deixar de fora nenhum ator relevante ligado às florestas. Nesse contexto, no encerramento da Assembleia 2023, compartilhamos com os membros os avanços mais significativos e as projeções do trabalho que desenvolvemos no Chile há mais de 4 anos, gerando conhecimento para contribuir com o manejo responsável de florestas de pequena escala ou baixa intensidade e o desenvolvimento de pequenos proprietários.
Esse trabalho também é possível graças às parcerias com o FSC-CFFP, a Conaf, a Iseal e com um número significativo de membros e profissionais que nos acompanham nesta nova etapa de desenvolvimento do FSC no Chile, onde queremos impactar positivamente também no manejo de florestas nativas em pequena escala, na inclusão do pequeno proprietário no sistema, de forma que gere benefícios para ele. Esse desafio é social, ambiental, técnico, mas, acima de tudo, colaborativo.
Muitas dessas referências são retiradas de “Some notes on the early years of FSC”. Timothy Synnott, 19 de novembro de 2005.