Arauco confirma 121 demissões por fechamento de serraria Horcones 2
Apesar de ter sido anunciado durante o fim de semana o fechamento definitivo da serraria Horcones 2, o que resultou na demissão de 94 trabalhadores florestais, nesta terça-feira a Empresa Arauco confirmou que o número total de desligamentos é de 121 pessoas.
“São 94 trabalhadores diretos e 27 trabalhadores de empresas de serviços. Desde o início do ano, temos adotado diversas medidas para mitigar esses efeitos do aumento de custos e das mudanças no mercado”, detalhou Mauricio Leiva, gerente de Assuntos Públicos da Empresa Arauco.
A empresa afirmou que o fechamento da serraria se deve a diversos fatores, como dificuldades de abastecimento, aumento de custos devido à violência rural (ocupações e bloqueios de estradas) e a menor disponibilidade de madeira por causa dos incêndios. Além disso, explicaram, por meio de um comunicado, que “o cenário internacional complexo e a forte mudança no comportamento dos mercados resultaram em uma grande queda na demanda e nos preços dos produtos”.
Sobre as medidas adotadas pela empresa diante dos motivos citados, Leiva acrescentou que “paramos as plantas durante os feriados prolongados, também reduzimos os turnos, antes havia turno duplo e agora passamos para um único turno; e realocamos o máximo possível de trabalhadores em nossas plantas que produzem itens que ainda têm certa demanda e podem ser competitivos”.
Da mesma forma, o gerente de Assuntos Públicos da Arauco enfatizou que “não é que todas as pessoas que trabalhavam na serraria Horcones 2 tenham saído, mas sim que realocamos aquelas que pudemos em outras serrarias ou plantas”. Ele também comentou que a empresa buscou as melhores condições para a saída dos funcionários.
Autoridades
A Seremi do Trabalho do Biobío, liderada por Sandra Quintana, confirmou que não há nenhuma denúncia na Direção do Trabalho relacionada às demissões causadas pelo fechamento da serraria.
Enquanto isso, a Prefeitura de Arauco informou que, segundo dados disponíveis, dos trabalhadores desligados, apenas 20 são da comuna onde está localizada a serraria da Empresa Arauco.
Entidades
Álvaro Ananías, presidente da Câmara da Produção e do Comércio (CPC) do Biobío, classificou como uma péssima notícia o ocorrido com a serraria da Empresa Arauco, pois “demonstra a gravidade da situação econômica que as empresas florestais enfrentam após os incêndios do verão. Empresas que hoje sofrem as consequências de atos terroristas, que não foram prevenidos nem punidos; que também enfrentam o roubo de madeira; o cenário complexo dos mercados internacionais e, além disso, os fatores nacionais, tanto econômicos quanto de segurança”.
Por sua vez, a Corporação Chilena da Madeira (Corma) afirmou que vê com preocupação a grande quantidade de fatores que impactam negativamente o desenvolvimento do setor florestal no país. A Corma acrescentou que, além das dificuldades econômicas inerentes a qualquer atividade produtiva, como flutuações de preços e comportamento dos mercados, somam-se os graves atos de violência que ocorrem quase diariamente no sul; que, junto com crimes como roubo de madeira e os mega incêndios intencionais dos últimos anos, levaram a uma crise de abastecimento para grandes, médias e pequenas empresas do setor, cujos impactos lamentamos hoje.
Exportações florestais
Sobre a situação atual do setor, as exportações florestais atingiram US$ 2,767 bilhões no primeiro semestre do ano, valor que representa uma queda de 18,8% em relação a 2022, mas que está acima dos níveis registrados no mesmo período de 2020 e 2021, segundo dados do Instituto Florestal (Infor).
O valor considera os montantes de junho, mês em que as exportações alcançaram US$ 390 milhões, um total mensal baixo que ocorre pela segunda vez este ano e que só havia sido registrado em alguns meses da pandemia.
De acordo com o ministro da Agricultura, Esteban Valenzuela, ainda estamos diante de um cenário incerto, com alguns sinais de uma frágil recuperação. “Houve alguns indícios de melhora na economia, mas há um risco significativo de quedas. Embora a reabertura total da China, nosso principal destino de exportações, tenha contribuído para um maior dinamismo da atividade econômica global, há um efeito inflacionário que ainda persiste, restringindo as economias mundiais em meio a um conflito bélico subjacente”, disse.
Nesse contexto, a autoridade mencionou o fraco desempenho da economia mundial, cujo crescimento este ano será de apenas 2,1%, de acordo com as últimas projeções do Banco Mundial, argumentando que “essa é a causa da grande dispersão da queda nos envios florestais, resultando em um forte deterioração das exportações do setor”.
Segundo os dados do INFOR, a queda nas exportações é generalizada e envolve a maioria dos principais mercados de destino, produtos e exportadores, embora haja algumas exceções.
Fonte:www.diarioconcepcion.cl