Vítimas diante de onda de ataques incendiários na Macrozona Sul: "Não temos proteção nem segurança"
A tranquila madrugada de sexta-feira foi novamente interrompida pela violência na cidade de Cañete, província de Arauco, naregião do Bío Bío. Indivíduos desconhecidos invadiram uma propriedade localizada no setor Las Quilas e reduziram três imóveis a cinzas; deixando para trás um rastro de destruição que frustra os habitantes e vítimas da violência rural, principalmente, na Macrozona Sul.
No local, os desconhecidos deixaram uma mensagem reivindicatória. Um cartaz encontrado no local indica a autoria da RMA, uma nova organização radical que atua na área.
Carlos Sanhueza, prefeito aposentado da PDI e vítima anterior de um ataque incendiário em julho do ano passado, expressou sua profunda frustração e dor diante deste novo episódio de violência.
Assim ele declarou em entrevista à Rádio Bío Bío, onde compartilhou seu sentimento diante da falta de medidas efetivas por parte das autoridades para conter esta onda de atentados. Seu apelo urgente por resultados concretos reflete o medo e a ansiedade que a comunidade de Cañete vive atualmente.
“A verdade é que esta é a segunda vez que me atacam. Esta é a segunda vez que sinto frustração, com mais dor, com mais impunidade, com mais desânimo. Acredito que isso já se normalizou. Uma palavra que me custa dizer, mas essa é a verdade. As coisas se normalizaram. Não sei o que acontece com as autoridades, com as medidas que são tomadas. Hoje estamos pior do que antes em Cañete, como província de Arauco, que faz parte do Chile. E quando digo parte do Chile é porque aqui não vejo resultados”, disse Carlos.
Por sua vez, Fernando Fuentealba, presidente da Fundação de Vítimas do Terrorismo na Macrozona Sul, criticou duramente o Governo, classificando-os como “insensíveis” diante da “impunidade” desses ataques.
“Esta madrugada sofremos um novo ataque no cone sul da província de Arauco. Novamente um membro de nossa Fundação, o subtenente aposentado Carlos Sanhueza, foi vítima de um ataque brutal onde queimaram três casas em sua propriedade”, lamentou.
“Ele já havia sido vítima anteriormente, e restam-lhe duas cabanas, que muito provavelmente nos próximos dias serão destruídas e queimarão todo o seu complexo”, afirmou.
“Não temos nenhuma medida de proteção”
“Não temos nenhuma medida de proteção, nenhum grau de segurança. Isso fica absolutamente demonstrado. Esta escalada de violência não foi detida e a RMA é um novo braço armado da CAM. Está à vontade em uma imunidade total e absoluta”, assegurou Fuentealba.
“Carlos está muito abalado, muito complicado, pois ele tem dívidas, compromissos, como todos nós. Além disso, ele já é uma vítima deslocada e que este Governo, assim como os outros, não cumpriu nenhuma de suas obrigações. Não nos paga o aluguel, não nos apoia e não temos nenhuma solução”, esclareceu.
“Senhores do Governo; Ministra; Subsecretário; vocês são uma vergonha, não estão capacitados para nada. Este Governo é inepto e insensível, porque isso vai continuar, porque esses grupos seguem em uma impunidade absoluta”, criticou.
Carabineiros sobre o último ataque incendiário na Macrozona Sul
Enquanto isso, o prefeito dos Carabineiros de Arauco, coronel Óscar Sandoval, afirmou que este fato já está sendo investigado pelo Ministério Público, e as diligências também foram instruídas ao Laboratório de Criminalística dos Carabineiros (Labocar) de Concepción.
“Pessoal do Controle de Ordem Pública (COP), que realizava um patrulhamento pela rota P60-R, percebeu que no quilômetro 34 da comuna de Cañete, dois imóveis estavam sendo consumidos pelo fogo. Ao entrar e verificar, tratava-se de duas cabanas de veraneio mais uma dependência destinada à recepção”, disse o uniformizado.
“Deste fato, foi comunicado à Promotoria Local de Cañete, e o promotor determinou as perícias a cargo do pessoal do Labocar de Concepción”, acrescentou.
Perseguição a organizações radicais
Por sua vez, o delegado presidencial da província de Arauco, Humberto Toro, desvinculou este grupo que se autodenomina “RMA” da causa mapuche, acusando insensibilidade no contexto do sistema frontal que recentemente atingiu o país.
“Isso está ocorrendo diante de uma tragédia que o país está vivendo por causa das chuvas. Temos cidades inundadas, pessoas que faleceram, pessoas que ficaram isoladas. E, este grupo, que se autoidentifica como RMA, aparentemente Resistência Mapuche Autônoma, comete estes crimes violentos, com pessoas que são também empreendedoras no território”, lamentou.
“Eles não reivindicam nenhuma causa mapuche, nem representam a causa. São delinquentes insensíveis, que, apesar dos empreendedores que trabalham pela província, e apesar da tragédia que o país vive, cometem estes crimes, o que fala de sua desumanização e delinquência brutal. Vamos continuar perseguindo-os, vamos encontrá-los, assim como já fizemos em outros casos”, afirmou a autoridade.
Fonte:www.biobiochile.cl