O relato do paramédico ferido no ataque de Traiguén: "A gente perde a segurança (...) com que enfrento a vida daqui para frente?"
Uma escola que atendia 21 alunos, uma ambulância, uma sede comunitária e o único posto de saúde do setor. Tudo ficou destruído após o ataque incendiário registrado na quarta-feira na comuna de Traiguén, Região de La Araucanía.
Ao fugir do local, os criminosos efetuaram disparos, por isso um galpão da fazenda Santa Elvira ficou com dois impactos balísticos e deixaram um cartaz alusivo à causa mapuche, no qual constava a assinatura da Resistência Mapuche Malleco (RMM).
Como os antissociais atacaram o posto de saúde do local, um paramédico tentou combater o fogo e acabou ferido. Trata-se de Daniel Torres, que há 30 anos trabalhava no local e cuja casa era vizinha ao posto atacado. Ele perdeu seus dois veículos, sua casa e seus animais de estimação devido ao ataque.
Por isso, ao perceber o que estava acontecendo, ele se levantou pensando que eram pacientes, mas tudo ficou complexo depois que uma bomba molotov o atingiu, causando queimaduras de primeiro grau na testa, rosto, parte da orelha e pescoço.
"Abro a porta e vejo que a parte principal, a entrada, está pegando fogo. Aí volto para dentro e começo a olhar pela janela quando vejo uns caras lançando molotov, que estavam encapuzados, vestidos de preto", relatou Torres ao 24 Horas. Ele acrescentou que os indivíduos "também atiraram em mim, atiraram contra o posto e aí dentro da casa".
E embora, apesar de suas queimaduras, o paramédico diga que o impacto físico não foi tão intenso, "emocionalmente... de repente me lembro e fico um pouco bloqueado". Ainda assim, Torres refletiu que "aqui o que a gente mais perde é a segurança, com que enfrento a vida daqui para frente; no que me seguro hoje, para dizer 'pronto, obrigado, vou caminhar tranquilo no meu local de trabalho' (...) o que esperamos, que mais uma pessoa morra no setor?".
Governo não invocou lei Antiterrorista
Na quarta-feira, a ministra do Interior, Carolina Tohá, afirmou que "é um atentado criminoso sem dúvida, mas acho que tem características terroristas, inclusive com a legislação atual". No entanto, o Governo não invocou a lei Antiterrorista ao apresentar a queixa pelo ocorrido, o que gerou duras críticas.
A ação judicial apresentada pela Delegação Presidencial de La Araucanía aponta para os crimes de incêndio, porte ilegal de arma de fogo, disparos injustificados, associação criminosa, e o órgão afirmou que será invocado "qualquer outro ilícito que possa se configurar a partir dos fatos descritos na presente queixa e que sejam determinados durante o curso da investigação que o Ministério Público desenvolver".
A ação judicial apresentada pela Delegação Presidencial de La Araucanía aponta para os crimes de incêndio, porte ilegal de arma de fogo, disparos injustificados, associação criminosa, e o órgão afirmou que será invocado "qualquer outro ilícito que possa se configurar a partir dos fatos descritos na presente queixa e que sejam determinados durante o curso da investigação que o Ministério Público desenvolver".
Ontem, ao ser questionada sobre a aparente contradição, a ministra Tohá explicou que "os atentados que ocorreram em Traiguén, pelo tipo de objetivos que foram definidos, pela intensidade e simultaneidade, nos parecem de máxima preocupação o que aconteceu lá, e têm toda nossa condenação, e vamos persegui-los com as melhores ferramentas que o ordenamento jurídico nos oferecer".
"Por isso priorizamos outro tipo de queixa, que sabemos, de acordo com a experiência, que vamos obter melhores resultados na persecução penal se usarmos a lei de controle de armas, se perseguirmos por incêndio, artefato explosivo, do que se usarmos a legislação antiterrorista que temos e que, inclusive, estamos definindo mudar, justamente porque tem essa deficiência", esclareceu.
Fonte:www.emol.com
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