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O inesperado papel que as plantações florestais poderiam ter na captura de CO2

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A partir das conclusões do Comitê de Carbono Neutralidade e Resiliência, especialistas analisam quanto e de que forma o território florestal e o uso da madeira deveriam aumentar para neutralizar as emissões de dióxido de carbono no ecossistema.

Entre as árvores pode estar a resposta. O Chile busca a forma mais eficaz de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Para isso, o governo apresentou uma série de recomendações que podem direcionar o país nesse caminho.

Os 19 integrantes do Comitê de Carbono Neutralidade e Resiliência, provenientes dos setores público e privado, elaboraram um relatório com 14 propostas que abrangem temas como segurança hídrica, resiliência e redução de emissões nas cidades, além de desafios energéticos, indústrias de baixa emissão e o setor silvoagropecuário. Entre elas, há propostas que representam novas contribuições e outras que reforçam ou aprofundam políticas públicas existentes.

O inesperado papel que as plantações florestais poderiam ter na captura de CO2

Mas uma delas se destaca: aumentar a massa florestal e outras vegetações terrestres e marinhas no Chile, como florestas naturais e plantações, árvores frutíferas, zonas úmidas e algas.

Em relação ao setor florestal, uma das propostas promove o aumento do uso de madeira na construção. Essa ideia surge da experiência de países como o Canadá, onde a madeira representa mais de 90% do mercado da construção, enquanto no Chile não ultrapassa 20%.

“A madeira é o material do século XXI, porque aprendemos na era da industrialização que o uso de materiais como concreto, tijolos, ferros e aços, que não são renováveis, gera altos níveis de poluição durante seu processo de obtenção”, afirma Rose Marie Garay, acadêmica da Faculdade de Ciências Florestais da Universidade do Chile.

A madeira, acrescenta ela, gera mais benefícios ambientais quando incorporada à construção, pois é um material renovável e, “durante seu cultivo, estamos capturando carbono, e sua produção tem menor impacto ambiental no planeta”.

Ela diz que há muito trabalho a ser feito pela indústria para reformar processos produtivos e evitar o uso de combustíveis fósseis. Segundo Garay, é necessário fazer ajustes gradualmente, “pois não acontecerá de um dia para o outro. O relatório mostra as metas”.

No entanto, a docente ressalta que, no caso da construção em madeira, não é bom passar a ideia de que construiremos apenas com esse material, “porque a madeira sozinha não atende aos padrões técnicos necessários. Ela precisa de tinta, adesivos, conectores metálicos e de uma base estrutural, que hoje costuma ser híbrida, com concreto e madeira”.

Ela afirma que, em comparação internacional, as emissões da produção com concreto são oito vezes maiores do que as de outros materiais menos impactantes. “A madeira emite muito menos, mas toda a indústria precisa se adaptar”.

O relatório propõe aumentar a participação da madeira no mercado da construção dos atuais 18% para 28% até 2030.

No entanto, Ariel Muñoz, acadêmico da Universidade Católica de Valparaíso e doutor em Ciências Florestais, alerta que essa medida pode trazer complicações ainda não bem consideradas. “O Canadá é um exemplo, mas aqui as plantações florestais estão perto de áreas habitadas, o que pode ser um risco sério para incêndios”.

O último relatório da ONU indica que incêndios florestais estão mais frequentes e intensos. Em 2017, mais de 500 mil hectares queimaram no centro-sul do Chile, emitindo cerca de 68.000 quilotoneladas de CO₂ equivalente – mais do que as emissões do transporte, geração de energia e indústrias juntas naquele ano.

Por isso, o relatório propõe reduzir a área de incêndios em um terço até 2030 (em relação a 2017), incluindo mecanismos de prevenção no projeto de lei do Serviço Nacional Florestal. A implementação deve começar em 2026.

“Os incêndios não são culpa das árvores, mas de ações humanas. Devemos combatê-los com educação, regulamentação, controle e tecnologia, além de um melhor desenho das plantações”, diz Fernando Santibáñez, especialista em mudança climática da Universidade San Sebastián.

Ele acrescenta que as plantações devem ser projetadas para evitar incêndios em larga escala, com corta-fogos, controle da biomassa herbácea e regulamentação mais rígida sobre a proximidade de áreas habitadas.

Muñoz rebate, dizendo que áreas com plantações florestais costumam ser mais pobres do que antes e que os bosques contribuem mais ao meio ambiente quando não são cortados. Além disso, as plantações consomem muita água em regiões onde esse recurso é escasso.

Santibáñez discorda: “Um bosque de pinheiros ou eucaliptos consome muito menos água que hortaliças ou pomares, que exigem cerca de 10.000 m³ de irrigação por hectare no verão. Já os bosques aproveitam a chuva do inverno e não precisam de irrigação externa”.

Florestas no Chile

A área florestal cobre 23,8% do território nacional (18.056.618 hectares). Desses, 81,62% são bosques nativos (14.739.009 ha) e 17,37% são plantações (3.121.969 ha). O comitê afirma que essa área deve aumentar, mas ainda não está definido quanto.

“É importante incluir bosques nativos no uso produtivo, pois, se abandonados, acabam vendidos como lenha”, diz Garay. A Lei de Bosques Nativos regula sua proteção e uso sustentável.

Ela ressalta que muitos bosques não têm manejo adequado para suprir a demanda da construção, mas alguns tipos, como renovais de carvalho, raulí e coigüe, poderiam começar a ser usados, desde que certificados para uso estrutural.

Garay também menciona que há poucas terras disponíveis para novas florestas, mas a ideia não é substituir bosques nativos, e sim reflorestar solos degradados por agricultura ou erosão.

Ela critica a falta de ação estatal para acelerar a certificação voluntária de pegada de carbono, algo previsto na lei de mudança climática, mas adotado principalmente por empresas exportadoras, não pelas que atendem o mercado interno.

Quanto o território florestal deve crescer para alcançar a neutralidade? Santibáñez calcula que um hectare de bosque captura o CO₂ emitido por 4 pessoas. Para recapturar um quarto das emissões nacionais, seria necessário um milhão de hectares.

Considerando que um quarto da população chilena são 5 milhões de pessoas, isso significa que o plano do governo de replantar 200 mil hectares em 10 anos é cinco vezes insuficiente.

Fonte:La Tercera

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