Exportações de frutas podem superar setores florestal e de salmão e se tornar a segunda maior exportação do país
As cerejas terão um papel fundamental no total, e os despachos do setor podem alcançar US$ 7 bilhões.
O setor frutícola se prepara para alcançar um ano recorde em exportações, deixando para trás as complexidades geradas pela logística e os efeitos das mudanças climáticas.
Entre janeiro e setembro de 2024, as exportações de frutas frescas somaram US$ 5,036 bilhões, segundo a ProChile, com base em dados do Serviço Nacional de Aduanas. O valor praticamente iguala os US$ 5,066 bilhões de todo o ano de 2023, o segundo maior montante dessas exportações. O recorde foi em 2021, quando foram embarcados cerca de US$ 5,187 bilhões para o exterior.
Se a tendência se mantiver, a ProChile prevê que as exportações superarão as do ano passado, alcançando um novo recorde. Isso, considerando que ainda falta contabilizar o quarto trimestre, período de pico das exportações, que inclui o início dos embarques de cerejas, berries e frutas de caroço, somando-se às maçãs, peras e kiwis, entre outros.
“Sem dúvida, é uma indústria que continuará crescendo, apesar dos contratempos enfrentados nos anos 2020, 2021, 2022 e 2023. Em 2024, já vimos uma normalização dos fatores externos que afetaram o setor nas temporadas anteriores, e podemos esperar o mesmo para a temporada 2024-25 e as seguintes”, diz Gonzalo Salinas, analista sênior do Rabobank.
Ascensão
Ignacio Fernández, diretor-geral da ProChile, afirma que as exportações de frutas frescas em 2024 “podem ser as mais altas dos últimos 20 anos”. Os dados da ProChile indicam que os valores quase quadruplicaram: passando de US$ 1,292 bilhão em 2003 para US$ 5,066 bilhões em 2023.
A associação Frutas de Chile projeta que as exportações de frutas frescas superarão US$ 7 bilhões este ano e podem chegar a US$ 10 bilhões até 2030. “A indústria está no seu melhor momento e, com isso, o Chile consolida seu reconhecimento internacional como um dos maiores fornecedores de frutas frescas de qualidade no mundo”, diz Iván Marambio, presidente da Frutas de Chile.
Assim, as exportações frutícolas podem ultrapassar a salmonicultura e o setor florestal no pódio dos principais produtos de exportação, atrás apenas do cobre. Com isso, se tornariam a segunda maior exportação do país.
O setor de salmões embarcou cerca de US$ 6,4 bilhões em 2023, segundo dados da Aduana. Já os despachos florestais alcançaram aproximadamente US$ 5,556 bilhões, de acordo com o Instituto Florestal do Chile (Infor).
As cerejas terão um papel fundamental nesse impulso. “Só as cerejas representam quase um ponto inteiro do PIB nacional”, acrescenta Marambio.
Para a temporada 2024-2025, estimam-se embarques de 131 milhões de caixas, cerca de 660 mil toneladas, entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões em valor, segundo o setor.
“Se a estimativa de volume para esta temporada 2024/25 se confirmar, a cereja se tornará a líder indiscutível da indústria de exportação de frutas frescas do Chile, tanto em área plantada quanto em volume e valor de exportação”, afirma Salinas. “Esse papel fundamental da cereja nas exportações de frutas frescas do Chile se manterá nas próximas temporadas, sem que outro produto possa competir nesta década”, acrescenta.
Fonte: Edição assinatura doEl Mercurio