Michel Esquerré: "O impacto de uma PME em uma localidade é tão profundo quanto o das grandes empresas"
Em diálogo no programa Conversando com a Acoforag, Michel Esquerré, presidente da Pymemad, expôs com clareza a difícil situação enfrentada pelas pequenas e médias empresas (PMEs) do setor florestal no Chile. Segundo Esquerré, há oito ou dez anos, as PMEs representavam 11% das exportações de madeira da indústria florestal. Hoje, esse número caiu para menos de 3%.
Essa queda, explicou, deve-se a uma combinação de fatores: a crise dos incêndios florestais, o desaparecimento de incentivos estatais para plantações de pequenos e médios proprietários e a estagnação geral da indústria. "O pequeno e médio proprietário não está replantando, e sem árvores, não há madeira nem celulose", afirmou Esquerré, alertando que a falta de ação pode ter consequências a longo prazo, inclusive para as grandes empresas.
Impacto local e encadeamento econômico
Esquerré destacou o efeito multiplicador das PMEs florestais nas comunidades locais. Em localidades como Santa Juana, onde as opções de emprego são limitadas, as PMEs geram trabalho estável durante todo o ano, em contraste com as atividades sazonais de outras indústrias. Além disso, essas empresas impulsionam a economia local ao interagir com oficinas, transportadoras e comércios da região.
“O impacto de uma PME em uma localidade é tão profundo quanto o das grandes empresas, mas o Estado não entende assim. Eles classificam as empresas por vendas anuais, sem considerar seu contexto nem sua contribuição territorial”, afirmou. Esquerré criticou a falta de uma diferenciação adequada, já que se equiparam PMEs locais a gigantes como Arauco e CMPC, que têm milhares de funcionários e operam em escala global.
O caminho para a descarbonização
O líder do setor também ressaltou o papel essencial do setor florestal na descarbonização da economia chilena. No entanto, alertou que, sem apoio às PMEs, o setor pode enfraquecer, comprometendo os objetivos nacionais de sustentabilidade.
Nesse contexto, Esquerré elogiou iniciativas como a Mesa da Industrialização, que busca promover o emprego regional e revalorizar a indústria florestal. "É vital que todos os atores —desde os sindicatos até as grandes empresas e o Estado— trabalhem juntos para corrigir os erros do passado e garantir um futuro sustentável para o setor", concluiu.
Esse chamado à ação coloca no centro do debate a necessidade de uma política pública que reconheça o valor das PMEs florestais e seu impacto nas comunidades, uma medida crucial para revitalizar um setor-chave da economia chilena.
A entrevista está disponível no canal do Youtube da Acoforag