Multigremial Araucanía: Comissão pela Paz e Entendimento tem uma abordagem que perpetua erros históricos
Após as recentes publicações no jornal La Tercera, que detalham as propostas apresentadas pelos integrantes da Comissão pela Paz e Entendimento, a Multigremial da Araucanía afirmou que "queremos manifestar nossa máxima preocupação diante de uma abordagem que perpetua erros históricos e ameaça aprofundar a crise em nossa região".
Como atores comprometidos com o desenvolvimento e a paz da Araucanía, acreditamos que essas propostas consolidam um modelo de políticas que favorecem gastos excessivos, incentivam privilégios e agravam as divisões sociais.
Uma das propostas mais preocupantes é a criação de um Banco de Terras como resposta às reivindicações territoriais. Essa ideia continua focando em um problema mal resolvido pelo Estado, transferindo injustamente a responsabilidade para os atuais proprietários, que não geraram o problema.
Nas últimas décadas, o Estado gastou mais de 1 bilhão de dólares na compra de terras, que em sua maioria ficaram abandonadas ou improdutivas. Agora, propõe-se gastar 3 bilhões de dólares adicionais, perpetuando o que chamamos de "Poço Sem Fundo", um sistema que destrói a capacidade produtiva da região e não resolve os problemas de base.
Atualmente, essa política tem um custo médio de 100 milhões de pesos por família beneficiada, entregues sem rigor, baseando-se na falta de títulos de merced. Esses números não só são insustentáveis, mas também representam uma injustiça para o chileno médio. Além disso, os resultados são nulos: os beneficiários continuam na mesma situação inicial, enquanto a perda produtiva se aprofunda.
Reconhecemos a necessidade de reparação para quem realmente sofreu perdas em relação a títulos reconhecidos pelo Estado chileno, mas isso deve se limitar àqueles que possam comprovar direitos legítimos por meio de títulos de merced ou outros instrumentos legais válidos. A reparação não pode se tornar um sistema de privilégios que afeta o resto do país. A justiça deve ser construída sem destruir a produtividade ou impor custos desproporcionais que acabem sendo pagos por todos os chilenos. Nesse sentido, reiteramos que a reparação deve incluir opções diferentes da entrega de terras, permitindo que os beneficiários escolham livremente, possibilitando soluções sustentáveis e eficazes para o desenvolvimento regional.
Da mesma forma, fazemos um apelo a alguns dos comissionados para que evitem experimentos e testes com nossa Araucanía. Em vez de políticas que só geram incerteza e dividem ainda mais a região, é urgente implementar medidas concretas que promovam o trabalho e valorizem terrenos abandonados. A terra não pode continuar sendo o centro do problema nem uma ferramenta que aprofunda a pobreza na Araucanía.
Por isso, reafirmamos nosso compromisso com a liberdade para empreender. Em nossa região, são bem-vindos todos aqueles que desejam gerar valor, trabalho e investimento, independentemente de sua origem; porque essa é a base para alcançar o desenvolvimento e a paz. No entanto, nos preocupa a atitude daqueles que pretendem decidir quem pode ou não trabalhar nas regiões do sul, ou que se sentem no direito de dispor de recursos legitimamente adquiridos. Essas visões excludentes só prejudicam o progresso de nossa região e de seus habitantes.
Por outro lado, nos preocupa que alguns comissionados tenham colocado sobre a mesa propostas de indulto para quem foi condenado por crimes graves relacionados a reivindicações territoriais. Isso é um golpe na justiça e um retrocesso na construção da paz. Essa ideia inclui figuras como Héctor Llaitul? A justiça não pode ser negociável, e qualquer tentativa de validar a violência como mecanismo de pressão é um perigo para o futuro de nossa região.
O país tem a oportunidade de corrigir o rumo e reparar o enorme dano causado, com o objetivo de reconstruir confianças e projetar um futuro de paz e desenvolvimento. Isso implica, entre outras coisas, reformar a Lei Indígena, garantir soluções que respeitem a propriedade privada, impulsionem o desenvolvimento e promovam a convivência pacífica.
Reparar não é dividir. Avançar não é retroceder ao passado.