Simón Berti enfatizou que qualquer política de incentivo deve respeitar a liberdade dos proprietários
O presidente do Colégio de Engenheiros Florestais desmistificou no programa "Conversando com a Acoforag" a percepção de que o setor florestal é altamente rentável.
No episódio 46 deConversando com a Acoforag, Simón Berti, presidente do Colégio de Engenheiros Florestais do Chile, abordou os desafios atuais do setor florestal chileno. Durante sua intervenção, destacou a falta de incentivos estatais como uma das principais razões pelas quais o setor perdeu dinamismo nos últimos anos.
Berti apontou que a interrupção doDecreto Lei 701, que incentivava a florestação em solos erodidos para pequenos e médios proprietários, marcou um ponto de inflexão no setor. "Esse fracasso em não poder continuar com esse benefício foi o início do freio para o setor florestal", afirmou.
Uma atividade de alto risco e baixa rentabilidade
O presidente do Colégio de Engenheiros Florestais desmistificou a percepção de que o setor florestal é altamente rentável. Segundo Berti, ataxa interna de retornode um projeto florestal raramente ultrapassa 6,5%, e os riscos associados, como incêndios, pragas, geadas e ventos, tornam-no um investimento de longo prazo com muitas incertezas.
"Para ter sucesso em um plantio de 25 anos, precisamos de 25 verões consecutivos sem incêndios", destacou, acrescentando que outros riscos, como ventos fortes, podem causar danos significativos, como ocorreu no inverno passado, quando40.000 hectares de florestas no Chile foram derrubadas, um evento que passou despercebido na imprensa.
Liberdade para os proprietários
Berti enfatizou que qualquer política de incentivo deve respeitar aliberdade dos proprietáriospara escolher quais espécies plantar, dependendo das condições do solo, do clima e das demandas do mercado. "O proprietário da pré-cordilheira pode optar por pinheiro-do-Oregon, enquanto outro próximo a uma fábrica de celulose pode preferir eucalipto. Todas as árvores trazem benefícios sociais, como a absorção de CO2 e a mitigação da erosão", explicou.
Além disso, destacou a importância de criar incentivos simples e eficazes que sejam atraentes para pequenos e médios proprietários. "O sucesso de um incentivo está em que os vizinhos vejam os benefícios tangíveis e se sintam motivados a participar", afirmou.
Um modelo para o futuro
Simón Berti ressaltou a necessidade derepensar o modelo florestal chilenoe adaptá-lo às novas realidades sociais e ambientais. "O Chile foi pioneiro em incentivar o setor florestal nos anos 70, e hoje outros países replicaram esse modelo. Agora, precisamos evoluir para um que deixe todos os atores tranquilos, permita que o setor continue crescendo e seja sustentável no longo prazo", concluiu.
Com essas reflexões, o desafio está nas mãos das autoridades para implementar políticas que reativem este setor estratégico para o país e suas comunidades.
A entrevista completa está no canal do YouTube da Acoforag: