Ministro da Agricultura sobre declarações da CMPC: “Não é efetivo que haja um recuo”
- Esteban Valenzuela abordou conteúdo da carta de Luis Felipe Gazitúa aos acionistas.
O ministro da Agricultura, Esteban Valenzuela, comentou as declarações do presidente da Empresas CMPC, Luis Felipe Gazitúa, que em uma carta dirigida aos acionistas da empresa afirmou perceber um “recuo da indústria florestal”. Isso, devido ao impacto das queimadas de florestas, roubos de madeira, invasões e à insegurança.
“Não é efetivo que haja um recuo”, afirmou o secretário de Estado, lembrando que, nos dois primeiros meses de 2024, as exportações florestais cresceram 7,5% ao ano, alcançando US$ 988 milhões. “Os principais mercados de destino continuam sendo liderados pela China e pelos Estados Unidos, portanto, o desempenho de nossas exportações ainda está diretamente relacionado ao desempenho dessas economias”, escreveu Valenzuela ao “El Mercurio”.
-O presidente da CMPC afirmou que, enquanto em outros países da região e desenvolvidos o setor florestal está crescendo, no Chile não há avanços. O senhor compartilha dessa visão?
-“Tenho uma visão bastante positiva do futuro. Para o Governo e o ministério, o setor florestal é um pilar fundamental para o desenvolvimento rural e do país. Evidentemente, os incêndios, os roubos de madeira e outros fatores geraram incerteza. Por isso, implementamos mesas de diálogo para discutir o futuro do setor, ouvindo os atores e propondo projetos de lei que incentivem práticas responsáveis e sustentáveis (...) É importante enfatizar que, assim como o uso da madeira é necessário, também é essencial sua origem, ou seja, deve vir de um manejo florestal sustentável. Isso implica que as plantações florestais devem se desenvolver em equilíbrio econômico, social e ambiental, respeitando as particularidades de cada território e, principalmente, as comunidades.”
-Existe algum plano concreto de fomento para as PMEs florestais?
-“Claro, temos promovido fortemente, dentro dos orçamentos disponíveis, diversas iniciativas para envolver as PMEs no desafio habitacional. Junto ao Minvu, Corfo e Gore Biobío, lançamos em 2022 o programa estratégico para a construção industrializada Madeira Biobío, que destinou recursos para o design de moradias industriais em madeira e prospectivas tecnológicas para PMEs. Inclusive, um grupo de 13 PMEs irá ao Canadá no final de abril (...). Da mesma forma, instrumentos FIC das regiões estão apoiando empresas na transformação digital e em tecnologias para construção. Algo similar ocorreu em Ñuble, onde a Corfo está apoiando a difusão tecnológica para PMEs. Instruímos o Instituto Florestal a levar iniciativas semelhantes para La Araucanía, Los Lagos e Maule.”
-Garantir a segurança das florestas das PMEs florestais é fundamental para que este setor tenha um novo impulso?
-“O setor enfrenta megaincêndios desde 2017, mas este Governo avançou e espero que isso seja reconhecido. O orçamento da Conaf para prevenção e combate a incêndios foi duplicado, o que trouxe mais segurança e colaboração público-privada para a indústria, como visto na temporada bem-sucedida de combate e prevenção, que reduziu as áreas afetadas para 70.000 hectares, enquanto a média do quinquênio era de 140.000 (...). Além disso, há situações distintas. Em Arauco e Malleco, Sebastián Naveillán, presidente dos agricultores de Malleco, nos visitou e destacou que a redução de ataques este ano foi explícita e significativa. Também é importante lembrar que avançamos com a lei contra o roubo de madeira, que ajudou a criar um contexto de maior segurança e responsabilidade dos compradores em relação à origem da madeira, o que foi um avanço significativo.”
“O Governo vai garantir que, ainda este ano, seja apresentada uma lei de fomento a mais florestas e agroflorestas sustentáveis, contribuindo para um modelo mais misto, que chamamos de 70-30, em que 70% podem ser plantações florestais, mas 30% devem ser áreas de corta-fogos, mitigação, proteção de zonas úmidas com pastagens e combinação com fruticultura, entre outros aspectos, para ajudar no crescimento econômico do país.”
Fonte: El Mercurio