Acoforag destaca que crise no setor florestal se deve a incêndios e políticas públicas que ameaçam o futuro
- René Muñoz, gerente da associação, conversou com o programa El Agro da Rádio Agricultura, onde afirmou que a indústria florestal enfrenta um cenário desanimador diante da escassez de matéria-prima e da falta de visão de longo prazo do Estado.
A indústria florestal chilena está em um ponto crítico, com a diminuição da disponibilidade de madeira e o fechamento de plantas industriais, o que ameaça o sustento de muitas famílias e o desenvolvimento regional. René Muñoz, gerente da Associação de Contratistas Florestais A.G. (Acoforag), expressou no programa El Agro da Rádio Agricultura sua preocupação com a situação atual e o futuro do setor.
Muñoz destacou que a violência, a insegurança e a intencionalidade nos incêndios tiveram um impacto significativo na disponibilidade de matéria-prima, levando ao fechamento de três importantes plantas industriais do grupo Arauco. Essa situação também afeta as pequenas serrarias que dependem da madeira de terceiros, incluindo pequenos proprietários cujas florestas foram devastadas pelo fogo.
A projeção é sombria, com uma diminuição estimada na disponibilidade de madeira de 5 milhões de metros cúbicos nos próximos 15 anos. Muñoz alerta que a falta de uma visão de longo prazo por parte do Estado e o investimento de grandes empresas em projetos florestais em outros países, como o Brasil, colocam em risco o potencial de crescimento do setor no Chile.
O gerente da Acoforag enfatiza que o setor florestal é fundamental para o desenvolvimento regional, especialmente na macrorregião que vai da região de Maule até a dos Lagos, incluindo também as regiões de Valparaíso e Coquimbo. No entanto, a falta de reflorestamento e manejo adequado das terras florestais é uma preocupação crescente.
Muñoz também abordou o tema dos incentivos e fomentos estatais, indicando que, embora existam, não são suficientes para cobrir os custos de florestamento e reflorestamento, que são investimentos de longo prazo. Segundo cálculos da Corma, são necessários entre 15.000 e 25.000 milhões de pesos por ano para florestar entre 10.000 a 20.000 hectares.
Além disso, a alta carga tributária que os proprietários florestais enfrentam, que chega a quase 46% por metro cúbico de madeira vendida, desincentiva o investimento no setor. Muñoz faz um apelo por uma maior visão de Estado e pela necessidade de uma liderança que olhe para o futuro do país e seu potencial florestal, algo que, segundo ele, faltou nas últimas administrações.
Ele também falou sobre o impacto do Estado de exceção na Araucanía e em duas províncias do Biobío, e como razões ideológicas podem estar dificultando a incorporação do setor florestal ao desenvolvimento do país.
A entrevista completa está disponível no podcast El Agro da Rádio Agricultura:
https://www.radioagricultura.cl/podcast/el-agro-sabado-25-mayo-2024/#