Avança preparação do local que abrigará futuro jardim botânico da UdeC
- A colheita de espécies arbóreas exóticas continua nestes dias nos morros adjacentes à Universidade de Concepción. Este é um passo fundamental, que permitirá disponibilizar áreas para o primeiro jardim botânico da UdeC, no âmbito da linha de conservação ex situ do projeto Campus Natureza.
Atualmente, é uma área pequena, mas são os primeiros passos para implementar o início das ações do futuro jardim botânico da Universidade de Concepción. A colheita intervirá em 6 hectares nos morros vizinhos à Casa de Estudos, até então ocupados por espécies arbóreas exóticas. Este espaço fará parte da conservação ex situ do projeto Campus Natureza, uma modalidade que tem como objetivo a conservação de espécies (flora, fauna, funga) fora de sua distribuição natural.
Antes do início das atividades de colheita, foi identificada a presença e distribuição de pequenos grupos de árvores e arbustos nativos, que ainda subsistem sob os eucaliptos, espécie dominante nos terrenos. Esta foi uma medida voluntária estabelecida pela Universidade, que se soma ao Plano de Manejo, aprovado pela Conaf em março de 2024.
O Diretor do projeto Campus Natureza Universidade de Concepción, Dr. Cristian Echeverría Leal, comenta que "isso foi feito com o objetivo de mantê-las (espécies nativas) após a colheita e que possam auxiliar no estabelecimento das árvores nativas que farão parte da coleção ex situ de Nothofagus chilenos ameaçados. Diversas pesquisas científicas, em algumas das quais participamos, concordam que a crise climática e as alterações causadas pelo ser humano podem impactar seriamente a sobrevivência deas três espécies deste gênero na América do Sul e endêmicas do Chile, que são Nothofagus alessandrii (ruil), em perigo, N. glauca (hualo) e N. macrocarpa (roble de Santiago), em estado vulnerável. Esses estados de ameaça e vulnerabilidade nos instam a direcionar nossos maiores esforços para a conservação dessas espécies, neste caso, fora de sua distribuição natural, que é entre as regiões Metropolitana e Maule", explica o acadêmico da UdeC.
Crescem osNothofagus
Embora a colheita seja a primeira ação material da conservação ex situ do projeto Campus Natureza na Universidade de Concepción, o processo começou muito antes. Hoje, osNothofagusque povoarão os hectares a partir de julho deste ano crescem no viveiro do Instituto Florestal (Infor). Para isso, foi necessário coletar as sementes ao longo de toda a distribuição natural dessas espécies, tarefas nas quais estiveram envolvidos diferentes profissionais das instituições que fazem parte do projeto"Conservação e Restauração das espécies ameaçadas de Nothofagus na América do Sul".
Esta iniciativa, financiada da Suíça pela Fundação Franklinia e liderada pela Universidade de Concepción, por meio do Laboratório de Ecologia da Paisagem, evidencia a preocupação da comunidade científica internacional com a conservação dessas espécies arbóreas emblemáticas do hemisfério sul do planeta.
Nesse contexto, Manuel Acevedo Tapia, pesquisador do Infor, uma das instituições envolvidas no projeto de conservação deNothofagus,explica que um dos aspectos centrais é evitar que indivíduos (árvores) aparentados, ou seja, provenientes do mesmo local, se cruzem entre si. Com isso, aumentam-se as chances de sucesso na sobrevivência das plantas.
"A produção de plantas é realizada levando em consideração a localização dos lugares onde as sementes são coletadas. A ideia é que sejam consideradas as plantas-mãe, do viveiro de onde provêm, para evitar processos de endogamia que ocorrem ao estabelecer indivíduos da mesma mãe em um local comum. Portanto, o objetivo é produzir plantas mantendo um registro, para posteriormente levá-las ao Campus Natureza com base em um acompanhamento conforme viveiros e locais de origem".
Preparação da superfície para conservação ex situ
As atividades de colheita são realizadas considerando as espécies nativas existentes na área, conforme explica o Responsável por Propriedades e Gestão Florestal da Universidade de Concepción, Juan Emilio Espinoza. "Até o momento, resta aproximadamente meia hectare de superfície a ser colhida, considerando que as atividades serão realizadas em duas etapas, a segunda das quais começará quando as condições climáticas melhorarem. Neste caso, está sendo feito um corte direcionado dentro da plantação, para afetar o mínimo possível os núcleos nativos que podem existir dentro do povoamento a ser colhido. Neste caso, as espécies nativas que temos são principalmente boldo, litre e peumo, e, portanto, está sendo feito todo o possível para protegê-las. Nenhuma espécie nativa foi cortada em nenhum caso, a ideia é deixar o maior número possível de espécies nativas que de alguma forma favoreçam o processo que será implementado no setor".
Além das próprias atividades de colheita, ele acrescenta que os trabalhadores foram capacitados e foi estabelecido nas bases da licitação que o maior número possível de espécies nativas fosse preservado. "Agora, sempre haverá uma alteração, porque estamos falando de derrubada de árvores que têm entre 20 a 30 metros de altura, portanto, é muito provável que alguma vegetação nativa seja danificada; no entanto, estamos tentando evitar que isso aconteça".
A área afetada pelas atividades de colheita tem caráter de recinto privado (propriedade da Universidade de Concepción). No entanto, é de conhecimento seu uso para recreação e esportes pela comunidade local e, nesse contexto, a Universidade faz um apelo especial para que não se transite por esses setores e sejam adotadas medidas de segurança para evitar acidentes.
Fonte:noticias.udec.cl