Pesquisa conclui que florestas de Chiloé estão entre as que mais captam CO2 por hectare no mundo
- As projeções indicam que as florestas maduras da Patagônia chilena têm um armazenamento de carbono por hectare igual ou superior, sendo superadas globalmente apenas por uma floresta em Oregon, Estados Unidos.
Após dez anos de estudos que envolveram o monitoramento permanente de uma floresta madura em Chiloé, uma pesquisa liderada por Jorge Pérez-Quezada, cientista do Instituto de Ecologia e Biodiversidade (IEB) e acadêmico da Universidade do Chile, demonstrou que esse ecossistema nativo é um grande sumidouro de dióxido de carbono (CO2) e um aliado fundamental para a mitigação das mudanças climáticas em escala global.
O trabalho concluiu que as florestas de Chiloé absorvem cerca de 18 toneladas de dióxido de carbono por hectare ao ano, colocando-as em níveis próximos aos das florestas tropicais úmidas, que atingem uma média de absorção de 22,5 toneladas de CO2 por hectare ao ano. Assim, cada hectare de floresta de Chiloé absorve o equivalente às emissões de 3,4 carros em um ano.
Esse ecossistema, localizado dentro da Estação Biológica Senda Darwin, armazenou ao longo de sua existência 1.073 toneladas de carbono por hectare, uma quantidade que, na taxa atual de absorção, levaria 211 anos para ser fixada. "Antes, acreditava-se que essas florestas antigas não continuavam a acumular carbono, mas este estudo detalhado e pioneiro no Chile soma-se a outros que demonstram que elas estão sim fazendo isso. Esses dados exatos também estão sendo coletados no Parque Nacional Alerce Costero, na Região de Los Ríos, e em ecossistemas de floresta e turfeira em Puerto Williams. Poder medir com certeza o fluxo de carbono nas florestas do Chile é um grande passo para promover sua conservação e continuar analisando outros ecossistemas similares no país", afirma o acadêmico da Faculdade de Ciências Agronômicas da U. do Chile.
Os resultados em Chiloé permitem projetar que essa enorme capacidade de absorver CO2 se estende para a Patagônia chilena em igual ou maior quantidade, por ser uma área menos intervencionada. Justamente, na região de Puyuhuapi, na Região de Aysén, está sendo medida a capacidade de suas florestas de armazenar carbono, e estima-se que estaria entre as mais altas do mundo, superada apenas por uma floresta temperada em Oregon, Estados Unidos.
A pesquisa, realizada em uma área protegida próxima a Ancud, foi possível graças à instalação de torres de monitoramento Eddy covariance, que geram dados mais precisos do que os satélites, cujos registros são afetados pela massiva presença de nuvens na região. Essas torres medem a troca de dióxido de carbono entre os ecossistemas e a atmosfera, permitindo saber se uma floresta é fonte ou sumidouro de carbono, informação crucial diante da atual crise climática e de biodiversidade. Esse trabalho também faz parte dos estudos de longo prazo impulsionados pela Rede LTSER Chile (Rede de Estudos Socioecológicos de Longo Prazo).
Pérez, que é engenheiro agrônomo e Doutor em Ecologia, lembra que o Ministério do Meio Ambiente assumiu o compromisso de estimar – por meio das chamadas Contribuições Determinadas a Nível Nacional (NDC) – quanto nosso país contribui para a luta contra as mudanças climáticas. Por isso, a pasta manifestou a necessidade de realizar estimativas mais exatas, já que as medições existentes no Chile sobre quanto carbono os ecossistemas estão capturando baseiam-se principalmente em dados do hemisfério norte ou usam metodologias indiretas. Daí a importância deste estudo.
Créditos de carbono para a conservação
Além de estabelecer as bases para a conservação de nossos ecossistemas nativos ameaçados e formar uma base sólida para sustentar o compromisso do Chile de ser um país carbono neutro até 2050, a pesquisa representa um importante insumo para a geração de Créditos de Carbono de um padrão muito superior ao existente até agora. Embora seu objetivo seja reduzir as emissões causadoras do aquecimento global por meio de certificados que podem ser negociados no mercado, os créditos têm sido questionados recentemente pela imprecisão dos dados em que se baseiam.
"A capacidade que temos de combinar diferentes tecnologias de última geração, que estamos utilizando para medir a biomassa com precisão centimétrica e o sequestro de carbono de nossas florestas com sensores instalados in situ, nos permite garantir o cálculo mais preciso que existe nessa área. Isso confere um nível de confiança e rastreabilidade tão grande à certificação de nossos créditos, que acreditamos que revolucionará o mercado de Créditos de Carbono", explica Felipe Escalona, fundador e CEO da empresa Carbon Real.
A empresa começará este ano a vender créditos de carbono de alta qualidade baseados em medições reais e informações rastreáveis e incorruptíveis, com o objetivo de promover a conservação da natureza, além de criar benefícios de economia sustentável para os proprietários de terras e as comunidades locais.
Fonte:udechile.cl
Vanbeek
Publicado el 22:55, 31 AgostoMuy completo el artículo se agradece poder compartirlo en la pagina para los lectores.
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