Alerta por queda nos envios dos setores pesqueiro e florestal
- A paralisação do Porto Coronel seria a causa da diminuição dos números durante abril na Região. Enquanto isso, projetam que o cenário pode se repetir nos próximos meses.
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), as exportações na Região do Biobío diminuíram 28,3% em doze meses, totalizando apenas 398,1 milhões de dólares no mês de abril, contração que foi explicada por setores como pesca e indústria.
Além disso, a carga movimentada e manipulada pelos portos regionais também apresentou uma queda de 23,3% entre abril de 2023 e o mesmo período em 2024, devido a um menor movimento de serviços como desembarque exterior e cabotagem.
O relatório do INE detalhou que entre janeiro e abril deste ano foram movimentadas 8.518.734 toneladas de carga pelos portos da região, representando uma queda de 3,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, influenciada pelos serviços de desembarque exterior (-14,6%) e cabotagem (-3,6%). Enquanto isso, os serviços de embarque exterior (8,3%), trânsito (3,3%) e reestivas e transbordo (1,7%) registraram aumento.
Em relação ao exposto, o diretor do curso de engenharia comercial da Universidade San Sebastián, Juan Pablo Pinto, explicou que “a paralisação do Porto Coronel afetou a atividade de carga e descarga nos meses de março e abril de 2024, portanto, tem uma forte influência nesse período na queda da carga de exportação da região, considerando que o setor madeireiro, um dos de maior impacto na matriz produtiva da região, escoa seus produtos principalmente por este porto. O setor frutícola e agrícola também foi afetado, tendo que buscar outras opções para escoar seus produtos”.
CONTRAÇÃO DOS SETORES
Sobre as exportações, Alfredo Meneses, gerente geral da Asexma, afirmou que “quando se analisa e vê quais indicadores precipitaram essa queda, nota-se com preocupação que o setor florestal teve seus envios reduzidos em 20%, e há causas relacionadas à falta de plantações, o que tem a ver com os incêndios, gerando um alerta muito importante para o futuro econômico da Região”.
No caso do setor pesqueiro, o também representante da Mesa Comex destacou que se trata de um setor relevante para a economia regional, pois concentra grande parte da mão de obra. “O setor pesqueiro teve seus envios contraídos em 42,5% no mês de abril na Região, mostrando quedas em relação às suas exportações para o mercado internacional”, disse.
Meneses acrescentou que “tudo isso, além de um tipo de câmbio que, de uma forma ou outra, manteve-se relativamente estável. Mas, apesar disso, as quedas foram muito significativas (...) certamente, a paralisação do Porto Coronel tem um efeito real. Tendo a prever que o próximo número também será negativo, pois o efeito da queda dos envios devido à paralisação será internalizado”.
Sobre a situação das cargas a nível regional, Alfredo Meneses detalhou que a maioria das cargas que não foram movimentadas no Porto Coronel não foram absorvidas pelos outros portos da Região. “Pelo volume que Coronel manuseava, muitas delas foram redirecionadas para a zona central, o que traz outros efeitos prejudiciais à logística do Biobío, somando-se a esse cenário preocupante mostrado pelo setor florestal e pela pesca, que está no meio desta discussão legislativa”, afirmou.
DESTINOS E EMPRESAS EXPORTADORAS
Juan Pablo Pinto também mencionou que o baixo crescimento fez com que empresas exportadoras adotassem critérios conservadores e reduzissem – ou em alguns casos mantivessem – sua produção, mas não crescessem. “Na região, as exportações relacionadas ao setor madeireiro-florestal, o commodity do sul, estagnaram devido ao aumento de custos, muitos explicados pela alta inflação durante grande parte de 2023”, esclareceu o economista.
Embora, para Alfredo Meneses, essas quedas tenham respostas multissetoriais e cenários como o inflacionário influenciem, ele destacou que “se olharmos para o destino, a China apresentou uma queda de 44% e os Estados Unidos de 14,3%, ou seja, nossos dois principais parceiros tiveram quedas em relação ao destino de nossas exportações, lembrando que com a China temos a questão das salvaguardas, onde a Huachipato está envolvida, então há outro nível de incerteza que se soma à análise”.
Fonte: edição assinatura do jornalEl Sur