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Incêndios: Funcionários acusam negligências da Conaf e que virou uma "caixa pagadora" de políticos

Incêndios: Funcionários acusam negligências da Conaf e que virou uma "caixa pagadora" de políticos

  • Na Comissão Investigadora da Câmara sobre o incêndio na Região de Valparaíso, os dirigentes da associação de funcionários da Conaf apontaram o dedo ao diretor executivo do órgão, Christian Little, e ao titular da Agricultura, Esteban Valenzuela, pela contratação de assessores ligados à Federação Regionalista Verde Social (FRVS), onde o ministro milita.

Acusações graves sobre o manejo da Corporação Nacional Florestal (CONAF) foram feitas pelos líderes sindicais da entidade, atribuindo responsabilidades ao diretor executivo, Christian Little, e ao ministro da Agricultura, Esteban Valenzuela.

Os funcionários foram convidados a depor na Comissão Investigadora da Câmara dos Deputados, que apura as responsabilidades políticas e as ações de prevenção e combate aos incêndios que atingiram a Região de Valparaíso em fevereiro, deixando 135 mortos.

Compareceram Ricardo Heinsohn, Eduardo Olmedo e Marcelo Pérez, dirigentes do Sinaprof, Sindicato Nacional dos Profissionais da Conaf.

Em suas intervenções, afirmaram que as autoridades da Conaf foram alertadas precocemente sobre o avanço do incêndio e também expressaram preocupação com o excesso de contratações de caráter político que dizem observar no órgão, subordinado ao Ministério da Agricultura.

Em particular, destacaram a contratação de figuras, várias ligadas à Federação Regionalista Verde Social (FRVS), onde o ministro milita, e algumas delas na Região de O’Higgins, de onde o ministro é originário.

Estimaram as contratações em 23 assessores sem funções definidas e, a pedido dos deputados presentes, comprometeram-se a enviar um relatório com os detalhes e a lista dos contratos.

Questionado, o Ministério da Agricultura recusou-se a responder à acusação e disse que o assunto é de responsabilidade da Conaf.

A denúncia

Segundo Ricardo Heinsohn, presidente dos funcionários, a gestão de Little, nomeado para o cargo em março de 2022 pelo ministro Valenzuela, "não está à altura" e que ele se recusou a esclarecer publicamente o manejo durante a emergência.

Ele afirma que, apesar do aumento do orçamento para o combate a incêndios, que subiu 47% entre 2023 e 2024, isso não se refletiu nas ações de combate.

"De que adiantou o aumento do orçamento? Chegamos a suspeitar que há dinheiro que supostamente saiu desses cofres para a contratação de 23 assessores externos na Conaf, algo nunca visto antes na corporação".

Surgem perguntas: Em que momento o diretor executivo da Conaf apareceu no incêndio? Ele esteve na zona, esteve em Peñuelas durante o incêndio e não fez nada. Que medidas ordenou tomar, a que hora, por quais meios? Realmente é verdade que não houve nenhum meio de comunicação para dar o alerta precoce e oportuno? O senhor Little se recusou a responder essas questões e não quis se explicar.

Só na região de Valparaíso, diz ele, já passaram cinco diretores regionais desde 2022, nomeados diretamente pelo diretor executivo. "Não se entende como nenhuma instituição pode funcionar dessa forma", afirmou o dirigente.

"Nos disseram que não há orçamento para contratar mais pessoal, que não há vagas. Mas o dinheiro para contratar assessores, pessoas externas à Conaf que não têm ideia de como a Conaf funciona, teria sido usado com recursos adicionais ao orçamento de incêndios".

"Cerca de $1.800 milhões de pesos teriam sido gastos com os assessores".

"A militância é do Frente Regionalista Verde Social. Todos esses personagens são membros do FRVS, partido do ministro da Agricultura, temos vários 'afilhados' contratados especialmente em sua região".

Esses assessores "não têm funções específicas para realizar", afirmou.

"Historicamente, até dois anos atrás, na região de O’Higgins, tínhamos dois advogados. Hoje há cinco advogados, já há algo estranho, e essa é a região do ministro".

"Isso nunca havia acontecido na Conaf, que se transformasse em uma caixa pagadora de favores políticos. Infelizmente é assim, e dá indignação. Somos funcionários de carreira da Conaf e isso nos dá raiva".

"Isso não é uma decisão apenas do diretor executivo, isso chega ao ministro, e o ministro tem que colocar a casa em ordem".

Os deputados presentes, entre eles Luis Cuello (PC), pediram aos dirigentes que enviassem um relatório detalhando exatamente a lista, os valores comprometidos e as funções dos assessores.
Alerta prévio. A Comissão também investigou por que a Conaf não emitiu um alerta precoce sobre o avanço dos incêndios.

Segundo imagens reveladas pelo T13, o órgão tinha vídeos dos incêndios que não foram comunicados oportunamente às autoridades locais do Senapred, Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres.

O deputado Tomás Lagomarsino (Partido Radical), presidente da comissão, disse que "aqui claramente há uma negligência da Conaf por não ter feito as prognoses, monitoramento e acompanhamento do incêndio enquanto avançava para Viña del Mar e Quilpué. Se isso tivesse sido feito com diligência, poderiam ter informado o Senapred e evacuado".
Os dirigentes relataram que Little foi alertado por volta das 15h sobre a magnitude do incêndio.

Segundo Marcelo Pérez, secretário da associação de funcionários, estando em Peñuelas, um funcionário da Conaf alertou o diretor que, pelas características do incêndio, ele chegaria a Villa Alemana e Quilpué. Mas Little riu do aviso.
Na sessão, o deputado RN Andrés Longton, visivelmente incrédulo, pediu ao dirigente que repetisse o comentário.

Vários deputados da oposição pediram a renúncia do diretor da Conaf, que não compareceu às convocações do Congresso.

Fonte:Ex-Ante

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