Presidente da CMPC critica o clima de investimento no Chile: "impossível fazer projetos"
- Durante um encontro empresarial, o presidente da CMPC, Luis Felipe Gazitúa, expressou seu descontentamento com as dificuldades para desenvolver projetos no Chile, contrastando com a visão do ministro da Economia.
O presidente da empresa CMPC, Luis Felipe Gazitúa, ecoou em Los Ángeles, província de Biobío, as crescentes preocupações do setor privado sobre a viabilidade de realizar grandes investimentos no Chile.
Diante de representantes do governo e empresários, Gazitúa afirmou que, ao contrário de outros países latino-americanos, no Chile perdeu-se a convicção de que a indústria privada é um motor de desenvolvimento, o que levou a empresa a considerar megaprojetos fora do país, como um grande investimento em celulose no Brasil.
O executivo acrescentou que “uma fábrica de celulose é um investimento, hoje, da ordem de US$ 4 bilhões. Vocês compreendem que ninguém em sã consciência vai iniciar um investimento de cerca de US$ 4 bilhões quando o projeto pode demorar 14 anos. Isso faz com que o projeto não seja rentável”.
O ministro da Economia, Nicolás Grau, presente no evento organizado pelo Irade, reconheceu que, embora as empresas naturalmente busquem investir em outros mercados, é crucial que o Chile mantenha um equilíbrio positivo entre os investimentos estrangeiros que recebe e aqueles que realiza no exterior. Grau enfatizou que o desafio não é reduzir os padrões de licenças e regulamentações, mas agilizar os processos mantendo um alto nível de exigência.
A problemática da "permisologia" e seu impacto na produtividade e atração de investimentos tem sido um tema recorrente no debate empresarial. Recentemente, a presidente da Sofofa, Rosario Navarro, apontou uma diminuição na quantidade de projetos apresentados ao Serviço de Avaliação de Impacto Ambiental, o que poderia ser interpretado como um sinal de esgotamento do sistema atual.
Esse cenário reflete-se na queda do Chile no ranking da Economist Intelligence Unit (EIU) sobre os melhores países para atrair investimentos, embora o país ainda lidere na América Latina. Especialistas sugerem que as políticas do governo de Gabriel Boric podem estar influenciando essa percepção menos favorável para os negócios.
A discussão sobre como melhorar a colaboração entre os setores público e privado para reverter a desaceleração econômica e facilitar o investimento permanece aberta, com a esperança de encontrar um caminho que beneficie tanto a indústria quanto o desenvolvimento sustentável do país.