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Como o Chile está melhorando o mundo com a extração de toneladas de quillay, mas sem danificar florestas

Como o Chile está melhorando o mundo com a extração de toneladas de quillay, mas sem danificar florestas

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  • O quillay é exclusivo do Chile, onde, além da indústria extrativista, está exposto à seca, espécies invasoras e incêndios florestais. No entanto, sua exploração não será interrompida, graças às saponinas.

O negócio do quillay não é novo. Um componente desta árvore endêmica da região central do Chile é exportado há décadas para países maiores (e desenvolvidos), que o utilizam em diferentes tipos de indústrias que trazem grandes contribuições para a humanidade. Isso fez com que a espécie vivesse sob constante ameaça devido à indústria crescente, mas como ela ainda resiste se milhares de toneladas são exportadas por ano?

O quillay é exclusivo do Chile, onde, além da indústria extrativista, está exposto à seca, espécies invasoras e incêndios florestais. No entanto, sua exploração não será interrompida, graças às saponinas.

Acontece que algumas plantas contêm uma substância semelhante a sabão em suas folhas ou casca. Elas têm diferentes compostos, mas as do quillay especificamente são mais complexas e, após estudar suas propriedades, descobriram-se diversos usos. Um deles, por exemplo, é a indústria farmacêutica.

As saponinas são usadas como adjuvantes em vacinas, substâncias que reforçam a resposta imunológica aos antígenos, tornando os antídotos mais eficazes. Essa molécula da árvore já foi usada, por exemplo, em vacinas para herpes zóster, malária e doença por coronavírus.

Mas essa não é a única indústria que se beneficia do quillay. O mercado no Chile começou a recorrer à pesquisa científica para buscar novos usos e, ao ver que a árvore estava sendo altamente explorada, também tiveram que encontrar uma forma de extrair saponinas mantendo a espécie, promovendo seu crescimento e protegendo-a. Como fizeram isso?

A fórmula para não matar o quillay
Antigamente, as saponinas eram extraídas derrubando o quillay ou removendo sua casca, razão pela qual as árvores acabavam morrendo. Além disso, eram retiradas do bosque esclerófilo, um tipo de vegetação onde as árvores são de grande importância para o ecossistema.

Agora, quem extrai as saponinas tenta intervir de forma que, em vez de morrer, o bosque continue crescendo de maneira saudável. É o que explica Andrés Gonzalez, CEO da Desert King Chile, em conversa com o BiobioChile. A empresa começou como uma startup extraindo saponinas na Quinta Região e hoje produz para as indústrias mineradora, farmacêutica, cosmética, agrícola e alimentícia humana e animal em nível mundial.

Atualmente, existe um Plano de Manejo autorizado pela Corporação Nacional Florestal (CONAF) que permite retirar quillay sem danificar o bosque esclerófilo. "Agora vamos árvore por árvore, analisando qual galho ou broto (raiz onde podem crescer mais troncos na mesma árvore) não tem futuro ou não faz bem. Então podamos, podamos, deixando a árvore com muito mais capacidade de continuar vivendo", explica.

"Retiramos os galhos que não têm muita viabilidade para a árvore e, desses galhos, obtemos a biomassa, não necessariamente a casca, mas a biomassa da qual extraímos as saponinas necessárias. Já vimos árvores em estresse, morrendo, que após a poda, em dois anos, voltamos às propriedades e elas rejuvenesceram", afirma González.

Como o Chile está melhorando o mundo com a extração de toneladas de quillay, mas sem danificar florestas
No total, a Desert King extrai cerca de 12.000 toneladas de quillay por ano usando esse método, sob jurisdição da CONAF. Os especialistas vão às propriedades, analisam o estado das árvores e enviam um relatório ao órgão, que depois vai à área para verificar as informações coletadas pela empresa. Só então podem começar a poda.

Os galhos vão para uma planta produtiva, onde são transformados em saponinas. Esse processo requer ciência, mas é bastante simples. Segundo Leandro Padilla, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Desert King, "é como fazer um chá".

"Os galhos passam por um processo de fragmentação, e essas partículas menores são extraídas com água quente, sem usar solventes orgânicos. Assim como se coloca um sachê de chá em água quente, nós, em grande escala, adicionamos água a esses fragmentos de quillay, obtendo um extrato com cor semelhante à do chá", explica.

"Esse extrato passa por várias etapas de purificação para remover impurezas, permitindo obter produtos com diferentes concentrações dos componentes ativos, que são as saponinas do quillay", acrescenta.

Até hoje, estudaram-se métodos para produzir saponinas sintéticas, buscando não limitar a produção ao Chile e reduzir a extração da árvore. Mas, devido à complexidade das saponinas, isso não é viável em larga escala, diz o cientista.

"Eu diria que não é algo que se possa fazer facilmente. Por isso, as fontes naturais ainda serão a opção mais economicamente rentável por muito tempo. E também mais amigável ao meio ambiente, pois a produção sintética de compostos também tem um impacto ambiental nem sempre claro", ressalta.

Para que estão sendo usadas as saponinas?
Embora as saponinas sejam exportadas, também há um mercado no Chile, ainda que menor. Uma das áreas onde mais são usadas no país é na indústria mineradora, com fins de proteção ambiental.

Por exemplo, a Desert King patenteou um produto que reduz a névoa ácida gerada pelas piscinas de soluções líquidas usadas na purificação do cobre.

"São piscinas de ácido sulfúrico onde se injeta corrente de alta tensão. Esse ácido sulfúrico separa o mineral do cobre, mas borbulha. Ao estourarem, as bolhas geram um spray de micropartículas de ácido sulfúrico que flutua no ar. Isso é incrivelmente prejudicial, não só para pessoas e instalações, mas cria uma névoa ácida que causa chuva ácida e corrosão", explica González.

Esse produto do quillay altera a tensão superficial do líquido contaminante da purificação do cobre. "Assim, as bolhas estouram de forma que não geram essa névoa ou spray", complementa.

Outra indústria que utiliza saponinas é a alimentação animal, "a mais bem-sucedida", diz Andrés. Os especialistas desenvolveram um produto que reduz o uso de antibióticos em salmões, frangos e porcos. Porém, não é muito usado no Chile.

"Nos salmões, reduzimos em 70% o uso de antibióticos graças à aplicação desse composto na alimentação. Essa aplicação é muito bem-sucedida no mundo. Vendemos há anos para os EUA, Europa e Ásia. Quase não vendemos no Chile, pois geralmente usam outros complementos alimentares menos naturais, considerando nosso produto caro", diz González.

Outras indústrias que usam saponinas incluem a cosmética (em emulsificantes), alimentação humana (para espumar bebidas, como a Coca-Cola, um grande cliente) e agricultura (para fortalecer raízes).

Domesticando uma árvore única do Chile
Além da produção, a Desert King também investe em pesquisa. Leandro destaca: "Estudamos as propriedades do quillay com base na ciência, bioquímica e botânica, tentando entender seu funcionamento. Isso se chama domesticação da espécie".

"Parte de nossos esforços está em desenvolver plantações clonais com nossos próprios clones de quillay, que têm a concentração de saponinas desejada. (...) Não só acessamos o bosque nativo, mas pesquisamos como transformar o quillay em uma nova espécie florestal para o Chile, adaptada ao ambiente local", acrescenta González.

A empresa, nascida em Quilpué, tem 13 patentes em diferentes etapas. "Isso gera conhecimento para o Chile. Poucas empresas geram patentes como nós, e fazemos isso aqui. É um exemplo de descentralização e de que a ciência também pode ser feita no interior", afirma.

Segundo o CEO, a competição na extração de saponinas é "brutal", especialmente porque algumas empresas preferem cortar custos de pesquisa, replicando processos que levaram anos e recursos.

"Não tenho certeza se toda a concorrência acessa o bosque nativo de forma válida ou obtém a biomassa corretamente. Faço um apelo às autoridades para fiscalizar os planos de manejo", sugere.

Por fim, ele pede que se permita a intervenção saudável de iniciativas como essa para proteger o bosque esclerófilo. "Há quem diga: 'não se toca no bosque nativo'. Isso é grave, pois quando ele sofre, precisa de intervenção humana adequada para reviver".

"Nosso bosque não se renova por semente naturalmente. É preciso ajudá-lo. Não intervir é condená-lo ao envelhecimento e morte", conclui.

Fonte:biobiochile.cl

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