Fechamento da Huachipato: sindicatos propõem fortalecer setor florestal para mitigar efeito no mercado de trabalho
- Isso após o anúncio do governo sobre um plano regional, diante da paralisação das operações da histórica usina de Talcahuano.
Diferentes sindicatos produtivos da Região de Biobío acompanham de perto o anúncio feito pelo governo sobre um plano de ação para enfrentar as consequências trabalhistas que devem surgir com o fechamento da Companhia Siderúrgica Huachipato.
Em uma das reuniões realizadas pelo ministro da Economia, Nicolás Grau, com os sindicatos siderúrgicos após a confirmação do encerramento gradual, o próprio secretário de Estado afirmou que "em poucos dias, como governo, vamos anunciar um plano que assuma economicamente esta Região, que se preocupe e tenha como horizonte a geração de empregos, de preferência na manufatura e de qualidade, que ofereça um horizonte laboral às pessoas que trabalhavam na Huachipato, além das possíveis saídas que eles possam ter ou dos acordos que possam fechar com a empresa, processo no qual também vamos apoiá-los".
Questionada sobre mais detalhes do plano mencionado pelo titular da pasta da Economia, a delegada presidencial, Daniela Dresdner, após sair de uma reunião com a Mesa pela Defesa do Emprego e da Indústria, disse que "até que não tenhamos o plano completo, que depende de conversas, não adiantaremos os aspectos do plano, porque não é um plano que levantaremos apenas do governo, mas sim um que estamos construindo e construiremos em conjunto com os sindicatos empresariais, trabalhadores e trabalhadoras".
Nesse contexto, sindicatos manufatureiros da Região apresentaram sua visão sobre o que esse plano, prestes a ser detalhado pelo governo e que tem como objetivo dinamizar a economia de Biobío e criar mais empregos, deve considerar.
Assim, Alfredo Meneses, gerente geral da Associação de Exportadores de Manufaturas de Biobío (Asexma), afirmou que "quando se fala de um plano regional, acredito que o primeiro passo seria perguntar ao governador regional ou ao governo regional o que acontece com a estratégia de desenvolvimento regional. Ou seja, foram investidos recursos significativos em diferentes períodos de intendências e agora de governador, em estratégias sucessivas, e entendo que hoje existe uma, então não entendo por que agora se está pensando em um plano regional, quando supostamente já existe uma estratégia regional de desenvolvimento".
"Em segundo lugar, sem dúvida, qualquer estratégia (ou plano regional) requer efetivamente recursos, tanto públicos quanto privados, e, geralmente, os recursos públicos servem para incentivar o investimento privado. Portanto, acredito que aqui, além de ter uma estratégia ou um plano regional, o que se necessita é a conjunção ordenada de todos os serviços públicos que, de uma forma ou outra, terão que sustentar esse plano ou estratégia na Região", acrescentou.
Outros pontos relevantes para Meneses são que existem setores como o pesqueiro "que se movem na incerteza devido a uma lei que ainda não foi totalmente discutida, e o setor florestal, tão relevante para a Região, também está passando por processos de incerteza. Acredito que aqui também é preciso demonstrar que esse plano abranja todos os setores e não apenas alguns, além de ter que lidar com a questão da burocracia".
Exportação de manufaturas
Questionado sobre o que o plano de dinamização da economia regional deve considerar para melhorar o cenário atual das exportações de manufaturas, Meneses disse que "são necessários incentivos profundos para as pequenas e médias empresas florestais, já que a maioria não conta com incentivos ou estímulos, e por isso muitas deixaram de exportar (...) na ausência de incentivos, por exemplo, para plantações, esse setor declinou significativamente e corre o risco de sair do mercado. O setor exportador, em específico, precisa de uma atualização da logística regional".
Alinhado com o anterior, ele afirmou que "os investimentos do Ministério de Obras Públicas têm sido esparsos e geralmente decididos no nível central, com muito pouca participação dos atores locais. Diria que temos um atraso no setor logístico do comércio exterior de pelo menos 20 anos, portanto, é preciso imaginar o desenvolvimento que a zona deve ter para, efetivamente, impulsionar o setor exportador em diversas áreas. Sem dúvida, Carriel Sur deve ser uma plataforma de transferência de cargas para o mercado internacional".
Por sua vez, Michell Esquerré, presidente da Pymemad, confirmou o cenário difícil enfrentado pelas PMEs do setor florestal na região. "Uma forma de criar empregos (no setor florestal) é fomentar as plantações dos pequenos e médios proprietários, onde há necessidade de abastecimento. Além disso, se não modificarmos o sistema de classificação das PMEs, não entenderemos bem as dinâmicas dessas empresas. A curto prazo, para dinamizar a economia regional, é preciso combater a informalidade e promover o desenvolvimento das PMEs florestais, descentralizando o mercado por meio do incentivo às plantações".
Mais concretamente, Michell Esquerré propôs que "o Estado deve retomar o fomento de antes, quando se entregava US$ 1 milhão por hectare para que pequenos e médios proprietários plantassem. Isso gera empregos, cria viveiros e deve ser direto, do proprietário do terreno, sem intermediários, sem passar pelo banco, semelhante ao decreto 701, mas mais organizado, no sentido de não plantar em qualquer lugar, mas sim em solos preferencialmente florestais, e focar no desenvolvimento territorial em Santa Juana ou Coelemu, ou nos municípios mais pobres".
"Para cada milhão investido pelo Estado, que poderia se endividar no Banco Interamericano de Desenvolvimento, em 15 ou 20 anos, por meio do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e do Imposto de Renda, o Estado recupera o dobro do que investiu, por isso é um bom negócio para o Estado fomentar os pequenos e médios proprietários", acrescentou Esquerré.
Álvaro Ananías, presidente da CPC Biobío, reforçou que o plano anunciado pelo ministro da Economia, Nicolás Grau, deve considerar "reativar o setor florestal, que está em crise e representa 70% das exportações da Região, gerando mais de 100 mil empregos em Biobío, relacionados com todo o setor florestal. Mas, atualmente, não se está replantando florestas porque não há instrumentos de fomento que ajudem os pequenos e médios proprietários a reflorestar".
"Não esqueçamos que na última década mais de 200 serrarias fecharam, com perdas significativas de empregos", acrescentou Ananías.
O líder sindical da CPC Biobío acrescentou que "o setor pesqueiro também é importante sob duas perspectivas. A primeira tem a ver com frear projetos de lei que afetam o emprego e a cultura industrial da região de Biobío. Nesse sentido, devemos ter muito cuidado com a nova lei da pesca, porque tem travado investimentos no setor. Em segundo lugar, temos à mão algumas medidas que podem ativar o emprego regional relacionado à pesca, como retomar a pesca industrial da lula. A lei da lula reduziu a pesca em mais de 50% e fechou muitas indústrias e plantas de processamento, com a perda de mais de 1.000 postos de trabalho", concluiu.
Fonte:diarioconcepcion.cl