Doutor em Ciências explica por que os aromos deveriam ser erradicados: “É invasor e muito competitivo”
- Longe de destacar sua qualidade ornamental pela intensa cor amarela de suas flores que germinam nesta época do ano, o professor da UdeC enfatizou os “muitos problemas” que gera, tanto na saúde das pessoas quanto nas espécies nativas. “Eles não têm nenhuma graça, eu os tiraria todos”, afirmou.
Desde o final de julho e principalmente durante todo o mês de agosto, uma árvore começa a se destacar devido à sua floração prematura: estamos falando do aromo, espécies de árvores pertencentes aos gêneros acácia e vachellia, que estão presentes em grande parte do território chileno.
A intensa cor amarela de suas flores embeleza o entorno onde se encontram, localizadas predominantemente em zonas rurais, nas margens de rios e visíveis à beira de estradas, proporcionando uma vista harmoniosa para motoristas e passageiros que circulam pelas vias.
Coloquialmente, é chamado de “a árvore que antecipa a primavera” ou a que dá as boas-vindas a esta estação do ano, pois suas flores desabrocham semanas antes dessa mudança de estação e, já em meados de setembro, começam lentamente a desaparecer.
Mas essa árvore atraente aos olhos não é totalmente aceita pela comunidade botânica do país. Na verdade, muitos acreditam que essa espécie deveria ser erradicada, pois é considerada uma planta “invasora”.
O QUE A CIÊNCIA DIZ SOBRE OS AROMOS?
Um estudo da revista Gayana Botánica intitulado “Relação entre a invasão de Acacia dealbata Link (Fabaceae: Mimosoideae) e a riqueza de espécies vegetais no centro-sul do Chile” e publicado na biblioteca online de conteúdo científico SciELO aborda esse tema, indicando que “a invasão de árvores pode gerar mudanças na composição das comunidades vegetais e reduções no número de espécies nativas”.
A acacia dealbata Link (aromo), originária da Austrália e Tasmânia e introduzida no Chile em meados do século XIX com fins ornamentais, “tem sido documentada como invasora em diversos ecossistemas ao redor do mundo”, afirma o artigo citado.
Para saber mais detalhes sobre as características dessa espécie, o jornal La Tribuna entrou em contato com Carlos Baeza Perry, Doutor em Ciências e professor titular do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências Naturais e Oceanográficas da Universidade de Concepción.
PROFESSOR ACREDITA QUE AROMOS DEVERIAM SER ERRADICADOS
Longe de destacar sua qualidade ornamental, o professor alertou sobre o caráter invasivo dessa espécie, o que dificulta a regeneração das árvores nativas.
“Se o aromo estiver controlado, não há problema algum, mas já estão por toda parte e são extremamente competitivos. Há praticamente bosques de aromos nas margens de muitos setores, e isso dificulta muito a regeneração de espécies chilenas”, explicou.
Nesse sentido, Baeza afirmou sem rodeios que o aromo deveria ser erradicado do país. “É uma árvore invasora, muito competitiva e deveria ser erradicada do nosso país. As pessoas a associam como um bem natural, mas não é. Basta olhar, estão por toda parte”, disse.
Ele fundamentou sua opinião no fato de que “sua capacidade de propagação natural é enormemente grande, porque produz uma espécie de vagem, como um feijão, muito pequena, que tem sementes pretas muito resistentes e que germinam com facilidade. Têm um banco de sementes enorme e até mesmo muitas aves chilenas as comem, como as torcazas, que voam por todos os lados e as espalham, o que não é adequado para as espécies chilenas. São plantas (os aromos) que não deveriam estar aqui na paisagem chilena”, explicou.
Dessa forma, ao ser questionado, o Doutor em Ciências com ênfase em Botânica acredita categoricamente que os aromos deveriam ser substituídos por árvores nativas.
“Claro. Os aromos não têm nenhuma graça, eu os cortaria todos. Faria um plano para isso, que, entre parênteses, já está sendo feito. É um grande competidor e, além disso, são fixadores de nitrogênio, então aproveitam solos muito pobres para se estabelecer e não têm nenhum problema para fazê-lo, e, claro, isso não faz bem à vegetação nativa”, complementou.
O AROMO, GERADOR DE ALERGIAS
O especialista também destacou as complicações que essa árvore causa, por exemplo, na saúde das pessoas.
“Traz muitos problemas, porque tem flores agrupadas em uma espécie de glomérulos que têm uma grande quantidade de estames, que, quando maduros, se abrem e, com o efeito do vento e da chuva, começam a se espalhar por todos os lados, causando muitos problemas alérgicos”, afirmou.
Fonte: edição impressa digital deLa Tribuna