Renúncia de Christian Little não põe fim à greve e evidencia crise na Conaf
- O presidente Boric designou como diretora executiva Aída Baldini, funcionária de carreira, gerente florestal e de incêndios nos governos de Sebastián Piñera.
“Esse era o primeiro ponto (...). Também temos dito que o ministro da Agricultura (Esteban Valenzuela) deve dar um passo para o lado. Ele não tem as competências para o cargo e é mais um operador político, que colocou sua gente, pessoas do seu partido, em várias repartições do ministério, incluindo a Conaf (Corporação Nacional Florestal)”, afirmou Ricardo Heinsohn, presidente do Sindicato dos Profissionais (Sinaprof), entidade que valorizou a renúncia de Christian Little, agora ex-diretor executivo da instituição.
“Saiu quem era o obstáculo para chegar a acordos, para conversar, para dialogar, para trabalhar juntos”, acrescentou o líder, que afirmou que a gestão da autoridade renunciante, que durou dois anos, foi “lamentável (...). Ela veio apenas para destruir a Conaf, tanto interna quanto externamente”.
Entre outras acusações, o sindicato dos profissionais apontava que Little havia levado para a corporação uma série de pessoas ligadas ao Frente Amplo em cargos com altos salários e sem as competências necessárias para enfrentar, por exemplo, a temporada de incêndios florestais.
O engenheiro florestal teve que prestar contas à Comissão Investigadora da Câmara dos Deputados sobre seu desempenho no enfrentamento dos trágicos incêndios do verão passado na Região de Valparaíso.
Apesar da saída de Little, a greve continua: “Decidimos que continuamos em greve, sem prejuízo de conversar com a nova autoridade quando ela nos convocar, já empossada”, disse Heinsohn.
Os sindicalistas afirmaram que outras demandas em seu petiçãoário ainda estão pendentes, como “acabar e eliminar as pessoas que foram contratadas sem concurso e com altos salários, muitas das quais não têm competência nem experiência para exercer as funções designadas, em detrimento de funcionários com anos de experiência”. Além disso, eles se mostraram abertos a iniciar um diálogo assim que a nova autoridade assumir, que chegará em um cenário interno complexo, marcado por sucessivas greves, primeiro dos guarda-parques e agora dos profissionais.
A nova diretora é Aída Baldini, engenheira florestal pela U. Austral do Chile e funcionária de carreira na Conaf, onde foi gerente florestal e de incêndios no primeiro e segundo governo de Sebastián Piñera, respectivamente.
Foi designada pelo presidente Gabriel Boric, mas assumirá o cargo quando retornar ao país dos Estados Unidos, onde estava de férias.
A renúncia de Little também foi valorizada pelo deputado Tomás Lagomarsino (PR), que presidiu a comissão investigadora sobre o mega-incêndio de Viña del Mar.
“Depois do contundente relatório (...) era o mínimo que podíamos esperar, dados os múltiplos achados em diversas instituições do sistema de resposta a emergências e desastres que constituíam erros, mas particularmente os da Conaf representavam negligências graves e inexcusáveis, inclusive eventualmente constitutivas de crime”, destacou.
Além de apontar erros de planejamento, reação e decisões na emergência, como desviar para o incêndio de Lo Moscoso a aeronave de observação e coordenação da Conaf, o que deixou às cegas as instituições de emergência, Lagomarsino aponta um erro que considera gravíssimo: “Uma hora e seis minutos antes dos alertas SAE que conhecemos, a Conaf já sabia que o incêndio se dirigia a Viña del Mar com avanço rápido”, afirma o deputado.
Fonte: edição assinatura deEl Mercurio