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Exportações florestais estagnadas: há uma década sem superar o teto de US$ 6 bilhões

Exportações florestais estagnadas: há uma década sem superar o teto de US$ 6 bilhões

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  • O efeito dos incêndios, a insegurança e o clima nas plantações são alguns dos fatores que explicam o fraco desempenho, indicam na Corma. Somam-se quedas nos preços e competição internacional, apontam no Instituto Florestal.

A indústria florestal no Chile vive um momento complexo em termos de investimentos, plantações e emprego. No setor privado, alguns admitem que o setor está estagnado, enquanto a Empresas CMPC alertou há alguns meses sobre um "recuo" do ramo no país, devido a incêndios, roubos, invasões e insegurança.

Nesse cenário, Arauco —grupo Angelini— e CMPC —família Matte— têm impulsionado investimentos no exterior. Possuem planos para celulose de US$ 7,5 bilhões no Brasil, onde reconhecem boa receptividade para seus projetos.

Um dado que revela a perda de força da indústria florestal são as exportações. Elas mostram uma estagnação nos últimos 10 anos, sem conseguir superar o teto de US$ 6 bilhões. Em contraste, na década anterior —entre 2002 e 2012—, os embarques de madeira mais que dobraram, passando de cerca de US$ 2,3 bilhões para quase US$ 5,4 bilhões, conforme análise dos dados do Instituto Florestal (Infor), do Ministério da Agricultura.

"Hoje, a indústria florestal está estagnada, mais ainda, está encolhendo dolorosamente, especialmente no mundo das PMEs", afirma o presidente da Corporação Chilena da Madeira (Corma), Juan José Ugarte.

Sobre o aumento das exportações florestais chilenas entre 2002 e 2012, Sandra Gacitúa, diretora executiva do Infor, explica que foi impulsionado por "uma forte demanda por polpa química, especialmente de mercados como a China". Ela acrescenta que esse produto elevou seu preço nesse período, de US$ 382 para US$ 719 por tonelada. Também lembra que os valores da madeira serrada e painéis subiram.

Ugarte, por sua vez, indica que "até 2012 existia no Chile uma lei de incentivos para que pequenos proprietários pudessem cobrir solos descobertos e criar novos bosques. Durante essa década, o país plantou em média 50.000 hectares anuais. Já nos últimos 10 anos, retrocedemos em 350.000 hectares de bosques". O presidente da Corma afirma que uma das razões da estagnação das exportações está ligada aos incêndios e ao déficit em plantações. "Há uma crise de abastecimento, uma redução nos volumes de madeira disponíveis para processos industriais e para o manejo da pequena indústria", diz.

Ugarte aponta que existem 1,95 milhão de hectares de plantações, longe dos 2,4 milhões de hectares alcançados pelo setor em anos anteriores. "Há regiões muito afetadas pela paralisação da atividade econômica, como Maule, Biobío, Ñuble e La Araucanía... As metas de mudança climática falam em aumentar pelo menos 200.000 ha até o final desta década, e nós projetamos que o necessário é um milhão de hectares até 2050", comenta.

O setor florestal acrescenta que, na última década, 36.000 empregos foram destruídos no ramo e 205 serrarias fecharam. "Não é apenas uma questão de exportações, é um problema de impacto social local", complementa.

Sandra Gacitúa expõe que, a partir de 2012, as exportações "se estabilizaram", atingindo um máximo de US$ 6,838 bilhões em 2018. "Esse panorama se deve, em parte, à saturação dos mercados internacionais e à queda nos preços dos produtos florestais". Ela acrescenta que "o aumento da concorrência de outros países produtores, como o Brasil, também afetou o nível de exportações".

Sobre a situação das plantações, a diretora executiva do Infor menciona "uma tendência de queda" no "crescimento de novas áreas florestais", devido a incêndios e à conversão de terras para outros usos. "Soma-se um menor investimento em reflorestamento", afirma.

No setor, dizem que há proprietários de terras que não têm capacidade de custear plantações a 20 anos em meio a alto risco de incêndios ou ataques.

O Infor destaca a redução em sinistros na temporada 2023-2024. Além disso, Gacitúa aponta que, entre 2012 e 2022, as serrarias passaram de 973 para 851, devido a "resquícios da crise subprime, pandemia, baixa renovação tecnológica, disponibilidade de matéria-prima e preços".

Projeções

No primeiro semestre de 2024, as exportações florestais subiram 4,9% anualmente, para US$ 2,906 bilhões, segundo dados do Infor. Questionado sobre as projeções para o fim do ano, Ugarte afirma que "não vemos nenhuma mudança significativa" em relação a 2023, quando os embarques totalizaram US$ 5,556 bilhões, queda de quase 17% frente a 2022.

Sandra Gacitúa, por sua vez, afirma que "há um moderado otimismo de que as exportações de 2024 superem as de 2023", mas reconhece que a base de comparação é baixa.

Apesar do cenário setorial atual, Ugarte mantém certo otimismo. Ele relata que, após uma reunião —há algumas semanas— com o ministro da Economia, Nicolás Grau, foi criada uma mesa técnica para avaliar duas medidas. Uma é a criação de um fundo florestal, de cerca de US$ 200 milhões, a ser executado em quatro anos para iniciar um mercado de créditos de carbono, envolvendo pequenos e médios proprietários de terras, para que impulsionem o florestamento. A segunda medida, diz ele, é que o governo está avaliando uma iniciativa do BID para incentivar a construção em madeira, o que geraria "um poder comprador" desse produto, acrescenta.

Fonte: edição assinatura deEl Mercurio

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