A dias do prazo, Comissão de Paz busca "alcançar alguma posição comum" e afirmam estar "em um ponto crítico"
Acelerar as compensações às comunidades mapuches e oferecer alternativas, como pensões, moradias ou capital de trabalho para os campos, são algumas das opções consideradas pela instância.
Durante todo o dia de ontem, no campus Menchaca Lira da UC de Temuco, ocorreu a 52ª sessão —e a quarta na capital da Araucanía— da Comissão para a Paz e o Entendimento, uma das últimas, aguardando a entrega de seu relatório final ao presidente Gabriel Boric em 30 de janeiro.
O secretário executivo da instância, Víctor Ramos, destacou o trabalho que "os oito comissionados estão desenvolvendo seriamente". Acrescentou que, na etapa final, continuam "intensamente buscando acordos e posições que permitam oferecer ao país uma saída para o problema que nos foi delegado pelo decreto presidencial e por todas as forças políticas", embora tenha reconhecido que "é um tema difícil" e que, após 19 meses desde sua formação, ainda buscam "alcançar alguma posição em comum".
O senador e copresidente da comissão, Francisco Huenchumilla (DC), afirmou que estão "na reta final" do trabalho como comissionados e que, excepcionalmente, nas próximas semanas, se reunirão em Santiago às segundas, quintas e sextas-feiras, "para ver se conseguimos chegar a um acordo entre o mundo mapuche, os agricultores e as empresas florestais".
Acrescentou que "isso não tem sido fácil, estamos em um ponto crítico".
Conadi e a compra de terrenos
Durante o dia anterior, alguns dos comissionados participaram da sessão da comissão de Agricultura do Senado, onde foram abordados, entre outros temas, a violência rural e a eventual compra de terrenos produtivos reivindicados por comunidades mapuches.
A senadora pela Araucanía, Carmen Gloria Aravena (P. Republicano), argumentou que o trabalho realizado pela Corporação Nacional de Desenvolvimento Indígena (Conadi) na aquisição e entrega de terrenos às comunidades mapuches tem sido feito de forma deficiente.
"Hoje, projeta-se mais ou menos 100 anos para entregar todas as terras comprometidas pelo Estado. O que queremos (como comissionados) é entregá-las em 10 (anos)". Acrescentou que, para isso, é necessário "uma mudança na lei (de terras) para não continuar aumentando essa dívida estatal".
Por meio de uma carta enviada a seus associados, o também comissionado e presidente da Associação de Agricultores de Malleco, Sebastián Naveillán, concordou que "qualquer reparação, quando documentada, deve oferecer alternativas viáveis, incluindo compensações econômicas, sem afetar as terras produtivas".
No documento, Naveillán alertou que "nosso país não pode permitir que campos produtivos fiquem improdutivos ou abandonados. O risco de que terras entregues não sejam trabalhadas afeta a economia, o emprego e, em última instância, a segurança alimentar do Chile".
Fonte: El Mercurio