Roubos e ataques a veículos obrigam empresas a reforçar equipes de proteção
Concessionárias, empresas de aluguel e frotas, e contratistas florestais admitem preocupação com crimes.
Não apenas a fragilidade da economia ou o alto valor do dólar são fatores que reduziram as vendas de carros novos no país. Outro tema que preocupa as concessionárias, pelo seu efeito na atividade do setor, é a insegurança ligada a ataques a veículos e roubos de unidades que, em alguns casos, terminam em países fronteiriços. Essa situação também preocupa operadores de aluguel de frotas para atividades produtivas, como a mineração, e contratistas florestais.
Esse cenário, que o setor privado afirma ser mais intenso no norte do país e em zonas do sul como La Araucanía, obrigou particulares e empresas que atuam nessas áreas a reforçar os equipamentos de segurança.
Os riscos
“O roubo de veículos no norte, especialmente na Região de Antofagasta, com foco na cidade de Calama, é realmente um problema grave. Infelizmente, não podemos deixar de atender nossos clientes (...) especialmente a grande mineração de cobre e seus fornecedores”, afirma Ignacio Correa, gerente geral da Mitta, uma das maiores empresas de aluguel de veículos. Ele acrescenta que, apesar da insegurança, “também não podemos deixar de lado a Região de Tarapacá, onde os roubos aumentaram muito nos últimos três anos”.
Diego Mendoza, secretário-geral da Associação Nacional Automotriz do Chile (ANAC), afirma que a insegurança que observam está relacionada à entrada de carros usados no país, ao roubo de picapes e ao comércio ilícito na fronteira. Ele garante que esses temas têm um impacto negativo sobre as vendas de automóveis, que em 2024 caíram 3,7% no país.
Martín Bresciani, presidente da Câmara de Comércio Automotriz do Chile (Cavem), afirma: “Temos visto que os grandes locadores ou rent-a-car em geral têm muito medo quando os veículos vão para obras no norte, devido aos riscos”.
René Muñoz, gerente da Associação de Contratistas Florestais AG (Acoforag), indica que “na região macrosul estamos permanentemente com problemas de segurança, não é algo que está sendo resolvido. Isso vem acontecendo há 27 anos. Aprendemos a conviver com medidas de segurança”.
Os números da Acoforag indicam que, em 2024, esse setor sofreu a destruição de 91 equipamentos florestais, e quase um terço correspondeu a caminhões. O maior número de danos na última década foi em 2022, com 392 equipamentos afetados.
Mais equipamentos
Em termos de mecanismos de segurança, Ignacio Correa, da Mitta, indica que “temos desde elementos mecânicos para inibir roubos, como trava-volante ou 'pitbull', que são instalados nos pneus e impedem o movimento do veículo, até duas ou três camadas de segurança eletrônica, com corte de ignição. Já não falamos de um simples aparelho de GPS, duplicamos ou triplicamos as barreiras de proteção (...). Por outro lado, essas medidas de segurança que dificultam o roubo de veículos parados aumentaram os roubos com intimidação, em vias públicas e com armas, em alguns casos”.
René Muñoz explica que, no caso das picapes, além do GPS, utilizam Lexan, “que são placas de policarbonato que cobrem o para-brisa e os vidros laterais, junto com botões de pânico, que funcionam como um controle remoto usado em situações de perigo e emitem um sinal”.
No âmbito dos motoristas particulares, Martín Bresciani comenta que “geralmente, o que mais utilizam são GPS e imobilizadores”.
Embora Correa valorize o esforço das polícias chilenas, ele indica que, para os criminosos, é fácil cruzar a fronteira por passagens “naturais” para depois “legalizar” as unidades roubadas. Carlos Olivos, gerente de Frota da Mitta, estima que “complementar às medidas de segurança, seria desejável contar com uma legislação menos garantista, para que a função persecutória do Ministério Público obtenha melhores resultados”.
O presidente da Cavem afirma que “houve uma abertura por parte do governo em incorporar o setor privado na busca de soluções e no compartilhamento de informações”.
Fonte:El Mercurio