Macrozona Sul: Atos violentos caem 85% desde primeiro estado de exceção
Em 12 de outubro de 2021 foi decretado o primeiro estado de exceção (EE) constitucional na macrozona sul, medida que na época causou polêmica e forte oposição no Congresso. Hoje, quatro anos após esse episódio, os números indicam que os atos de violência reduziram-se em 85% em relação aos níveis registrados em 2021, a ponto de ocorrer em média um ato violento por semana atualmente, contra mais de seis antes da aplicação do EE.
Esses números fazem parte de uma análise da Multigremial de La Araucanía (MGA), que examina a evolução desses incidentes desde a Região de Biobío até a Região de Los Lagos.
Pablo Urquízar, ex-coordenador nacional de segurança da Macrozona Sul, explica que a medida é "o mecanismo mais eficaz na redução de atos de violência e terrorismo desde 1997. Hoje o nível de violência equipara-se aos números de 2014". Acrescentou que a medida "estabeleceu claramente a forma de colaboração das Forças Armadas com as polícias no âmbito preventivo e persecutório" e que "o estado de emergência não violou sob nenhum aspecto direitos e liberdades fundamentais".
Dados comparados
Patricio Santibáñez, presidente da MGA, afirma que "foi uma medida necessária e muito adiada". Lembra que antes desta "tínhamos cerca de 25 a 30 incidentes graves por mês. Praticamente todos os dias havia ou um atentado incendiário, um ataque armado, uma tentativa de homicídio, e depois, infelizmente, iniciava-se a temporada de incêndios, com múltiplos incêndios sazonais durante o verão".
Contudo, a análise da MGA indica que entre 2021 e 2025 "foram registrados 679 atos de violência rural e atos terroristas sob o estado de exceção constitucional". Comparativamente, durante o mandato de Sebastián Piñera e sem EE, contabilizaram-se 283 atos de violência durante 41,1 semanas (6,9 atos por semana). No mesmo mandato, mas já sob EE, os atos de violência caíram para 131 durante 23,8 semanas (5,5 atos por semana).
Já na administração Boric, e com um EE limitado, os atos de violência totalizaram 345 em um período de 56,3 semanas (6,1 atos por semana). Por outro lado, já com um EE ampliado, os atos de violência somaram 203 durante 108,3 semanas (1,9 atos por semana).
No entanto, o relatório estabelece que durante os mais de cinquenta dias sem EE no início do governo do Presidente Boric, "ocorreu o período mais violento de toda a crise, com um aumento para 14 atos por semana. Se essa tendência tivesse se mantido, hoje a situação seria caótica com possível cenário de confrontos cruzados sem lei. Desde junho de 2023, a queda tem sido sustentada durante 27 meses consecutivos".
Quanto ao impacto da medida por regiões, Los Ríos registra uma redução de 90% nos atos de violência, Biobío de 94% e La Araucanía de 75%. Nesta última a situação é mais complexa, explicam, devido à quantidade de estradas e diversidade de atividades produtivas.
Fonte:El Mercurio