Tarifas dos EUA atingem setor florestal: Angelini, Matte e Acoforag pedem ação do Estado

Tarifas dos EUA atingem setor florestal: Angelini, Matte e Acoforag pedem ação do Estado

No setor florestal, há preocupação com o novo cenário tarifário nos Estados Unidos, que entrou em vigor a partir de ontem. Aquele país anunciou uma sobretaxa de 10% para as importações de madeira macia e serrada a partir de 14 de outubro, juntamente com uma tarifa de 25% para manufaturas elaboradas com madeira.

Ao mesmo tempo, a partir de janeiro de 2026, essas taxas aumentariam para 30% e 50%, respectivamente, desde que não seja alcançado um acordo diferente no âmbito das negociações que o governo estadunidense mantém abertas com países como o Chile.

Para os dois maiores grupos florestais chilenos, as famílias Angelini e Matte, esta situação não é indiferente. Isso, apesar de — devido ao seu tamanho — estarem diversificados com atividades produtivas em vários países do mundo, inclusive com presença direta nos Estados Unidos.

Sindicatos em alerta

A Associação de Contratantes Florestais (Acoforag) expressou "sua profunda preocupação e rejeição a esta medida (tarifas), que afetará diretamente o emprego e a estabilidade do setor florestal nacional".

Acrescentou que na última década mais de 50 contratantes desapareceram e foram perdidos pelo menos 3.500 empregos diretos e indiretos. "Se o Estado não agir, o país caminha para um novo 'caso Huachipato', desta vez no setor florestal, com consequências sociais e econômicas irreversíveis", indicou.

O empresário Roberto Angelini, presidente da Empresas Copec — que atua no ramo florestal através da Arauco —, e Francisco Ruiz-Tagle, gerente geral da Empresas CMPC — grupo Matte —, comentaram como estão enfrentando o novo contexto comercial.

Rodrigo O'Ryan, presidente da Corporação Chilena da Madeira (Corma), afirmou ontem que as novas tarifas sobre as exportações de madeira do Chile para os Estados Unidos, "sem dúvida geram incertezas... Ainda é difícil saber como e quando poderíamos dimensionar seu impacto real, dada a complexidade das cadeias logísticas e da economia global".

O dirigente acrescentou que "embora o Chile não esteja entre os países com maiores aumentos nas taxas, alguns ficarão com tarifas menores que as nossas, perdendo assim o Chile competitividade". Ao mesmo tempo, sustentou que "isso chega em um momento muito ruim para o setor florestal, já que afetado pelo roubo de madeira, incêndios, violência rural e aumento dos custos trabalhistas e energéticos, está em uma situação muito complicada".

O'Ryan indicou que, "junto com a diplomacia, são necessárias medidas internas por parte do Estado que impulsionem a demanda local para compensar a muito provável queda externa, apoiando as PMEs e fortalecendo a construção em madeira".

Arauco

Roberto Angelini manifestou que estão vendo alternativas para abordar o cenário tarifário. "Temos que nos defender com tudo nisso, temos que baixar custos, fazer produtos mais eficientes e aí estamos na luta, com otimismo sempre", declarou ontem ao "El Mercurio" durante o encontro Enade.

O presidente da Empresas Copec admitiu que a diversificação de atividades da Arauco lhes permite mitigar de certa forma as exigências tarifárias. "Temos atividade nos Estados Unidos, em várias partes do mundo, e tudo isso vai compensando", afirmou.

Em 2018, a Arauco iniciou as operações de sua nova fábrica de painéis aglomerados (MDP) em Grayling, Michigan, Estados Unidos. Isso após um investimento de cerca de US$ 450 milhões.

Na semana passada, Charles Kimber, gerente de Pessoas e Sustentabilidade da Arauco, comentou que um dos impactos que já percebiam no ramo era certa pausa na atividade comercial dos "agentes econômicos" nos EUA. "Temos visto uma diminuição nas ordens e se não há boa demanda, sem dúvida vai afetar", afirmou.

CMPC

Francisco Ruiz-Tagle, gerente geral da Empresas CMPC, afirmou que "as tarifas dos Estados Unidos estão basicamente afetando o valor agregado e creio que, sem dúvida, para a exportação chilena é ruim que existam essas tarifas, porque obviamente reduz a competitividade, afeta as margens de indústrias que são naturalmente competitivas".

Sobre o impacto das medidas nos EUA, o principal executivo da Papelera acrescentou que "nós vamos ficar afetados fundamentalmente na madeira com tarifas de 10%. Nas celuloses não há tarifas e nas cartolinas, que é outro insumo que exportamos, também ficará em 10%".

No ramo florestal explicaram que os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% à madeira serrada do Brasil. Ruiz-Tagle afirmou que essa situação não impacta a companhia, devido à produção da CMPC naquele país sul-americano estar focada em celulose.

Em 2023, a empresa do grupo Matte destinou US$ 40 milhões nos Estados Unidos para a compra da Powell Valley, dedicada a produtos de remanufatura em madeira.

Fonte:El Mercurio

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