PMEs florestais em risco devido a tarifas dos EUA

PMEs florestais em risco devido a tarifas dos EUA

A recente imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre a madeira e seus derivados acendeu alertas no setor florestal chileno. Embora a análise do impacto tenha se concentrado principalmente nas grandes empresas e em cifras macroeconômicas, os sindicatos advertem que o flanco mais vulnerável —e menos visível— desta crise são as Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Essas empresas, que constituem a base da cadeia produtiva, poderão enfrentar fechamentos em massa se não forem desenhadas medidas específicas de apoio.

Estratégia setorial: Diplomacia e estímulo interno

Diante de uma "tempestade perfeita" que combina as novas tarifas com problemáticas internas já existentes —violência rural, roubo de madeira, incêndios florestais e aumento de custos trabalhistas e energéticos—, a indústria propõe uma resposta estratégica com duplo foco.

Ignacio Vera Izquierdo, gerente geral da Forestal Santa Blanca, concorda com os sindicatos ao afirmar que a solução deve ser tanto externa quanto interna: "A diplomacia não basta; é necessário um entorno econômico que impulsione a atividade e fortaleça as PMEs para que possam se diversificar e resistir ao choque externo".

O impacto das tarifas não é apenas econômico: é profundamente social e territorial. Ignorar os pequenos e médios atores seria um erro estratégico, já que são eles que geram emprego nas regiões e sustentam a base produtiva do setor.

A Associação de Contratistas Florestais (Acoforag) adverte que a medida afetará diretamente o emprego, num contexto onde já se perderam cerca de 3.500 postos de trabalho na última década e desapareceram mais de 50 contratistas.

O sindicato tem sido enfático ao afirmar que "se o Estado não agir, o país se encaminha para um novo 'caso Lota' no setor florestal, com consequências sociais e econômicas irreversíveis".

O plano articula-se em dois eixos principais:

Diplomacia estratégica: Reforçar as negociações bilaterais, destacando que os produtos chilenos são complementares aos estadunidenses e provêm de florestas manejadas de forma sustentável.

Estímulo local e redução burocrática: Impulsionar a demanda interna, fomentar o uso da madeira na construção e facilitar o acesso ao capital para as PMEs. O presidente da Corma, Rodrigo O'Ryan, solicitou ainda reduzir a "permisiologia" que obstaculiza o investimento e o crescimento.

Tarifas inviáveis para margens estreitas

Os Estados Unidos representam o segundo destino das exportações florestais chilenas, com mais de US$ 1.060 milhões em 2024. Segundo estimativas da Subsecretaria de Relações Econômicas Internacionais, 97,9% desses envios serão afetados pelas novas tarifas.

Enquanto empresas diversificadas como Arauco e CMPC podem amortecer o impacto graças às suas operações no país norte-americano, as PMEs carecem dessa capacidade de absorção.

Rodrigo O'Ryan resume assim: "Para uma empresa que tem uma margem de 10%, cortar 10% é muitíssimo em proporção. Para muitas PMEs, absorver esta tarifa é simplesmente inviável".

O setor já registrou o fechamento de 169 serrarias nos últimos cinco anos.

Risco social: Um "caso Lota" florestal

"Se suas dificuldades não forem visibilizadas e não forem desenhadas medidas específicas de apoio, poderemos ver fechamentos em massa e o desaparecimento de fornecedores locais", afirma Ignacio Vera Izquierdo.

"Curar o setor desde sua base é o primeiro passo para transformar esta ameaça numa oportunidade de desenvolvimento com legitimidade social e territorial", conclui Vera.

Fonte:Portal Innova

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