As críticas da Arauco à burocracia de licenciamentos no Chile: "Em 10 anos, Brasil fez 5 megaprojetos de celulose"
"Demoramos 10 anos para aprovar o projeto Mapa. Nesses mesmos 10 anos, o Brasil fez cinco megaprojetos de celulose".
Foi assim que o vice-presidente do negócio Florestal e Celulose da Arauco, Iván Chamorro Lange, questionou os longos prazos para a tramitação de grandes projetos de investimento no Chile, aspecto conhecido recentemente como a "burocracia de licenciamentos".
As declarações foram feitas em uma das diversas palestras no âmbito do Encontro Regional da Empresa (Erede) 2025, produzido pelo Irade na região do Bío Bío.
Os megaprojetos da Arauco
Embora o executivo tenha destacado que, até hoje, Mapa é sua maior fábrica e o investimento mais relevante feito no Chile, também mencionou a outra grande iniciativa da empresa: o projeto Sucuriú.
Trata-se da futura primeira fábrica de celulose da empresa no Brasil, que será construída no estado do Mato Grosso do Sul com um investimento de US$ 4,6 bilhões, superando os US$ 3 bilhões que acabou custando Mapa na comuna de Arauco.
Na cerimônia de lançamento da pedra fundamental, o CEO da Arauco, Cristian Infante, já comentava que, embora as autoridades brasileiras tenham sido exigentes no aspecto técnico e ambiental, ao mesmo tempo contaram "com uma autoridade cooperadora, que ajuda a buscar soluções e a fazer os projetos se tornarem realidade".
"Essa atitude (...) contrasta com a situação de outras regiões do mundo, onde a burocracia e outros obstáculos dificultam o desenvolvimento", acrescentou então Infante.
Agora, no Erede, Chamorro sustentou que "não é que a gente esteja saindo do Chile, mas sim buscando formas de competir. Estamos na globalidade. Temos que encontrar as melhores condições (...) a fábrica que fazemos em Sucuriú é de 3,5 milhões de toneladas -de capacidade-. Mapa é de 1,5 milhão de toneladas", explicou.
Perda de competitividade do Chile
Outro aspecto apontado pelo Vice-presidente de Florestal e Celulose da Arauco foi como a logística chilena perdeu competitividade frente aos seus pares regionais.
"Em todos os países vizinhos, os caminhões transportam 60, 75 toneladas. No Chile ficamos presos a uma carga total de 45 toneladas, incluindo o caminhão", afirmou. Os incêndios florestais também afetaram a competitividade do país, segundo Chamorro.
Outro aspecto mencionado foi o projeto eólico "Viento Sur", de cerca de US$ 300 milhões e que prevê 43 aerogeradores na zona costeira da comuna de Arauco. Após seis anos em tramitação e com a resolução de qualificação ambiental pronta, agora entrou em fase judicial.
"Não pode ser que todos os projetos no Chile terminem na justiça. É totalmente insensato. É preciso confiar que o Ministério do Meio Ambiente faz seu trabalho (...) Isso aconteceu com Mapa, cinco anos em fase judicial", sentenciou.
Por fim, o executivo afirmou que, se fosse apresentar alguma petição ou proposta ao próximo governo, esta seria o fomento à indústria florestal, especialmente aos pequenos proprietários, apontando que "não temos nenhuma possibilidade de gerar projetos grandes no Chile se não aumentarmos a massa florestal".
"Temos que ser capazes de voltar a confiar no setor. Perderam-se 300 mil hectares nos últimos cinco anos, o que acaba fechando fábricas. No nosso caso, tivemos que fechar duas serrarias e duas fábricas de celulose no Maule", comentou no Erede.
Fonte:BiobioChile