Sindicatos florestais alertam sobre impacto "desproporcional" por queda de preços e tensões com EUA
Os sindicatos florestais locais alertam que a região está sofrendo um impacto "desproporcional" em suas exportações devido à combinação da queda dos preços internacionais e da incerteza comercial com os Estados Unidos.
A queda foi revelada pelo Boletim de Exportações Florestais N°10 do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), que destacou que os embarques florestais regionais atingiram US$190,2 milhões em agosto, representando uma queda de 37,3% em relação ao mesmo mês de 2024.
O relatório detalha que, dentro do setor, a fabricação de celulose, papel e papelão foi a atividade que mais contribuiu para o retrocesso, com US$98,3 milhões e uma variação negativa de 42,8%, enquanto os produtos florestais totalizaram US$91,7 milhões, com uma queda de 30%.
Em conjunto, ambas as atividades contribuíram com 99,9% das exportações do setor e 56,3% do total regional, reafirmando seu peso estrutural na economia do Biobío.
QUEDA NOS PREÇOS
Da Corporação Chilena da Madeira (Corma), seu gerente geral, Antonio Minte, explicou que a queda regional está inserida numa tendência nacional de contração de 24% nas exportações florestais durante agosto, tendência atribuída principalmente ao declínio nos preços internacionais.
"A categoria principal da cesta de exportações, polpa e papel, que representou 62,2% do total das exportações em agosto, experimentou uma queda de 19% em seu valor, devido mais a uma baixa de preços do que de volume", afirmou Minte.
Segundo esclareceu o dirigente, o volume exportado diminuiu apenas 6%, mas a queda dos preços internacionais gerou um impacto maior na região do Biobío, onde se concentra 45% do total nacional exportado e opera o principal porto florestal, DP World Lirquén, responsável por 39% dos embarques do país.
"A queda dos preços tem um efeito desproporcional nas cifras regionais, porque o Biobío é o coração exportador do setor florestal chileno", alertou Minte.
Apesar da contração mensal, Minte destacou que o montante acumulado das exportações florestais chilenas entre janeiro e agosto de 2025 mantém-se relativamente estável, com uma variação negativa moderada de 16,4% em relação ao mesmo período de 2024.
PARALISAÇÃO NA DECISÃO DE COMPRA
Para o diretor da Pymemad, Michel Esquerre, a queda responde a fatores externos, especialmente a incerteza gerada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a certos produtos florestais.
"Basicamente esta diminuição se deve à madeira serrada, que tem sentido a incerteza das tarifas de Trump, o que desacelerou todos os mercados. Os compradores reduzem estoques e esperam ver como serão resolvidas as consequências dessas medidas",
explicou Esquerre.
Segundo afirmou o dirigente, o Ministério das Relações Exteriores trabalha em negociações com os Estados Unidos "para que as tarifas tenham o menor impacto possível no Chile", embora tenha alertado que se trata de "um processo que levará tempo".
"Este rearranjo das exportações se deve a um cenário de incerteza direta, que desacelera a colheita, o transporte e toda a cadeia logística interna do setor florestal. Isso afeta a empregabilidade e gera mais incerteza", indicou Esquerré.
O representante acrescentou que a resiliência das PMEs tem um limite, por isso pediu ao Estado que apoie com medidas de reativação do mercado interno, como a construção em madeira, o apoio a pequenos e médios proprietários florestais e novas linhas de financiamento setorial.
Fonte:La Tribuna
