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Tarifas dos EUA: A urgência de ouvir as PMEs florestais chilenas

Tarifas dos EUA: A urgência de ouvir as PMEs florestais chilenas

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Por Ignacio Vera Izquierdo, gerente geral da Forestal Santa Blanca

A recente imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos à madeira e seus derivados, que entrou em vigor em 14 de outubro com taxas de 10% para madeira macia e serrada e 25% para manufaturas, acionou todos os alarmes no setor florestal chileno. As projeções de que essas taxas poderiam escalar para 30% e 50% em janeiro de 2026, respectivamente, se não for alcançado um acordo, acrescentam uma camada de incerteza que o setor, e especialmente seus atores menores, não podem arcar.

A discussão pública tem se centrado compreensivelmente nos números macroeconômicos e na posição dos grandes conglomerados. No entanto, essa abordagem tem um ponto cego crucial: as pequenas e médias empresas (PMEs).

Os Estados Unidos são o segundo destino mais importante para nossas exportações florestais, representando 18,4% do total de embarques, equivalentes a mais de US$ 1.060 milhões em 2024. A Subsecretaria de Relações Econômicas Internacionais (Subrei) estima que 97,9% dessas exportações serão afetadas. Embora empresas diversificadas como CMPC e Arauco possam mitigar o golpe, em parte por ter operações no país norte-americano, as PMEs carecem dessa capacidade de absorção.

O presidente da Corporação Chilena da Madeira (Corma) foi categórico: "As empresas que margina mais de 10%, que lhes corte 10%, é muito em proporção à margem". Isso significa que, para muitas PMEs que operam com margens estreitas, absorver essa tarifa é inviável. Nos últimos cinco anos, o setor já viu o fechamento de 169 serrarias, um sintoma de uma crise estrutural que as tarifas acelerarão.

Esta nova dificuldade chega no pior momento. O setor florestal já está gravemente condicionado pela violência rural, o roubo de madeira, os incêndios e o aumento dos custos trabalhistas e energéticos. Esta combinação de fatores, somada à contração da demanda interna, cria uma "tempestade perfeita" para o pequeno e médio empresário.

Ignacio Vera I.

O impacto das tarifas não se limita a uma queda nos balanços; é profundamente social e territorial. A Associação de Contratistas Florestais (Acoforag) advertiu que esta medida afetará diretamente o emprego, um problema que já soma cerca de 3.500 postos de trabalho perdidos na última década e o desaparecimento de mais de 50 contratados. Para muitas comunidades, a subsistência depende desses pequenos e médios atores.

Corremos o risco de enfrentar um "caso Huachipato" no setor florestal se ignorarmos as PMEs. Se suas dificuldades não forem visibilizadas e não forem desenhadas medidas específicas de apoio, poderíamos ver fechamentos em massa e o desaparecimento de fornecedores locais.

Diante deste cenário, a resposta deve ser bifocal:

Diplomacia Forte e Estratégica: Devemos perseverar nas negociações bilaterais. É fundamental lembrar que nossos produtos são complementares aos estadunidenses e provêm de florestas manejadas de maneira sustentável. O Governo instalou uma mesa de trabalho liderada pela Chancelaria, um passo necessário para coordenar uma resposta diplomática ágil.

Medidas para Estimular Novos Investimentos, Crescimento e Reduzir a Burocracia: A diplomacia não basta. É necessário um ambiente econômico interno que impulsione a atividade e fortaleça as PMEs para que possam diversificar e resistir ao choque externo.

Estímulo ao Investimento: Devem ser implementados mecanismos claros para facilitar o acesso ao capital para as PMEs, permitindo-lhes modernizar processos, diversificar sua base produtiva e buscar novos mercados internacionais.

Redução da Burocracia: O trâmite de projetos e permissões não pode continuar demorando anos. É urgente reduzir a "permisiologia" que asfixia os empreendedores, liberando recursos e tempo para que as PMEs se foquem em sua competitividade, tal como se está trabalhando com iniciativas como a Lei Marco de Autorizações Setoriais e a plataforma Super.

Fomento do Uso Interno: Impulsionar o crescimento do setor no mercado nacional é vital, tal como foi proposto com o fomento do uso da madeira na construção. Isso gera a massa crítica necessária para investir e cria emprego local.

A crise tarifária é uma oportunidade, embora dolorosa, para repensar o modelo florestal. É hora de deixar de ignorar as PMEs, fortalecer sua resiliência por meio de um ambiente pró-investimento e livre de entraves burocráticos, e garantir que a voz dos pequenos e médios produtores seja ouvida em cada mesa de negociação. Curar o setor desde sua base é o primeiro passo para transformar esta ameaça em uma oportunidade de desenvolvimento com legitimidade social e territorial.

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