Estudo do CESAF destaca alta variabilidade genética em espécies-chave do bosque esclerófilo

Estudo do CESAF destaca alta variabilidade genética em espécies-chave do bosque esclerófilo

A Reserva Natural Privada Altos de Cantillana foi o cenário da oficina de encerramento e divulgação do projeto "Considerações genéticas e silviculturais para a restauração de bosques hidrófilos de quebrada na Região Metropolitana" (Conaf 045/2020), uma pesquisa de quatro anos desenvolvida pelo CESAF com financiamento do Fundo de Investigação do Bosque Nativo da Conaf.

A iniciativa, liderada pelo Dr. Carlos Magni, junto aos co-investigadores Eduardo Martínez, Iván Grez, Sergio Espinoza (Universidade Católica do Maule), Fernanda Romero (Reserva Altos de Cantillana) e Iván Quiroz (Instituto Florestal), teve como objetivo gerar conhecimentos aplicados para fortalecer a conservação e restauração de um dos ecossistemas mais ameaçados da zona central: o bosque hidrófilo de quebrada.

Durante a jornada, que reuniu cientistas, profissionais e representantes da reserva, foram compartilhadas as principais descobertas do estudo, destacando a importância da variabilidade genética e fisiológica em espécies nativas emblemáticas como o belloto do norte, o peumo, a patagua e o lingue.

Um dos resultados mais relevantes foi a alta variabilidade genética observada nessas espécies, o que tem uma relação direta com sua resiliência ante o estresse hídrico, uma condição cada vez mais comum no contexto da mudança climática. No caso do belloto do norte, foram analisadas diferentes procedências e identificadas diferenças significativas em sua eficiência no uso da água, o que permite selecionar populações mais aptas para enfrentar cenários de seca como o que afeta há uma década a zona central do país.

O estudo também avaliou a capacidade de regeneração natural e produção de sementes como insumo para projetos de restauração, sublinhando a importância de contar com fontes semineiras locais e bem adaptadas. Além disso, foi apresentada uma proposta de áreas prioritárias para a conservação e restauração do bosque hidrófilo na Região Metropolitana, considerando projeções de mudança climática.

Quanto às técnicas de restauração ativa, a equipe de pesquisa experimentou com o uso de protetores solares para mudas, diferentes níveis de cobertura de dossel e estratégias de manejo do solo, com resultados promissores para aumentar a sobrevivência das espécies plantadas.

A oficina incluiu a atividade prática "Do viveiro ao bosque: aprendendo restauração em campo", na qual os assistentes visitaram os ensaios instalados na reserva e refletiram sobre os desafios de levar a restauração da teoria à prática, destacando a necessidade de envolver as comunidades locais.

Como concluiu a equipe de pesquisa, restaurar um bosque não é apenas plantar árvores, mas também proteger a diversidade genética, fomentar processos naturais, adaptar estratégias à mudança climática e fortalecer a governança local.

Os resultados do projeto visam futuras iniciativas de restauração ecológica no centro do Chile, onde os bosques hidrófilos cumprem um papel essencial na conservação da biodiversidade, na regulação hídrica e no combate à desertificação.

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