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Pesquisa revela como as árvores do sul do Chile movem e conservam água

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Nas florestas temperadas de Chiloé, duas árvores dominantes, o canelo (Drimys winteri) e o coihue (Nothofagus dombeyi), compartilham a mesma paisagem. No entanto, possuem estratégias muito distintas para mover e conservar água, um recurso que se tornará cada vez mais escasso.

Um estudo recente liderado pela acadêmica da Faculdade de Ciências Biológicas da UC e pesquisadora do Instituto de Ecologia e Biodiversidade (IEB), Aurora Gaxiola, revelou como essas espécies mobilizam a água que absorvem, descobertas que não apenas ajudam a entender como as árvores sobrevivem, mas também a enfrentar os desafios das mudanças climáticas e verões mais secos.

Esta pesquisa foi publicada na revista científica Ecosystems e contou com a participação de Jorge Pérez-Quezada, pesquisador do IEB e da Universidade do Chile, e da colaboração inicial de Juan Armesto, que foi cofundador do IEB, ex-presidente da Fundação Senda Darwin e professor da FCB, cujo legado e grande conhecimento sobre as florestas de Chiloé deixaram uma importante marca.

Para entender esse fenômeno, foram instalados sensores de fluxo nos troncos de ambas as espécies, os quais emitem pulsos de calor que viajam com a água dentro da madeira, permitindo realizar medições. Dessa forma, puderam observar como cada árvore respondia a diferentes fatores ambientais ao longo das estações. Esses dados foram complementados com medições realizadas pelo pesquisador Jorge Pérez-Quezada, graças às torres de monitoramento Eddy covariance, instaladas na Estação Biológica Senda Darwin.

"O uso de sensores nos permitiu calcular quanta água a árvore move, em que direção e a que velocidade. Depois, combinando essa informação com dados anatômicos da madeira - a área por onde a água flui -, pudemos estimar com mais precisão o movimento de água em árvores grandes e pequenas", detalha Aurora Gaxiola.

Este é o primeiro estudo de vários anos consecutivos sobre o fluxo de seiva nas florestas temperadas do Chile, uma grande contribuição para os modelos globais da relação entre o clima e a vegetação.

Em todo esse processo, existem importantes protagonistas. Tratam-se dos estômatos: estruturas nas folhas que funcionam como pequenas válvulas, permitindo que o dióxido de carbono entre na planta e que, ao mesmo tempo, saia água em forma de vapor.

"Sua abertura e fechamento, regulados pela luz, vento e umidade do solo, determinam se uma árvore conserva água ou arrisca desidratar-se. Quando os estômatos permanecem abertos por muito tempo, a planta pode perder água demais. Algumas espécies desenvolveram um controle estomático muito rigoroso. Se detectam baixa disponibilidade de água, mantêm-nos fechados. Isso evita que entre ar nos vasos e formem-se bolhas ou embolias que interrompem o transporte de água. Mas se essas estruturas fecham por tempo excessivo, deixam de captar carbono e a planta pode morrer por falta de alimento", explica a pesquisadora da UC.

Com base nisso, o que puderam observar? O estudo mostrou que o canelo mantém seus estômatos abertos quase todo o tempo, permitindo-lhe mover grandes quantidades de água. No entanto, estabeleceu-se que isso mesmo o tornava mais vulnerável à seca, se a umidade do solo diminuísse. O coihue, em contrapartida, mostrou uma melhor regulação de seus estômatos, ajustando sua transpiração conforme a luz e a umidade atmosférica, o que lhe dá certa vantagem frente a mudanças ambientais, assegura a pesquisadora.

Nesse contexto, com verões mais quentes e secos projetados para Chiloé, o canelo poderia enfrentar maiores riscos de desidratação, enquanto o coihue seria mais sensível a mudanças na umidade atmosférica. "Medir permite prever vulnerabilidades. Se a umidade do solo diminuir, o canelo - que depende de ecossistemas muito úmidos onde há água disponível em abundância - será com toda probabilidade o mais afetado. Mas se a umidade atmosférica ou os padrões de nebulosidade mudarem, o coihue pode ser mais afetado".

A Dra. Aurora Gaxiola indica que realizar essas medições não apenas permite ver quanta água uma árvore move, mas também entender que variáveis ambientais controlam esse movimento: a luz, o déficit de pressão de vapor, o vento ou a umidade do solo, entre outros fatores. Tudo isso pode ser especialmente valioso a considerar em diferentes ecossistemas ou estudando espécies que estejam em categorias críticas de conservação, e sob a constante ameaça das mudanças climáticas e globais.

Conservação e educação

"Esse conhecimento permite identificar quais espécies requerem atenção especial em planos de conservação e manejo florestal, especialmente quanto à regulação da água e proteção do solo. Em Chiloé, por exemplo, um dos graves problemas é o manejo do solo e a extração do pompom. Por isso, se não cuidarmos do solo e com isso a água no subsolo, a floresta vai colapsar", adverte a acadêmica da FCB.

Além da relevância ecológica, as descobertas têm potencial educativo. Compreender como as árvores "movem água" pode sensibilizar sobre a importância de preservar as florestas e seus recursos hídricos. "No futuro, quando essa tecnologia for mais acessível, seria muito desejável que esse tipo de sensor fosse instalado com fins pedagógicos em espaços educativos e de divulgação", conclui.

Fonte:Biologia.uc.cl

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