Violência na macrorregião sul: deputados eleitos buscarão manter o estado de exceção
Os atos de violência na macrorregião sul têm sido um eixo de debate permanente na política nacional. Ataques incendiários contra maquinaria florestal, emboscadas a veículos particulares, ameaças a comunidades inteiras e a lembrança ainda latente do assassinato dos três policiais militares (carabineros) em Cañete mantêm sob tensão um território onde os conflitos reaparecem periodicamente e com diferente intensidade.
Várias novas figuras assumirão no novo ciclo da Câmara dos Deputados, portanto, conhecer sua visão sobre o tema torna-se chave para antecipar o rumo que a discussão tomará.
O estado de exceção constitucional —aplicado às províncias de Malleco, Cautín, Arauco e Biobío— foi decretado após anos de escalada de ataques armados, sabotagens, usurpações e destruição de infraestrutura crítica.
Segundo afirmou em novembro o ministro da Segurança Pública, Luis Cordero, desde 2022 cerca de 400 pessoas foram detidas e mais de 600 foram imputadas por sua suposta participação em organizações violentas.
Apesar disso, os episódios registrados nos últimos meses voltam a colocar sobre a mesa a mesma pergunta que se repete há quase quatro anos: o estado de exceção tem sido suficiente?
A VISÃO DE LILIAN BETANCURT
Uma das novas vozes que chegará ao Congresso em 11 de março de 2026 é Lilian Betancurt (PDG), deputada eleita pelo distrito 21. Para ela, retroceder não é uma opção enquanto não existir clareza sobre os grupos que operam na zona.
"O estado de exceção na macrorregião sul deve ser mantido, porque ainda não existe certeza quanto ao comportamento dos grupos que têm gerado atos de violência. Enquanto essa ameaça persistir, o Estado tem o dever de garantir segurança e tranquilidade", afirmou. Betancurt sustenta que a estratégia atual não esteve à altura: "O Governo ficou em débito com os cidadãos, porque os fatos continuam ocorrendo e o medo já ultrapassou todos os limites, especialmente após o assassinato dos policiais militares (carabineros) em Cañete".
Para ela, a chave está em fortalecer a inteligência policial, identificar os responsáveis e aplicar sanções efetivas. Adiantou que fiscalizará a atuação do Executivo nesta matéria.
JOANNA PÉREZ: "É NECESSÁRIO REFORÇAR AINDA MAIS"
A deputada Joanna Pérez (Democratas), que continuará na Câmara Baixa, concorda em manter a medida, mas ressalta que ela deve ser acompanhada por um fortalecimento institucional muito mais sólido.
"É necessário mantê-lo, porque apesar de estarmos nele, continuamos tendo atos incendiários e eventos terroristas. Isto demonstra que devemos reforçar a segurança, o trabalho das polícias e das Forças Armadas, especialmente em inteligência", analisou.
Pérez acrescenta que a justiça também deve acelerar seus processos: "É preciso trabalhar com o Poder Judiciário, porque os casos demoram demasiado. As famílias e as vítimas precisam de resultados logo".
PATRICIO PINILLA: "O EXCEPCIONAL TORNOU-SE PERMANENTE"
O deputado eleito Patricio Pinilla (PDC) opta por uma postura mais crítica. Embora esteja disposto a apoiar a continuidade da medida no curto prazo, adverte que ela não pode se transformar na única resposta do Estado.
"Já levamos quase quatro anos. O que era excepcional tornou-se habitual. Sim, alguns crimes violentos diminuíram, mas dois problemas continuam sem resolução: a sensação de insegurança da população e o freio ao desenvolvimento econômico", lamentou.
Em sua opinião, é urgente avançar rumo a novos mecanismos que permitam garantir segurança sem afugentar a chegada de turistas nem investimentos. Embora reconheça que por ora a medida deve ser mantida, ressalta que é necessário projetar alternativas mais sustentáveis e menos invasivas.
FLOR WEISSE: "NOSSA GENTE MERECE VIVER EM PAZ"
A deputada Flor Weisse apresenta uma posição que combina tanto o apoio à medida quanto o alerta para não perpetuá-la. "Nossa gente merece viver em paz, sem ameaças, sem ataques, sem violência e sem terrorismo. O estado de exceção foi indispensável para as sequências de ataques que vivemos, para diminuir o terrorismo que imperava na província de Arauco, mas isso ainda continua", pontuou.
No entanto, ressalta que a medida não pode se transformar na normalidade: "Chegado o momento, não podemos normalizar medidas extraordinárias. Quero que esta situação termine, mas quando existirem condições reais e duradouras de segurança e quando o Estado garantir um plano integral: quando destinar recursos, quando as estradas forem seguras e quando as famílias puderem retomar sua vida sem medo".
Weisse enfatiza que o desafio principal é recuperar a tranquilidade e reativar a produtividade e o turismo.
Atentados sob o estado de exceção Nas províncias de Arauco e Biobío, durante este ano foram reportados casos como: Ataque incendiário a uma residência em Cañete - 7 de dezembro de 2025.
Ataque armado e queima de maquinaria e caminhonete em Angol - 18 de novembro de 2025.
Queima de maquinaria florestal em Contulmo - 12 de novembro de 2025.
Ataque incendiário em Santa Bárbara - 20 de abril de 2025.
Fonte:La Tribuna
