O impacto positivo das TIMOs no setor florestal chileno
Nas décadas de 80 e 90, houve grande efervescência no setor florestal. Além das grandes empresas que impulsionavam o setor com novas tecnologias e metodologias, havia um grande número de médias e pequenas empresas, participava-se de feiras e seminários, e chegavam especialistas em produção, genética, viveiros e silvicultura que revolucionaram o setor florestal de plantações no Chile, explicou Alexis Waïner Arditi, engenheiro florestal pela Universidade do Chile, com pós-graduação em administração de empresas e filosofia, e sócio da Tripan.
Ele afirmou que a presença de mais atores impulsionava a criação de acordos, como a cooperativa de melhoramento genético, proteção contra pragas e incêndios, o grupo de produção e o modelo de simulação nacional, entre outros. Os avanços eram compartilhados em visitas de campo com a participação de muitos profissionais, que orgulhosamente mostravam seus progressos.
“Aos poucos, as empresas menores começaram a desaparecer, sendo absorvidas pelas grandes, e o número de encontros diminuiu. As empresas focaram na redução de custos, na implementação de softwares administrativos, e muitos dos benefícios que chegavam a um grande número de pequenas empresas, contratadas e pequenas indústrias começaram a diminuir”, destacou.
Em sua opinião, o cuidado com as florestas concentrou-se em menos atores, e também diminuiu o número de proprietários e agentes relacionados e preocupados com a proteção. O resultado: menos olhos vigiando, menos mãos cuidando e uma sociedade mais permeável à retórica ambientalista extrema, que, de forma habilidosa, progressiva e persuasiva, instalou uma narrativa falsa e muito prejudicial para o setor florestal baseado em plantações.
Há décadas, o surgimento das TIMOs (empresas de gestão profissional de patrimônios florestais para investidores florestais, do inglês “Timber Investment Management Organizations”) tem contribuído para diversificar a propriedade e gerar oferta de madeira para a média e pequena indústria, além de oferecer muitos postos de trabalho a profissionais com vasta experiência que, devido à redução de atores, ficaram sem emprego e podem contribuir muito para o desenvolvimento do setor florestal.
Razões da presença no Chile
Waïner explicou que as TIMOs investiram no Chile principalmente em ativos licitados por grandes empresas ou reciclando patrimônios existentes de outras, adicionando algumas áreas compatíveis com sua distribuição geográfica, mas sem ampliar significativamente a área plantada. “As florestas, especialmente as plantações, oferecem retornos atrativos e uma boa fonte de diversificação de risco de portfólio para o investidor institucional no longo prazo, em comparação com outros tipos de investimentos tradicionais, com os quais não estão correlacionadas. As TIMOs buscam oportunidades de investimento em florestas de rápido crescimento, próximas a consumidores industriais, e aplicam taxas de desconto para avaliação do negócio que refletem o risco em cada localização geográfica. O compromisso com o meio ambiente, a gestão social e a administração ética e transparente (‘boa governança’) é um componente essencial de sua filosofia de negócios”, afirmou.
Ele disse que as razões para escolher o Chile como geografia para seus investimentos podem ser resumidas no seguinte:
Espécies de rápido crescimento:Possuímos espécies de rápido crescimento, como Pinus radiata, Eucalyptus nitens e Eucalyptus globulus, que permitem obter retornos econômicos em um prazo mais curto. Além disso, essas espécies são resistentes à seca e solos pobres e são plásticas, adaptando-se a diferentes condições ambientais, desde o norte seco e com solos erodidos até o sul chuvoso.
Indústria florestal:Existe uma infraestrutura industrial próxima, madura e diversificada (tanto em mercados quanto em produtos finais), que assegura uma parte importante da comercialização da madeira. A indústria está amplamente distribuída no país, e as florestas podem adaptar-se aos consumidores mais atrativos e próximos.
Ambiente para investimento:O Chile ainda apresenta vantagens significativas de estabilidade legal e econômica em comparação com outros países da América Latina, permitindo projeções de médio prazo com um nível razoável de confiabilidade.
Econômicas:As florestas não leem os jornais financeiros e, mesmo nos momentos econômicos mais difíceis, não param de crescer, oferecendo o benefício da opcionalidade (cortar quando for o momento apropriado). Em um mundo onde as ideologias dominam a agenda de desenvolvimento, o crescimento do ativo depende fundamentalmente da espécie escolhida, do clima e do solo, independentemente das decisões políticas de curto prazo. Além disso, existe a possibilidade de ajustar a colheita à demanda e a bons ciclos econômicos.
Operadores locais:Existem operadores florestais locais com prestígio, experiência e conhecimento, nos quais é possível delegar com confiança a administração das florestas.
Contribuições ao setor florestal
Nesse sentido, ele destacou que atualmente estão presentes no Chile fundos de investimento dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Holanda, Brasil e outros países, que administram cerca de 200.000 hectares de florestas de rápido crescimento. Isso permitiu que contribuíssem para a inclusão de mais profissionais florestais, que ajudam na administração sustentável das florestas, aproximando a atividade florestal das comunidades e das pequenas e médias indústrias florestais. Suas contribuições podem ser observadas em várias áreas:
Indústria florestal:As TIMOs são hoje uma importante fonte de volume para os processadores independentes de madeira, especialmente no segmento de PMEs. As grandes empresas têm tido dificuldades para vender toras a esse segmento, devido à escassez causada pelos mega incêndios florestais de 2017 e 2023 e à situação de extrema violência na Região da Araucanía.
Ambiental e segurança:Praticamente todos os ativos florestais administrados pelos fundos possuem certificações internacionalmente reconhecidas e incorporaram áreas significativas que não estavam certificadas, provenientes de pequenos proprietários.
Social:É notável a aproximação com as comunidades onde atuam, com uma política de bons vizinhos, mais próximos de seus problemas, gerando uma relação de confiança em que as pessoas da empresa e das comunidades interagem cara a cara, com continuidade no tempo, resolvendo satisfatoriamente os problemas que surgem.
Econômico:A otimização detalhada do patrimônio faz com que se busquem e encontrem as melhores alternativas para os produtos florestais, que nem sempre estão presentes no planejamento das grandes empresas. Os investimentos florestais têm demonstrado baixa correlação com outros tipos de investimentos maiores. Poucos investimentos têm a habilidade intrínseca e comprovada de preservar o capital em fases de aumento de preços. Para investidores pacientes, o crescimento da população e do padrão de vida assegura um aumento sustentado na demanda global por produtos de madeira (refletido na demanda por produtos sanitários e indústria têxtil até fibra para a construção civil).
Probidade:As TIMOs, motivadas pelo mandato de seus investidores institucionais, geralmente têm um comportamento exemplar em questões de probidade, estabelecendo também um padrão em proteção ambiental, respeito aos trabalhadores, vizinhos e PPOO, e administração ética e transparente.
“Esperamos que a presença das TIMOs no país aumente no futuro, contribuindo com seu sistema de administração para colocar as florestas à disposição da sociedade, oferecendo produtos, bens e serviços produzidos de forma responsável e úteis para as pessoas”, concluiu.