Cerca de 10 mil hectares foram salvas no incêndio da pré-cordilheira
Hoje completam-se exatamente 14 dias desde que começou o incêndio denominado “San Patricio”, na pré-cordilheira da região de Ñuble, o qual consumiu 1.227 hectares de floresta nativa.
Durante a tarde da última quarta-feira, bombeiros de diferentes comunas de toda a região chegaram ao setor de Los Pellines, mais especificamente à fazenda “El Plan”, para realizar, principalmente, trabalhos de prevenção, com o objetivo de evitar que o fogo chegasse às residências.
O cerro Miñihué é o que preocupa as autoridades, pois o incêndio tem descido pela encosta. Logo abaixo, está o rio Chillán, e poucos metros adiante, as casas da fazenda “El Plan”. Durante a quinta-feira, cada casa do setor mantinha, pelo menos, um caminhão de bombeiros caso alguma fagulha atingisse as residências.
Mas o trabalho de extinção é realizado pelos brigadistas da Corporação Nacional Florestal (Conaf). Eles adentram a densa floresta nativa para tentar controlar o incêndio por via terrestre. Porém, a tarefa é complexa.
As íngremes encostas do cerro impedem até mesmo o acesso por terra. Eles precisam fazê-lo por helicópteros. De lá, descem até os focos ativos e desenvolvem seu trabalho, que muitas vezes se torna muito difícil devido às condições do terreno. Um incêndio nessas áreas do país pode durar semanas por isso mesmo: a topografia.
Recursos operacionais
Mas, apesar das complexidades, até esta quinta-feira havia mais de vinte recursos mobilizados em toda a área, o que permitiu que o fogo não consumisse residências nem continuasse afetando a floresta nativa do Corredor Biológico Nevados de Chillán – Laguna del Laja.
Concretamente, durante esta quinta-feira, os recursos estavam distribuídos em 13 brigadas terrestres, incluindo uma da região de Valparaíso, junto com três brigadas mecanizadas, para reforçar as operações em campo.
Os recursos terrestres e aéreos disponibilizados pela Conaf permitiram que cerca de 10 mil hectares de floresta nativa tenham sido salvos das chamas. Em grande parte, graças ao trabalho das aeronaves, junto com os brigadistas.
O diretor regional da Conaf, Juan Salvador Ramírez, explicou que “embora haja um relatório de pouco mais de 1.200 hectares afetados, é importante destacar que, se não tivéssemos chegado desde o primeiro dia com os recursos, facilmente 10 mil teriam sido consumidos”.
“Lamentamos profundamente a afetação da floresta nativa. Este é um incêndio topográfico, com ravinas abruptas, e o combate direto é muito difícil. O que queremos agora é que os bombeiros continuem nos ajudando na proteção das residências”, destacou Juan Salvador Ramírez, diretor regional da Conaf.
Os bombeiros também detalharam o trabalho que realizam desde quarta-feira, após a modificação do Alerta Vermelho e o perigo para as residências.
Carlos Navarrete, Comandante do Corpo de Bombeiros de Pinto e responsável pelas coordenações na emergência, destacou que o trabalho atual é de proteção.
“Apenas a proteção em caso de saltos de fagulhas. Os esforços estão concentrados na fazenda El Plan, onde há cerca de 50 casas. Chegamos durante a tarde de quarta-feira, mas anteriormente tínhamos rondas preventivas no setor”, mencionou.
Medo dos vizinhos
O incêndio parece descer descontrolado pelas encostas do cerro. É até assustador visualizar o fogo e a fumaça interminável que surge da floresta. É normal nesse tipo de incêndio, e os bombeiros já estão cumprindo o trabalho de proteção das residências, por isso esperam que nenhuma casa seja afetada.
Mas, mesmo assim, a preocupação dos vizinhos é latente. Rodrigo Bustos tem uma casa na fazenda El Plan. Nesse sentido, expressou sua “inquietação”, insistindo no reforço dos recursos. “O que exigimos das autoridades regionais dependentes do nível central de Ñuble e, em particular, do Senapred e da Conaf, é que disponibilizem efetivamente os recursos materiais e humanos que correspondem à declaração de alerta vermelho. A reação dos órgãos especializados tem sido tardia e apenas reativa”, explicou.
Outro vizinho, residente do setor, vê a situação com mais otimismo. “Tenho me surpreendido com o trabalho e aprendemos muito sobre como o incêndio é manejado e combatido. É preciso chamar a comunidade à calma. Vemos o fogo avançar, mas aprendemos que ele precisa avançar. As brigadas fizeram um trabalho incrível para que avançasse lentamente. Mais de 180 pessoas estão sendo abrigadas em nossas instalações”, explicou Marcelo Ruiz, diretor da Fundação Conserva Tu Bosque, que mantém uma área para que os brigadistas possam pernoitar enquanto realizam seu trabalho.
Fonte:La Discusión