Pedem investigação sobre possível "falta de coordenação" entre Conaf e Senapred em autorizações de queimadas agrícolas
Cerca de 400 foram as autorizações para queimadas agrícolas que a Corporação Nacional Florestal (Conaf) concedeu para a sexta-feira, 21, e sábado, 22, em meio a uma delicada situação climática que havia sido alertada pela Direção Meteorológica do Chile: na quinta-feira, 20, às 10h59, publicou um aviso prevendo ventos com intensidade de até 60 a 80 km/h, com rajadas de até 90 km/h para as regiões de Biobío e La Araucanía.
A isso somaram-se os alertas preventivos emitidos pelo Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres (Senapred), para essas mesmas áreas, advertindo, segundo relatórios técnicos da própria Conaf, sobre a chegada de ventos de leste (Puelche) a partir da noite de sábado, 22.
Nesse contexto, surgiram na região demandas para que se investigue por que, havendo esse prognóstico, as queimadas foram autorizadas. Isso, devido às diversas situações de emergência que ocorreram no fim de semana, com casas e até uma escola destruídas pelo fogo.
"Negligência grave"
"Aqui houve falta de coordenação. A Conaf e o Senapred têm que responder e assumir a responsabilidade, caso se comprove que os incêndios começaram pela reativação dos restolhos. Do Ministério da Agricultura para baixo, todos devem dar um passo para trás. Não se trata de um novo erro do governo, mas de uma negligência grave, que resultou em casas queimadas, causou evacuações e terror na população", disse o deputado Miguel Mellado (RN).
Além disso, há denúncias sobre indícios de suposta intencionalidade devido à presença de múltiplos focos em alguns incêndios, conforme indicado por empresas florestais, líderes agrícolas, entre outros, que pediram a investigação das causas das emergências que também obrigaram a evacuação de residências.
Por meio de um comunicado, a Sociedade de Fomento Agrícola de Temuco (Sofo) afirmou que "não se pode responsabilizar automaticamente as queimadas agrícolas, especialmente quando há antecedentes e indícios de possível intencionalidade".
A Sofo lembrou que as autorizações foram apenas para sexta-feira e sábado, e que "domingo e segunda-feira estavam completamente proibidos", o que não impediu que pessoas sem autorização tenham usado fogo para eliminar restolhos da colheita de cereais.
A Multigremial de La Araucanía, por sua vez, defendeu "uma investigação séria, exaustiva, transparente e rápida para esclarecer como esses incêndios começaram", apelando para que não se tirem "conclusões precipitadas". A Multigremial destacou a coincidência desses eventos com a detenção de Tomás Antihuen, acusado pelo assassinato de três policiais militares em Cañete há um ano.
Da Corporação Chilena da Madeira, o presidente do Departamento de Proteção Florestal, Ramón Figuero, pediu para evitar o uso do fogo, já que a temporada de pico de incêndios não terminou e, devido às poucas chuvas, o material combustível é extenso e está seco, além de convocar a denúncia de qualquer evidência de ação de terceiros.
Apesar disso, Aída Baldini, diretora executiva da Conaf, apontou os ventos, que ultrapassaram 100 km/h, como a principal causa da magnitude dos sinistros.
Fonte:El Mercurio