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Alejandro Pliscoff e a verdade por trás de sua saída do Senapred Araucanía: "Pediram minha renúncia"

Alejandro Pliscoff e a verdade por trás de sua saída do Senapred Araucanía: "Pediram minha renúncia"

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A jornada de quinta-feira, 20 de março, não era uma data qualquer nos escritórios regionais do Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres (Senapred) em Temuco. As condições meteorológicas —vento puelche, altas temperaturas e autorização de queimadas agrícolas— anunciavam um fim de semana complexo. Por isso, foi ativado o chamado “Botão Vermelho”, uma medida preventiva que alerta para o risco crítico de incêndios.

Mas, enquanto as equipes ajustavam os planos de emergência, de Santiago chegava um sinal contrário a toda lógica operacional: a diretora nacional do Senapred, Alicia Cebrián, ligou pessoalmente para o chefe regional, Alejandro Pliscoff, para exigir sua renúncia. O motivo? Oficialmente, uma “perda de confiança”.

Questionado pela Unidade de Investigação da Rádio Bío Bío, o ex-diretor regional respondeu de forma breve: “Pediram minha renúncia”, descartando assim que tenha sido uma decisão pessoal ou voluntária, como inicialmente indicado pelo Executivo.

Pliscoff havia assumido o cargo em 6 de fevereiro, após um processo de seleção pela Alta Direção Pública (ADP), e foi forçado a deixar o posto em pleno planejamento para a crise. Segundo informações coletadas por esta Unidade, a conversa com Cebrián sugeriu motivos alheios ao seu desempenho profissional. Apesar de uma avaliação positiva do seu trabalho, a diretora teria mencionado publicações em redes sociais vinculadas à sua identidade judaica, conforme explicaram pessoas que conheceram esses diálogos.

A decisão gerou tensão imediata na equipe regional, a ponto de funcionários do Serviço tentarem organizar uma mobilização na sexta-feira, 21 de março, apenas 48 horas antes que os incêndios afetassem as comunas de Traiguén e áreas vizinhas.

O Senapred não havia fornecido explicações públicas detalhadas sobre a saída de Pliscoff. No entanto, em resposta à Rádio Bío Bío, o órgão afirmou que a saída do funcionário “foi solicitada pela Direção Nacional, sendo aceita pelo funcionário na tarde do dia 21 de março”. Além disso, acrescentaram que a renúncia ocorreu “no contexto de condutas incompatíveis com a dignidade e a responsabilidade do cargo que um alto dirigente público deve representar”, especificando que o ex-diretor fez “postagens em um meio digital durante o horário de trabalho, usando linguagem distante do bom tratamento que todo funcionário público deve manter”. Segundo a instituição, não era a primeira vez que seu comportamento era questionado. Também destacaram que “o Senapred é uma entidade técnica, pluralista e transversal, e em nenhum caso houve discriminação com base em credo, origem ou religião”.

De fato, várias fontes indicaram que o assunto surgiu quando, no Executivo, tomaram conhecimento de documentos e publicações de Pliscoff relacionados ao conflito no Oriente Médio. Seu círculo próximo afirma que a decisão teria sido motivada por suas análises e opiniões favoráveis ao mundo judaico.

Portas adentro

Na quinta-feira, 20, às 18h, Pliscoff reuniu-se com sua equipe na sala da Unidade de Alerta Precoce (UAT) do Senapred na Araucanía. Ali, informou aos funcionários que precisava deixar o cargo por ordem direta da Direção Nacional. Apenas faltava uma integrante: Catedrin Savaria, chefe do Departamento de Operações, que atualmente exerce como substituta.

Pliscoff explicou aos mais próximos que a diretora nacional, Alicia Cebrián, junto ao seu chefe de gabinete, Felipe Riquelme, comunicaram-lhe a decisão. Ofereceram-lhe duas opções: apresentar uma renúncia irrevogável ou ser removido por vacância do cargo, o que poderia impedi-lo de participar de futuros concursos públicos.

Ele optou por apresentar sua renúncia antes das 17h de sexta-feira, com vigência a partir de 9 de abril, utilizando seus dias administrativos e férias acumuladas. No mesmo dia, os funcionários organizaram um almoço de despedida no segundo andar do prédio institucional na Rua Lagos 720, Temuco.

Reunião telemática

Antes do almoço, às 9h30 da sexta-feira, 21, os funcionários participaram de uma reunião virtual com a Diretora Nacional. Na ocasião, Alicia Cebrián reiterou que a saída de Pliscoff respondia a uma decisão sua por perda de confiança. Não deu mais detalhes, exceto uma frase breve: “Confiem em mim”.

O problema foi que, naquele momento, já se sabia que a diretora havia mencionado, no dia anterior, a existência de publicações favoráveis a Israel como motivo de sua decisão. Segundo as fontes consultadas, Pliscoff desconfiou que algo estava acontecendo quando percebeu acessos incomuns às suas redes sociais para revisar sua atividade.

Trajetória militar

Alejandro Pliscoff estudou no Instituto Hebreu de Santiago e manteve um compromisso ativo com o judaísmo.

Em 1º de fevereiro de 2025, solicitou sua saída do Exército, onde tinha o posto de tenente-coronel. Candidatou-se ao concurso público para chefe regional do Senapred na Araucanía cinco meses antes de assumir o cargo.

Durante sua carreira militar, foi destacado na Europa, foi diretor do Hospital Militar e, no momento de sua saída, atuava como chefe do Departamento Logístico da Direção Geral de Mobilização Nacional do Ministério da Defesa.

Em gestão de emergências, liderou ações durante a pandemia em Sarajevo (2020), participou do deslocamento de moradores do setor La Chimba em Antofagasta e foi chefe de planejamento da resposta ao incêndio de Santa Olga (2017).

Versão do Senapred: “Condutas incompatíveis com o cargo”

Questionados por este veículo, o Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres emitiu uma declaração oficial:

“Em relação à renúncia do ex-diretor regional da Araucanía, o Senapred informa que sua saída foi solicitada pela direção nacional, sendo aceita pelo funcionário na tarde do dia 21 de março”.

“É importante destacar que esta renúncia ocorreu no contexto de condutas incompatíveis com a dignidade e a responsabilidade do cargo que um alto dirigente público deve representar. Especificamente, tratou-se de postagens em um meio digital durante o horário de trabalho, utilizando linguagem distante do bom tratamento que todo funcionário público deve manter, o que resultou em seu desligamento. Além disso, não era a primeira vez que seu comportamento era alvo de observações”.

“Estes fatos, sem dúvida, distanciam-se dos valores que regem a missão do Serviço e, portanto, da função pública”.

O comunicado acrescenta que o Senapred é uma entidade técnica, pluralista e transversal e que “em nenhum caso houve discriminação com base em credo, origem ou religião”.

Por fim, destacam que as coordenações frente a emergências são realizadas em conjunto com os órgãos do Sistema Regional e que contam com funcionários preparados para assumir interinidades e manter a continuidade operacional do Serviço.

Fonte:BiobioChile


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