Após somar 500 ataques, contratantes florestais pedem que em seu último ano governo desarticule violentistas
Na quarta-feira, 26 de fevereiro, na comuna de Los Sauces, ao norte de La Araucanía, um atentado incendiário contra uma operação florestal destruiu quatro máquinas. O grupo de encapuzados que participou da ação também roubou duas caminhonetes que ainda não foram localizadas, mas que, em uma sequência habitual, serão usadas para cometer outros crimes e depois queimadas para bloquear estradas. O episódio violento se tornou o quarto deste ano na macrorregião sul e também elevou para 500 os casos registrados desde 1º de janeiro de 2014 em 55 comunas de quatro regiões.
Sobre isso, o gerente da Associação de Contratantes Florestais, René Muñoz, pediu ao presidente Gabriel Boric que "em seu último ano de gestão, concentre a segurança da macrorregião sul na desarticulação dos grupos violentistas". Embora o representante do setor reconheça que as ações violentas diminuíram desde a vigência do estado de exceção de zona de emergência, medida que em fevereiro ultrapassou mil dias, ele também considera que "falta maior eficácia" para localizar os integrantes dos grupos que continuam cometendo e reivindicando esses crimes.
Entre outras organizações que atuam na chamada "zona vermelha" e que reivindicam esses ataques está o grupo criminoso Resistência Mapuche Malleco (RMM), que opera dentro da comunidade de Temucuicui e cujo líder, Jorge Huenchullán, está foragido da justiça desde julho de 2021. Sob o nome de "sabotagens", também são reivindicados pela Coordenadora Arauco Malleco (CAM), a Weichan Auka Mapu (WAM) e a Resistência Mapuche Lafkenche (RML).
Da mesma forma, o setor de contratantes destacou que, dos atentados de 2025, um foi cometido em Los Álamos, na província de Arauco, ao sul de Biobío, e os outros três se concentraram em Los Sauces, na província de Malleco. "Isso nos parece inexplicável, porque é uma zona com muita presença militar e policial, inclusive com um destacamento do Exército na rota entre Lumaco e Traiguén", enfatiza Muñoz.
Caminhões florestais queimados somam 580
O meio milhar de atentados causou a destruição de 1.790 máquinas; entre elas, 580 caminhões florestais, 177 tratores florestais e 160 caminhonetes. Enquanto isso, o dano patrimonial chega perto de US$ 204 bilhões. Dos 500 ataques, 54% (271) concentram-se em La Araucanía; 34% (170) em Biobío; 8% (38) em Los Ríos e 4% (21) em Los Lagos. As comunas mais afetadas em uma década são Collipulli (48 atentados), Lumaco (42), Contulmo (40), Cañete (36) e Carahue (27).
99% dos casos foram judicializados
O advogado Rodrigo Ruiz, assessor das empresas contratantes florestais em ações judiciais, estima que 99% dos atentados foram investigados. No entanto, alerta que "em menos de 3% conseguiu-se prender os autores, levá-los à justiça e obter condenações".
Ele aponta que uma das dificuldades para maior efetividade "é o alto padrão probatório exigido nesses casos". Da mesma forma, acrescenta que "aqui não há apenas atos terroristas, disfarçados de reivindicações, mas também estamos diante de uma rede de associações ilícitas ligadas a usurpações, roubo de madeira e tráfico de drogas".
Ruiz lamenta que o maior efeito dos 500 atentados "seja o fechamento de empresas, a perda de empregos e o desvio de investimentos para fora do país".
Fonte:El Mercurio